sexta-feira, dezembro 26, 2008

AVALIAÇÃO DE GOVERNOS? OU AVALIAÇÃO DE PERSONAGENS?

É evidente que sempre que um governo vive uma situação excepcionalmente favorável, sua avaliação será sempre positiva. Coisas como o Plano Cruzado, enquanto durou, ou Plano Real, até as crises asiática e russa, são exemplos. Ou quando por coincidência governam em períodos extremamente favoráveis, como JK (além dos investimentos), que governou no ápice do Plano Marshall, ou mesmo Lula agora, empurrado pela onda internacional que começa a quebrar.
Ao contrário, em momentos de grave crise, os governos são arrastados por elas, mesmo que não tenham responsabilidade, e então suas avaliações desabam. Os mega-temporais no Rio-Capital em fevereiro de 1996 caíram na cabeça dos governos e governantes. Mas o personagem que vinha num processo ascendente de percepção, o prefeito, passadas as chuvas, a sua curva ascendente prosseguiu. Um ano antes era o mais mal avaliado do país. Semanas depois, o inverso. O governo era o mesmo e os feitos idem. Caíram os tapumes? Ou caiu a máscara negativa?

Numa situação de normalidade, o peso maior na avaliação dos governos é a avaliação dos personagens e suas circunstâncias. A capacidade comunicacional dos personagens, nessas circunstâncias, certamente ajuda ou atrapalha. Quando o personagem ganha a opinião pública, não há mídia que resista: é água ladeira abaixo, fogo ladeira acima. Quando não, se trava, especialmente no Brasil, uma batalha entre os gastos de publicidade dos governos e a mídia espontânea. Nesse caso raramente os gastos de publicidade resolvem.

Semana passada, o GPP, em pesquisa no Rio-Capital - que este Blog teve acesso - fez a mesma pergunta de avaliação dos serviços municipais e estaduais, educação, saúde, transportes, etc... as avaliações foram milimetricamente as mesmas, como se fossem a mesma coisa. Quando os serviços são percebidos de forma distinta e geridos por empresas com marca própria, as avaliações podem diferir muito (como os casos da Comlurb +60% e da Cedae +30%). Mas isso não significa a colagem a este ou aquele governo.

Na pergunta geral - quais são os serviços e investimentos melhores - os realizados pelo estado ou pela prefeitura, houve outro empate: prefeitura +37%, e estado +35%. Mas na avaliação dos personagens o governador obteve melhor resultado que o prefeito. Olhando os últimos meses, não pela aprovação, que são muito próximas, mas pela rejeição que se distinguem. Na verdade, na avaliação dos personagens, não são os governos e seus feitos que estão sendo avaliados, mas estes mesmos personagens, que por uma ou outra razão são percebidos como tais de forma diferente neste momento.

Importante sublinhar, e há exemplos para todos os gostos, tempos e situações, que as avaliações dos governos personificados ou, o que dá no mesmo, dos personagens governantes, que a popularidade/impopularidade/avaliações não são nem estáticas nem cumulativas e, portanto a reversão do quadro pode se dar a qualquer momento com fatos novos. O prefeito de Salvador abriu esta campanha - junho/julho - como um dos mais mal avaliados. Mas a campanha corrigiu a percepção sobre o personagem, embora o governo não tenha tido tempo para melhorar. E ele foi um grande vitorioso. Aliás, este fenômeno, as campanhas mudando as avaliações dos personagens, tem sido cada vez mais comum.

Uma eleição só avalia os governos nos casos extremos citados no início, para o bem ou para o mal. Nos demais casos, os avaliados serão os personagens e isso ocorrerá nas circunstâncias da conjuntura, ou das eleições que disputam. Tanto num como em outro caso, para sustentar ou para reverter, a assessoria que mais importa não é a de publicidade de governo, nem a de imprensa, mas a assessoria de imagem. Essa é que vale de verdade.

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