segunda-feira, agosto 06, 2007

IGREJAS NEOPENTECOSTAIS: ANÁLISE DO SECRETÁRIO LETRADO DA CORTE SUPREMA ARGENTINA!

O Aluvião das Igrejas Pentecostais - trechos do artigo, publicada em La Nacion, de Enrique Tomás Bianchi. O autor é do secretario letrado da Corte Suprema de Justiça da Nação

1. O Brasil é o país com mais cristãos “pentecostais”, depois dos Estados Unidos. O que é o pentecostalismo? É uma corrente cristã, nascida nos EUA no final do século XIX ou começo do XX, cujos adeptos acreditam que o Espírito Santo pode baixar sobre eles e produzir efeitos tão espetaculares como os produzidos sobre os apóstolos, em Pentecostés. Seus atos de culto tem uma forte carga emocional. Em ambos os casos, crescem a um ritmo preocupante para o catolicismo e para as igrejas protestantes tradicionais. Isso acontece não apenas na América Latina; na África, demonstram também uma vitalidade surpreendente.

2. Há traços distintivos desta tendência: a guerra espiritual e a teologia da prosperidade. Primeiro: hoje, os católicos e protestantes clássicos não consideram ao pé da letra os demônios e os espíritos do mal. Exatamente ao contrário ocorre com o pentecostalismo, que resgata os "espíritos" das religiões africanas e americanas, os desafia como forças maléficas e os considera a causa de quase todos os males humanos.

3. Está claro que a isso se opõe a força do Espírito de Deus, que prometeu derrotar o mal e em cujo amparo o crente se sente protegido e já vencedor. O homem é, por isso, o campo de batalha da guerra espiritual entre os espíritos diabólicos e o Espírito Santo. A fé permite ao crente colocar-se ao lado de Deus e vencer o combate. Libertar-se é deixar de estar “possuído” pelo demônio.

4. Outro tanto sucede com a chamada “sanação”. O pastor pentecostalista condena os cultos de possessão brasileiros, o feiticismo vodu e a bruxaria africana, mas não da maneira displicente da mentalidade ilustrada, que vê nisso apenas superstição. Crê que esses cultos são vias efetivas para a ação do demônio, diante de cujos trabalhos se oporá a potência do Senhor. Por isso, se disse que o pentecostalismo se apropria mimeticamente dos conteúdos que condena. Essa plasticidade é uma das causas da expansão, sobretudo no seio das comunidades onde ainda pulsa o imaginário das religiões ancestrais.

5. Segundo: depois, está o tema da "prosperidade". A pobreza não aproxima a Deus. Bem ao contrário, a fé assegura a prosperidade e afasta o aperto, que é visto como obra de Satã. O grau de êxito econômico do crente é julgado como proporcional à intensidade de sua fé (que o leva a fazer oferendas). Um pastor próspero e uma igreja rica são indícios de uma forte fé. Certificam ao crente que está no bom caminho. O que existe no pentecostalismo é – segundo Jean-Pierre Bastian – a velha dinâmica de do ut des (dou para que me dês), função clássica da religião do sacrifício. É nesse contexto que se pode escutar frases como: "Me congreguei, «contribui com o dízimo e Deus me prosperou”.

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