segunda-feira, setembro 11, 2006

EFEITO KULESHOV!

Lev Kuleshov

Esse Blog recebeu vários e-mails pedindo que fosse mais específico quanto ao ganho de Alckmin ter ido pessoalmente a estrada esburacada e não ter apenas apresentado do estúdio as imagens, como as das outras estradas. Aliás, é o que Alckmin e Lula têm feito. No caderno Folha Ilustrada deste domingo, numa matéria sobre os programas eleitorais vistos por cineastas, está quase tudo dito lá. Lembro da passagem do controller de qualidade dos comerciais do Clinton, pelo Rio, em 1997. Foi apresentado a vários comerciais políticos. Pediu que fossem apresentados em português, para que não entendesse nada e visse só as imagens. E achou melhor o comercial em que o candidato era parte da cena que denunciava ou demonstrava. Esse foi o ganho de Alckmin na estrada. E em algumas demonstrações do que fez (excluindo o chavão da emoção a posteriori - testemunhal isolado - ou do sofrimento dos que não foram sorteados para as casas). Aproveitando a matéria da Folha, destaco os trechos abaixo. O primeiro trata da presença do candidato na cena. O segundo do caráter defensivo dos programas. E agregaria da matéria, uma a mais: a artificialidade dos testemunhais. Ora, se os candidatos - todos - vão para as ruas com ponto na lapela, não é possível que não consigam declarações realistas. Tem que ser ao mesmo tempo candidato e repórter. Depois se edita.
Folha de SP - trechos.

Efeito Kuleshov
"O maior problema para os candidatos é o "efeito Kuleshov'", diz Meirelles, citando o experimento de montagem conduzido pelo cineasta russo Lev Kuleshov (1899-1970). "Kuleshov pegou um fotograma de uma mulher com uma expressão neutra e montou-o entre duas imagens de um enterro. Ao projetar o resultado, a mulher parecia estar chorando. Depois, usou a mesma imagem da mulher entre duas imagens de um prato de sopa. O resultado é que ela parecia estar com muita fome. Conclusão: as imagens se alteram de acordo com o contexto em que estão inseridas, o "efeito Kuleshov'", conta Meirelles.Para o roteirista Di Moretti ("Cabra Cega"), "a estrutura narrativa absolutamente conservadora, sem ousadia, monótona e monocórdica dos programas" é o que afasta a atenção do espectador. David França Mendes ("No Caminho das Nuvens"), autor e professor de roteiros, avalia que "nenhum dos programas utiliza sequer os recursos mais banais da dramaturgia para provocar a curiosidade do espectador" e todos se aproximam das características do "filme chato, aquele que começa a dizer coisas que você não perguntou".

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