quinta-feira, julho 05, 2007

TRECHOS DO ARTIGO DE FELIPE GONZÁLEZ: A ACEITABILIDADE DA DERROTA!

O que fortalece a democracia!!!!!

El País.
1. Com freqüência, defendi a idéia da aceitabilidade da derrota como elemento essencial do funcionamento democrático. Costumava contrapô-la à alternância defendida pelos demais. Depois, fui refletindo em público sobre as atitudes dos que são incapazes de aceitar a derrota, afirmando quanto é fácil aceitar a vitória. O passar do tempo e a observação dos comportamentos me levaram a considerar serem mais complexas as implicações destas afirmações.

2.
Continuo acreditando, junto com meu amigo A. Prezowsky, que a aceitabilidade da derrota melhor define a democracia do que a alternância. Se não ocorrem razoáveis condições de igualdade de oportunidade entre as opções em jogo, a derrota poderia não ser aceitável de maneira legítima e estaríamos colocando em perigo a validez do sistema, porque se faria impossível o triunfo da alternativa de poder e esta teria a tentação de romper esse sistema.

3.
A importância para o funcionamento da democracia radica na expectativa que se gera no perdedor da contenda. Perderam, mas poderiam ter ganhado, o que ajuda a possibilidade de consegui-lo na próxima ou na vez seguinte. Esta expectativa mantém o grupo dentro do jogo, evita a tentação de ruptura e termina fortalecendo e validando o próprio sistema democrático.

4.
Os elementos que constituem a aceitabilidade da derrota, ou, se o preferirem, a razoável igualdade de oportunidades das forças em presença, são diversos, embora alguns sejam essenciais e outros, mais ligados às circunstancias. Uma clara divisão de poderes, por exemplo, é essencial. Se o poder judiciário atua de maneira enviesada em favor de uma opção política, pode desequilibrar gravemente as oportunidades. O mesmo acontece quando os meios de comunicação não tem um grau de pluralismo razoável e se concentram, de modo exagerado, em torno de uma das opções em jogo, ou quando se desequilibra dramaticamente o financiamento de partidos sem um marco regulatório capaz de impor certos limites.

5. O peculiar desta tese é que, quando alguém não sabe perder, são muito elevadas as possibilidades que tampouco saiba ganhar. Assim, os políticos que não sabem aceitar sua derrota, quando triunfam, fazem um uso abusivo do poder obtido. Diz-se que o poder sobre as suas cabeças e perdem o sentido da realidade ou de sua própria estatura.

Nenhum comentário: