1. Mais pesquisas publicadas, mais uma comemoração dos amigos de Lula e mais uma divulgação lúdica. As pesquisas sempre dizem mais no que tem por dentro, nos cruzamentos e nas séries que nas perguntas formais.
2. O eleitor, quando responde a uma pesquisa política, tem sempre na cabeça uma equação de primeiro grau: quem entraria em seu lugar? Mesmo longe da eleição. Um presidente ou governador/prefeito de grande Estado ou Cidade tem sua avaliação sempre relacionada com a alternativa a ele. E existindo essa alternativa, a carga da crítica aumenta, mesmo que essa alternativa fique calada. É como se o eleitor se sentisse como parte de uma força expressiva. É sinérgico.
3. As pesquisas - no que tem por dentro e nos cruzamentos - vão mostrando o governo Lula e Lula num processo de desgaste crescente, que ainda não se traduz em sua avaliação pessoal. É como se um edifício estivesse com rachaduras internas, mas as paredes onde elas estão fossem repintadas e por fora se vê um prédio sólido. Os sinais vindos das pesquisas são evidentes, tanto em relação a funções básicas de governo - saúde, segurança... - quanto ao comportamento do presidente (Vavá, etc...). Os analistas dizem: Lula resiste. Na verdade resiste externamente e faz água internamente.
4. A metástase de opinião pública, ou é impulsionada por uma explosão, ou se dá de forma progressiva. Por isso quando se publicam gráficos de pesquisa em série, pode-se notar as curvas de tendências. Por que o último ponto não é igual ao ponto do meio? Porque o processo de contaminação de opinião pública é progressivo. Lula vai se livrando dos problemas e jogando-os às feras: Delúbio, Dirceu, aloprados, Vavá... Mas novas rachaduras vão surgindo.
5. As últimas duas pesquisas nacionais - CNT e DEM - mostraram que o impacto do bolsa família é decrescente. Natural, pois quando se recebe pela primeira vez, se vibra. Mas meses depois se quer mais. Afinal 30 ou 50 reais não são o sonho de consumo de ninguém. Esta curva dos gastos assistenciais dos governos populistas é mais que conhecida. Vai se exaurindo no tempo. Hoje - garantidamente - as respostas cruzadas sobre a economia dão mais vitalidade ao governo Lula que o bolsa-família.
6. Os jornais dizem que os governadores - da base do governo - de outros Estados estão enciumados com os lançamentos do PAC no sudeste. Mas por que no Sudeste, deveriam se perguntar? Pelas razões acima, seja por reflexão, seja por intuição, seja por coincidência.
7. Se a oposição ler corretamente as pesquisas verá que este processo metástico já está iniciado desde 2005. Mas o edifício não cai sozinho em curto prazo se as rachaduras não aumentarem. Para isso a oposição deve conhecer as rachaduras e trabalhar sobre elas. E personalizar alternativas. Os governadores se inibem por sua condição. Se continuarem vão entrar novos personagens, por fora e o bom comportamento deles, será o desastre para eles em 2008.
8. O talento de Blair resistiu até o ponto que surgiu uma alternativa (David Cameron) hábil e contundente. Foi esta alternativa que ampliou as rachaduras. Sem ela não haveria Iraque que desmontasse Blair. As eleições de 2005 continham todos estes elementos. Diziam: - voto em Blair, mas estou doido para me livrar dele. É o que já dizem as pesquisas. Para leitores atentos.
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