Trechos do artigo do catedrático em ciências políticas, Sami Nair (foto) em El País.
1. Em primeiro lugar, é preciso reconhecer a existência da crise, a nível não apenas nacional, mas também planetária. O economista Jacques Attali - que subestimava com grandiloqüência a crise há uns meses, fala agora do tsunami que se aproxima. Em segundo lugar, reconhecer que não se trata apenas de uma crise de financiamento, mas uma crise que já toca o coração mesmo da economia: empresas de construções, cadeias de comercialização.
2. Terceiro, entender que se trata de uma crise duradoura, tal como o FMI afirma – prevê no mínimo dois anos – e que não se vai poder solucionar com as receitas tradicionais do laissez faire liberal, mas que necessita de novos mecanismos, pós-liberais, que poderão incluir tanto ações reguladoras dos tipos de juros, a aceitação por parte dos governos da necessidade de déficits orçamentários e, até em alguns setores, nacionalizações imprescindíveis, como ocorreu na Grã Bretanha. Quarto, ter claro que esta crise econômica, financeira e de largo alcance também é uma crise geopolítica que exige a reorganização progressiva da relação de forças em escala planetária.
3. Há novos pólos econômicos que os Estados Unidos não podem controlar: China, Índia, Brasil, México e países emergentes da ASEAN, que estão de fato reorganizando o sistema comercial e produtivo planetário. Agora, ao contrario dos japoneses, europeus ou países do Golfo – cujos interesses e posicionamentos no dispositivo econômico internacional são cúmplices dos Estados Unidos – os países emergentes querem ter um peso no jogo mundial, porque, na globalização atual, suas vantagens comparativas (sobretudo a mão de obra barata e a ausência de políticas sociais) os favorecem.
4. Devemos colocar novas interrogantes, impensáveis há apenas duas décadas: como se vão inserir estas economias emergentes no capitalismo do século XXI? Que modelos de hegemonia vão prevalecer com a progressiva decadência da dominação ocidental sobre a economia mundial? Atualmente, o eixo dominante é uma aliança conflitiva, mas necessária, entre os Estados Unidos, a Europa, o Japão e os países do Golfo. Vai-se abrir esta aliança a China, Índia, Brasil e México. Qual será o preço social da abertura? E, no caso contrário, como irão reagir estes novos pólos de poder?
5. Em poucas palavras, estamos diante de uma crise mundial que não é somente a ponta do iceberg, mas que esconde uma importante reorganização geopolítica em que vencerão os que melhor saibam utilizar suas forças e administrar suas fraquezas.
1. Em primeiro lugar, é preciso reconhecer a existência da crise, a nível não apenas nacional, mas também planetária. O economista Jacques Attali - que subestimava com grandiloqüência a crise há uns meses, fala agora do tsunami que se aproxima. Em segundo lugar, reconhecer que não se trata apenas de uma crise de financiamento, mas uma crise que já toca o coração mesmo da economia: empresas de construções, cadeias de comercialização.
2. Terceiro, entender que se trata de uma crise duradoura, tal como o FMI afirma – prevê no mínimo dois anos – e que não se vai poder solucionar com as receitas tradicionais do laissez faire liberal, mas que necessita de novos mecanismos, pós-liberais, que poderão incluir tanto ações reguladoras dos tipos de juros, a aceitação por parte dos governos da necessidade de déficits orçamentários e, até em alguns setores, nacionalizações imprescindíveis, como ocorreu na Grã Bretanha. Quarto, ter claro que esta crise econômica, financeira e de largo alcance também é uma crise geopolítica que exige a reorganização progressiva da relação de forças em escala planetária.
3. Há novos pólos econômicos que os Estados Unidos não podem controlar: China, Índia, Brasil, México e países emergentes da ASEAN, que estão de fato reorganizando o sistema comercial e produtivo planetário. Agora, ao contrario dos japoneses, europeus ou países do Golfo – cujos interesses e posicionamentos no dispositivo econômico internacional são cúmplices dos Estados Unidos – os países emergentes querem ter um peso no jogo mundial, porque, na globalização atual, suas vantagens comparativas (sobretudo a mão de obra barata e a ausência de políticas sociais) os favorecem.
4. Devemos colocar novas interrogantes, impensáveis há apenas duas décadas: como se vão inserir estas economias emergentes no capitalismo do século XXI? Que modelos de hegemonia vão prevalecer com a progressiva decadência da dominação ocidental sobre a economia mundial? Atualmente, o eixo dominante é uma aliança conflitiva, mas necessária, entre os Estados Unidos, a Europa, o Japão e os países do Golfo. Vai-se abrir esta aliança a China, Índia, Brasil e México. Qual será o preço social da abertura? E, no caso contrário, como irão reagir estes novos pólos de poder?
5. Em poucas palavras, estamos diante de uma crise mundial que não é somente a ponta do iceberg, mas que esconde uma importante reorganização geopolítica em que vencerão os que melhor saibam utilizar suas forças e administrar suas fraquezas.
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