Trechos da entrevista de Guilherme O'Donnel, doutor em Ciência Política, argentino que por muito tempo deu aulas em São Paulo. La Nacion - 10/12/08. Serve muito bem para o Brasil.
1. A base de tudo isso está numa forte tradição argentina de movimentos e de delegações. Não apenas o peronismo, em sua tradição histórica, mas também o radicalismo. Esta concepção de movimentos totalizantes leva a padrões de democracia de delegação, democrática porque as autoridades resultam de eleições razoavelmente limpas. Mas a idéia é que, uma vez eleito, o presidente ou a presidenta sintam o direito, não somente a obrigação, de governar segundo lhe parecer melhor, sem restrições institucionais.
2. Essas seriam simplesmente doenças impostas pelo regime democrático, que se deve procurar evitar, cooptar, anular, tornar o mais ineficaz possível, a fim de que o Executivo eleito decida o que parece melhor para o país, bem ou mal, em boa ou má fé. Essa forma de conceber o poder é intrinsecamente anti-institucionalista. Vale a idéia de que “eu ganhei e, então, tenho o direito de dirigir este país de acordo com o que me parece adequado e vocês, que perderam, só podem esperar as próximas eleições e ver se as ganham, e talvez tenham o direito de fazer as coisas sem consulta, como eu faço hoje”. O enorme desafio da política argentina é o de superar esta visão.
3. Todo partido ou toda coligação de partidos, esteja governando ou não, o que deveria fazer é coincidir em bases programáticas. Ouvimos todo o tempo frases de que se deve melhorar a qualidade institucional, combater a pobreza, que se impõe melhorar a distribuição da renda, são frases legítimas, mas vazias, quase lugar comum. Quem as diz não está dizendo nada.
4. Meu sonho seria que, nas próximas eleições, os partidos apresentassem programas. Quais são as grandes questões importantes para nós? Cinco ou seis. Acerca disso, vamos fazer a, b, c, d? Diretamente ou por intermédio do Legislativo. Meu sonho inclui tanto os que perderam quanto os que ganharam aceitem observatórios nos quais existam setores responsáveis da sociedade civil que observem e continuem assinalando os intentos reais de cumprimento ou não desses programas.
1. A base de tudo isso está numa forte tradição argentina de movimentos e de delegações. Não apenas o peronismo, em sua tradição histórica, mas também o radicalismo. Esta concepção de movimentos totalizantes leva a padrões de democracia de delegação, democrática porque as autoridades resultam de eleições razoavelmente limpas. Mas a idéia é que, uma vez eleito, o presidente ou a presidenta sintam o direito, não somente a obrigação, de governar segundo lhe parecer melhor, sem restrições institucionais.
2. Essas seriam simplesmente doenças impostas pelo regime democrático, que se deve procurar evitar, cooptar, anular, tornar o mais ineficaz possível, a fim de que o Executivo eleito decida o que parece melhor para o país, bem ou mal, em boa ou má fé. Essa forma de conceber o poder é intrinsecamente anti-institucionalista. Vale a idéia de que “eu ganhei e, então, tenho o direito de dirigir este país de acordo com o que me parece adequado e vocês, que perderam, só podem esperar as próximas eleições e ver se as ganham, e talvez tenham o direito de fazer as coisas sem consulta, como eu faço hoje”. O enorme desafio da política argentina é o de superar esta visão.
3. Todo partido ou toda coligação de partidos, esteja governando ou não, o que deveria fazer é coincidir em bases programáticas. Ouvimos todo o tempo frases de que se deve melhorar a qualidade institucional, combater a pobreza, que se impõe melhorar a distribuição da renda, são frases legítimas, mas vazias, quase lugar comum. Quem as diz não está dizendo nada.
4. Meu sonho seria que, nas próximas eleições, os partidos apresentassem programas. Quais são as grandes questões importantes para nós? Cinco ou seis. Acerca disso, vamos fazer a, b, c, d? Diretamente ou por intermédio do Legislativo. Meu sonho inclui tanto os que perderam quanto os que ganharam aceitem observatórios nos quais existam setores responsáveis da sociedade civil que observem e continuem assinalando os intentos reais de cumprimento ou não desses programas.
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