sábado, agosto 18, 2007

DA SÉRIE: LÁ... COMO... CÁ! CUIDADO PARA NÃO NOS HABITUARMOS COM A MEDIOCRIDADE FEDERAL REINANTE!

Trechos do artigo - As Delícias do Caos - de Silvia Zimmermann del Castillo - La Nacion

1. Falamos, por exemplo, da insegurança crescente, da criminalidade descontrolada, da corrupção instalada, da pobreza acentuada, da televisão sempre pervertida. Caos ou desordem? De acordo com a teoria do caos, pode-se dizer que as condições iniciais, que provocaram esta situação, bem poderiam identificar-se na apologia do individualismo, no império da liberdade, na cultura do consumo.
2. De acordo com as leis desta matemática do complicado, os sistemas caóticos crescem em complexidade e, como a maioria dos sistemas vitais é caótica por serem imprevisíveis, a desordem será sempre mais provável do que a ordem.
3. Por isso, não nos deve surpreender que o individualismo exacerbado cresça na desordem da corrupção por cobiça; que a liberdade de expressão se desordene na insolência; a cultura do consumo, num desejo incontido; o desejo, no crime. E tudo, em pobreza estrutural.
4. Mas há uma boa notícia: a energia disponível do caos pode produzir novidades capazes de retificar a desordem, organizando-se a sim mesmo numa nova ordem.
5. O perigo está em que este alarmante segundo princípio da termodinâmica, segundo o qual no universo a energia não tem outro destino senão o de sua diminuição, a entropia alcance seu ponto de equilíbrio e não haja mais oportunidade para o caos, para o novo. O hábito é uma espécie de rendição e um mau indício de entropia. Já nos habituamos que a corrupção é a moeda corrente nos âmbitos empresariais e políticos, que a televisão está em mãos de comerciantes ambiciosos e sem escrúpulos, que lutam pelo rating como arma barata da insolência em nome da liberdade e que há os que patrocinam a insolência em nome do consumo e que o crime espera na curva de qualquer esquina.
6. Corremos o risco de que a desordem desperdice os últimos recursos do sistema até alcançar o máximo de entropia, incontestável medida de desordem como fim. Corremos o risco de queimar a energia da liberdade na combustão tóxica da libertinagem, que afoguemos as surpresas do caos na imobilidade de uma desordem densa e medíocre. Existe o perigo de que, habituando-se ao pior, esta Argentina que se enamorava de Prigogine já não saiba dar lugar à inteligência, ou seja, à justiça, à beleza.

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