segunda-feira, julho 09, 2007

ENTREVISTA DO CONSAGRADO POLITÓLOGO GUILLERMO O`DONNEL!

Personalização das campanhas é que desideologiza e despolitiza. Riscos das instituições frágeis.

La Nacion -Trechos.

1. - Fala-se de uma redefinição do que tradicionalmente conhecíamos como esquerda e como direita.
- Em minha opinião, postular o fim das ideologias é muito conservador e não estou de acordo com isso. O problema é que a crise de 2001 fez com que se conformassem "espaços", que é um excelente eufemismo para evitar dizer "partidos". Na prática, isso implica numa mélange de vários setores que convergem, basicamente, em torno de candidatos, e não de ideologias ou plataformas. Nesse contexto de confusão, em que muita gente com pensamento parecido está em "espaços" distintos, é impossível saber como e para que estamos votando. Fica confusa a representação e, como se trata de um alienamento produzido por una transação entre aliados táticos, leva ao quietismo. Por quê? Porque impede debater os grandes temas nacionais e fixar uma posição.

2. – Por quê?
- Porque esse tipo de governos por delegação e de decisão tem uma característica muito perigosa: quando chegam as épocas das vacas magras, que vem de maneira inevitável, não tem apoio institucional. Em outras palavras: não há um conjunto de instituições com poder, recursos e prestígio, a fim de que o país ande bem e com capacidade de contenção. A tarefa de erosão institucional faz com que não haja rede. Esta carência tende a provocar desmoronamentos drásticos. E minha preocupação aguda sucede porque esses desmoronamentos, como o que tivemos com Menem ou em 2001, são pagos não apenas pelos governos, mas também pelos países e, o que é pior, pelos mais pobres.

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