Trechos da entrevista com o politólogo italiano SERGIO FABBRINI!
Maquiavel já explicava que as democracias necessitam de resoluções e que a verdadeira tarefa não é anular quem as toma, mas sim ver como domesticá-lo. Isto é, como controlar sua autoridade.
1. Não conheço muito e sou muito prudente em relação a América Latina, mas vejo que vêm de um período de fortes instabilidades e incertezas, com crises econômicas e sociais que fizeram perigar o destino das democracias. Saíram desta fase, e isso é um mérito que é preciso reconhecer. Vê-se, também, que há insatisfações e muito a ser feito, a fim de equilibrar os dois termos da equação: governos fortes, que saibam governar e tomar decisões, e controles, no sentido de que estes governos não extrapolem os limites. Sabemos como é importante manter o governo sob controle. E, para mantê-lo sob controle, fazem falta Legislativos fortes e uma imprensa livre. É dificílimo manter o poder sob controle se não há liberdade de imprensa.
2. Atemoriza-nos o fato de que não houvesse alguém que tomasse decisões. Demos ao fascismo a resposta do “assembleísmo”. Antes, decidia um único indivíduo, agora 945 pessoas devem decidir: 630 da câmara baixa e 315 da câmara alta. Diante disto, tratei de compreender a figura do príncipe e aplicá-la às democracias européias e estadunidense. Obviamente, sendo italiano, tive que me alçar à altura do gigante, do maior de todos os estudiosos do príncipe, que é Maquiavel.
3. Ele explicava, já há muitos séculos, que as democracias – as repúblicas - como as chamava na época – necessitam de decisões. A verdadeira questão não é evitar o surgimento do príncipe, mas sim como conseguir domesticá-lo. Isto porque, quando não há um príncipe que decide (falamos de “príncipe” em termos republicanos, é óbvio), quem decide são os poderes ocultos; os grandes poderes econômicos, os setores do Estado, os serviços secretos, as corporações transnacionais. Se tiramos a superfície do príncipe, sabemos quem toma as decisões. Mas é preciso criar equilíbrios.
4. Sarkozy é um príncipe democrático. Blair e Merkel também o são. Prodi não é, porque precisa governar com nove partidos, que constantemente o condicionam. E o condicionamento do príncipe democrático não deve vir do interior de seu governo. É claro que é necessário haver um intercâmbio. Mas deve partir da oposição. Quando Prodi chega ao encontro com a oposição, já está cansado: teve de fazer nove negociações com quem o apóia. As democracias precisam, como já disse, de príncipes democráticos. Mas é importante não perder de vista o papel do Congresso como um mecanismo de controle em relação ao presidente, e o federalismo, a relação entre as províncias e o poder central.
Maquiavel já explicava que as democracias necessitam de resoluções e que a verdadeira tarefa não é anular quem as toma, mas sim ver como domesticá-lo. Isto é, como controlar sua autoridade.
1. Não conheço muito e sou muito prudente em relação a América Latina, mas vejo que vêm de um período de fortes instabilidades e incertezas, com crises econômicas e sociais que fizeram perigar o destino das democracias. Saíram desta fase, e isso é um mérito que é preciso reconhecer. Vê-se, também, que há insatisfações e muito a ser feito, a fim de equilibrar os dois termos da equação: governos fortes, que saibam governar e tomar decisões, e controles, no sentido de que estes governos não extrapolem os limites. Sabemos como é importante manter o governo sob controle. E, para mantê-lo sob controle, fazem falta Legislativos fortes e uma imprensa livre. É dificílimo manter o poder sob controle se não há liberdade de imprensa.
2. Atemoriza-nos o fato de que não houvesse alguém que tomasse decisões. Demos ao fascismo a resposta do “assembleísmo”. Antes, decidia um único indivíduo, agora 945 pessoas devem decidir: 630 da câmara baixa e 315 da câmara alta. Diante disto, tratei de compreender a figura do príncipe e aplicá-la às democracias européias e estadunidense. Obviamente, sendo italiano, tive que me alçar à altura do gigante, do maior de todos os estudiosos do príncipe, que é Maquiavel.
3. Ele explicava, já há muitos séculos, que as democracias – as repúblicas - como as chamava na época – necessitam de decisões. A verdadeira questão não é evitar o surgimento do príncipe, mas sim como conseguir domesticá-lo. Isto porque, quando não há um príncipe que decide (falamos de “príncipe” em termos republicanos, é óbvio), quem decide são os poderes ocultos; os grandes poderes econômicos, os setores do Estado, os serviços secretos, as corporações transnacionais. Se tiramos a superfície do príncipe, sabemos quem toma as decisões. Mas é preciso criar equilíbrios.
4. Sarkozy é um príncipe democrático. Blair e Merkel também o são. Prodi não é, porque precisa governar com nove partidos, que constantemente o condicionam. E o condicionamento do príncipe democrático não deve vir do interior de seu governo. É claro que é necessário haver um intercâmbio. Mas deve partir da oposição. Quando Prodi chega ao encontro com a oposição, já está cansado: teve de fazer nove negociações com quem o apóia. As democracias precisam, como já disse, de príncipes democráticos. Mas é importante não perder de vista o papel do Congresso como um mecanismo de controle em relação ao presidente, e o federalismo, a relação entre as províncias e o poder central.
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