sexta-feira, abril 20, 2007

A DIREITIZAÇÃO DA CAMPANHA NA FRANÇA!

Abaixo, dois trechos do artigo de José Vidal-Beneyto, articulista de El País, - "A direitização do mundo". Inicialmente se apresenta os parágrafos de abertura que conceituam o que ele vai concluir. Em seguida narra o episódio de conflitos entre polícia e jovens na estação norte de Paris, que é apresentado como violência de gangs pela imprensa. Este Blog passa por cima desta descrição e vai direto aos parágrafos finais. Este Blog escolheu esse texto porque a overdose de cobertura da criminalidade e da violência, independente dos depoimentos dos intelectuais de plantão, termina por construir um ambiente distinto do que imagina parte da imprensa que destaca assim seu noticiário.

1. Um dos mais agudos pensadores espanhóis da questão social, o professor Tierno Galván, nos faz ver que a realidade não é algo no qual estamos, mas uma trama natural-social que produzimos como resultado de nossa prática. Esse resultado na sociedade midiática e de massa, é em boa medida, obra dos meios de comunicação. O âmbito eleitoral não escapa a regra. Jornais, rádios e o incessante martelar das televisões, empurrados pelas pesquisas de opinião, constroem uma realidade que não é a reprodução do sucedido, nem a antecipação do que vai a ocorrer, mas a matéria mesma do sucedido. Ou seja, o acontecer eleitoral organizado segundo as pautas dominantes. Entre elas e de maneira inesquivável a direitização do mundo atual.

2. ..................................

3. Não importa que o relato destes fatos corresponda mais ou menos ao acontecido (de fato a pessoa que tentou entrar no trem e desencadeou os conflitos, não foi um adolescente de cor, mas um branco de 35 anos que havia entrado legalmente na França e dispunha de documentação válida; não houve nenhuma menina com os braços cortados, nem mendigo agonizando e a meia noite não havia mais nada, pois as nove tudo havia terminado).

4. O importante é que a realidade midiática que existe por si mesma, havia relançado o tema da segurança publica à posição central da campanha eleitoral, o que gerou mais três pontos para Sarkozy nas pesquisas de intenções de voto. Foi tudo isso o resultado de uma confabulação da imprensa controlada pelos grandes grupos econômicos favoráveis ao candidato da direita? Frente ao simplismo desta hipótese conspiratória, a explicação mais convincente é a convergência entre as determinações estruturais. Neste caso a lógica midiática, com as dominantes ideológicas, e o direitismo com seus temas de predileção: o medo à desordem e a ameaça de insegurança.

Nenhum comentário: