quinta-feira, abril 19, 2007

TRECHOS DO ARTIGO "O MEDO DO FUTURO"

DO HISTORIADOR E POLITÓLOGO ARGENTINO - NATÁLIO BOTANA! Argentina é a referência do artigo. Mas,...vale lá,e,..... vale cá!

1. Nesse início do século 21 a opinião pública vive no presente. Se sempre ocorreu assim, agora muito mais. Está se canonizando a atualidade como regra de ouro de nossas ações. Não é nítida a distância que separa a ótica estreita do dia a dia, da visão que vislumbra, com perspectiva ampla, a paisagem que virá. Esta fina linha separa as atitudes do governante de visão curta, da do homem de estado.

2. Essa visão é - desde logo - tributária da política. E quando a política atravessa um momento crítico, por incompetência ou desconhecimento da complexa trama do processo que denominamos globalização, então retrocessos se acumulam e as regressões se expõem revestidas com a máscara da novidade. Estes desajustes ruidosos se propagam hoje pela América Latina.

3. Isto que acontece é semelhante às atitudes fundamentalistas que surgiam durante o Renascimento, frente às revoluções científicas: voltar atrás para impedir o que virá. A esta gente haveria que recordar-lhe o "eppur si muove" de Galileu.

4. Este quadro requer simplificar de algum modo o campo das opções e encontrar a sintonia para despertar no eleitorado o apetite pelo futuro. Então, uma de duas: ou se aperfeiçoa nas oposições uma abertura que tenda a estabelecer coalizões, (hipótese longínqua hoje, dados os vetos recíprocos entre os pré-candidatos), ou bem a dinâmica eleitoral irá simplificando por si mesma estas ofertas, concentrando-as em uma que supere as restantes.

5. Ambas as hipóteses revelam a dificuldade do caminho. Não há que se enganar: uma classe governante para a qual o longo prazo se reduz a uma técnica de reprodução do poder hegemônico, gera uma política de costas para o futuro.

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