Trechos do artigo de Ignácio Sotelo (foto), catedrático de sociologia, no El País de 02/12/08.
1. “Pensar é fácil, atuar, difícil; mas o mais difícil é atuar seguindo nosso pensamento”, escreveu um Goethe que soube combinar a criação com a atividade político-administrativa. Se a ação se move no plano de uma política que persegue uma única preocupação, chegar ao poder e, quando o tiver alcançado, não perdê-lo, as complicações crescem exponencialmente, ao chocar com estruturas consolidadas de poder.
2. Nada é mais perigoso em política do que abandonar a via traçada para alcançar objetivos estabelecidos. Chega ao alto o político que, alheio a qualquer originalidade na ação ou no discurso, se tenha identificado por completo com o partido a que pertence, defendendo os interesses, mas também o estilo e os pré-julgamentos dos grupos sociais que representa. Nada prejudica tanto o político profissional como uma ação ou um pensamento fora do esperado, contra os que tendem a estar muito bem blindados.
3. A política se converteu, assim, ao âmbito do tópico e da rotina, onde desde um primeiro momento cabe excluir qualquer surpresa no discurso ou nos comportamentos. O mais grave é essa mesma atitude ter-se estendido à informação e aos comentários jornalísticos, que se movem também de maneira automática. Aumenta, nessas condições, a distância entre o que ocorre num mundo que se está mudando em alta velocidade e a avaliação coletiva que se tem disso.
4. A crise não rompeu porque os cidadãos a pé fizeram fila nos bancos para recuperar os depósitos; foram os bancos que, desconfiando uns dos outros, tornaram patente a crise. São os Governos, ou seja, os responsáveis pelo controle do sistema financeiro, sobre cuja solidez até a pouco não perdurava nenhuma dúvida, os que puseram em circulação as maiores suspeitas, ao anunciar garantias crescentes. Enquanto não se conheçam as causas, não há como recuperar a confiança e não cabe identificá-las dentro das coordenadas teóricas que impõem as relações de poder que estão desmoronando a olhos vistos.
1. “Pensar é fácil, atuar, difícil; mas o mais difícil é atuar seguindo nosso pensamento”, escreveu um Goethe que soube combinar a criação com a atividade político-administrativa. Se a ação se move no plano de uma política que persegue uma única preocupação, chegar ao poder e, quando o tiver alcançado, não perdê-lo, as complicações crescem exponencialmente, ao chocar com estruturas consolidadas de poder.
2. Nada é mais perigoso em política do que abandonar a via traçada para alcançar objetivos estabelecidos. Chega ao alto o político que, alheio a qualquer originalidade na ação ou no discurso, se tenha identificado por completo com o partido a que pertence, defendendo os interesses, mas também o estilo e os pré-julgamentos dos grupos sociais que representa. Nada prejudica tanto o político profissional como uma ação ou um pensamento fora do esperado, contra os que tendem a estar muito bem blindados.
3. A política se converteu, assim, ao âmbito do tópico e da rotina, onde desde um primeiro momento cabe excluir qualquer surpresa no discurso ou nos comportamentos. O mais grave é essa mesma atitude ter-se estendido à informação e aos comentários jornalísticos, que se movem também de maneira automática. Aumenta, nessas condições, a distância entre o que ocorre num mundo que se está mudando em alta velocidade e a avaliação coletiva que se tem disso.
4. A crise não rompeu porque os cidadãos a pé fizeram fila nos bancos para recuperar os depósitos; foram os bancos que, desconfiando uns dos outros, tornaram patente a crise. São os Governos, ou seja, os responsáveis pelo controle do sistema financeiro, sobre cuja solidez até a pouco não perdurava nenhuma dúvida, os que puseram em circulação as maiores suspeitas, ao anunciar garantias crescentes. Enquanto não se conheçam as causas, não há como recuperar a confiança e não cabe identificá-las dentro das coordenadas teóricas que impõem as relações de poder que estão desmoronando a olhos vistos.
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