A postura cívica dos dois contendores do último pleito eleitoral nos Estados Unidos da América do Norte é um exemplo que deveria inspirar todos os governantes da terra. As diferenças políticas foram colocadas num plano secundário em nome de um entendimento nacional que possibilite o enfrentamento competente e eficiente da crise. O debate exacerbado na busca pelo poder na maior nação do mundo não impediu a retomada do diálogo após a abertura das urnas, diante da gravidade da crise econômica que se abate sobre aquela grande nação.
O candidato republicano John McCain surpreendeu, logo após sua derrota, afirmando sobre Obama: "Ele foi meu adversário; hoje é meu Presidente", e, agora, demonstra grandeza quando pretende somar-se aos democratas para contribuir na luta contra a crise.
Nesta semana questionei da tribuna do Senado o fato de o Governo brasileiro não ter convocado ainda todas as forças vivas da nacionalidade para, de forma suprapartidária, constituir um comitê de crise reunindo especialistas de todas as origens com o fim de elencar as medidas mais inteligentes e eficazes no combate à crise e minimizar os seus efeitos sobre o povo brasileiro.
Não há como ignorar a necessidade de um pacto entre governos. É o momento para um pacto, inclusive no Brasil, entre as nossas forças vivas representativas da economia nacional. É hora de abandonar o egoísmo. Os interesses localizados devem dar lugar às prioridades da coletividade. A crise é global e, portanto, as soluções não podem ser isoladas e localizadas. É igualmente inconcebível que as atenções se voltem apenas para as vulnerabilidades do sistema financeiro.
A recessão já é uma realidade. A poderosa e organizada economia japonesa, por exemplo, já está em recessão. A Alemanha - principal economia da Europa - ingressa num período recessivo.
Em que pese o esforço do Governo Federal em ampliar a oferta de crédito na economia, uma pesquisa da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - revela que o acesso ao crédito não melhorou. Um dado em especial revelado pela referida pesquisa merece ser destacado: os bancos brasileiros estão cobrando juros excessivos e represando o dinheiro.
Nos Adiantamentos sobre Contrato de Câmbio - ACCs -, na semana de 29 de outubro a 04 de novembro, os juros cobrados pelos grandes bancos oscilavam de 6,3% ao ano (além da variação cambial), no caso do Bradesco, a 21,6% ao ano, do Itaú.
Vale ressaltar que essa modalidade de financiamento é tomada pelas companhias exportadoras, numa operação que envolve a tomada do empréstimo nos bancos e o posterior pagamento com o dinheiro proveniente das vendas no exterior. A média das tarifas nas linhas de capital de giro oscilava de 35,4% no Unibanco a 50,2% no Banco do Brasil. Fica aqui uma pergunta: o que explica a gritante diferença de taxas entre bancos, considerando que o custo de captação do dinheiro é o mesmo entre as grandes instituições financeiras?
Ouvi reclamos, nos últimos dias, que preocupam muito. O Governo anunciou a liberação de bilhões de reais para agricultura, e há agricultores distantes do crédito. Reclamam da burocracia, não conseguem os financiamentos de que necessitam.
A propósito, registro as legítimas reclamações dos avicultores do Paraná. Diante do anúncio do Governo de que bilhões de reais seriam disponibilizados para os exportadores do país, animaram-se e buscaram o crédito. Não tiveram qualquer facilidade. Na verdade não conseguiram chegar nem mesmo ao Comitê de Crédito do Banco do Brasil. Os próprios gerentes da instituição ficam numa posição desconfortável: não conseguem dar resposta aos clientes que os procuram.
O enfrentamento da crise exige competência, seriedade, equilíbrio e total transparência. Os entraves são inúmeros. É urgente reduzir os gastos correntes do governo e privilegiar os investimentos públicos na área de infra-estrutura. É imperioso igualmente reduzir as incertezas regulatórias para os investimentos, com o objetivo de promover a competitividade da economia. O governo não se preocupou em planejar, esquecendo de fixar uma agenda da produtividade e da inovação. O compadrio e o aparelhamento da máquina pública fizeram escola na gestão do presidente Lula.
A complexidade da crise financeira internacional impõe austeridade e o estabelecimento de um debate amplo sem conotação ideológica ou partidária. As lições do norte devem ser incorporadas à cartilha local para superar os óbices que estão postos a todas as nações.
O candidato republicano John McCain surpreendeu, logo após sua derrota, afirmando sobre Obama: "Ele foi meu adversário; hoje é meu Presidente", e, agora, demonstra grandeza quando pretende somar-se aos democratas para contribuir na luta contra a crise.
Nesta semana questionei da tribuna do Senado o fato de o Governo brasileiro não ter convocado ainda todas as forças vivas da nacionalidade para, de forma suprapartidária, constituir um comitê de crise reunindo especialistas de todas as origens com o fim de elencar as medidas mais inteligentes e eficazes no combate à crise e minimizar os seus efeitos sobre o povo brasileiro.
Não há como ignorar a necessidade de um pacto entre governos. É o momento para um pacto, inclusive no Brasil, entre as nossas forças vivas representativas da economia nacional. É hora de abandonar o egoísmo. Os interesses localizados devem dar lugar às prioridades da coletividade. A crise é global e, portanto, as soluções não podem ser isoladas e localizadas. É igualmente inconcebível que as atenções se voltem apenas para as vulnerabilidades do sistema financeiro.
A recessão já é uma realidade. A poderosa e organizada economia japonesa, por exemplo, já está em recessão. A Alemanha - principal economia da Europa - ingressa num período recessivo.
Em que pese o esforço do Governo Federal em ampliar a oferta de crédito na economia, uma pesquisa da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - revela que o acesso ao crédito não melhorou. Um dado em especial revelado pela referida pesquisa merece ser destacado: os bancos brasileiros estão cobrando juros excessivos e represando o dinheiro.
Nos Adiantamentos sobre Contrato de Câmbio - ACCs -, na semana de 29 de outubro a 04 de novembro, os juros cobrados pelos grandes bancos oscilavam de 6,3% ao ano (além da variação cambial), no caso do Bradesco, a 21,6% ao ano, do Itaú.
Vale ressaltar que essa modalidade de financiamento é tomada pelas companhias exportadoras, numa operação que envolve a tomada do empréstimo nos bancos e o posterior pagamento com o dinheiro proveniente das vendas no exterior. A média das tarifas nas linhas de capital de giro oscilava de 35,4% no Unibanco a 50,2% no Banco do Brasil. Fica aqui uma pergunta: o que explica a gritante diferença de taxas entre bancos, considerando que o custo de captação do dinheiro é o mesmo entre as grandes instituições financeiras?
Ouvi reclamos, nos últimos dias, que preocupam muito. O Governo anunciou a liberação de bilhões de reais para agricultura, e há agricultores distantes do crédito. Reclamam da burocracia, não conseguem os financiamentos de que necessitam.
A propósito, registro as legítimas reclamações dos avicultores do Paraná. Diante do anúncio do Governo de que bilhões de reais seriam disponibilizados para os exportadores do país, animaram-se e buscaram o crédito. Não tiveram qualquer facilidade. Na verdade não conseguiram chegar nem mesmo ao Comitê de Crédito do Banco do Brasil. Os próprios gerentes da instituição ficam numa posição desconfortável: não conseguem dar resposta aos clientes que os procuram.
O enfrentamento da crise exige competência, seriedade, equilíbrio e total transparência. Os entraves são inúmeros. É urgente reduzir os gastos correntes do governo e privilegiar os investimentos públicos na área de infra-estrutura. É imperioso igualmente reduzir as incertezas regulatórias para os investimentos, com o objetivo de promover a competitividade da economia. O governo não se preocupou em planejar, esquecendo de fixar uma agenda da produtividade e da inovação. O compadrio e o aparelhamento da máquina pública fizeram escola na gestão do presidente Lula.
A complexidade da crise financeira internacional impõe austeridade e o estabelecimento de um debate amplo sem conotação ideológica ou partidária. As lições do norte devem ser incorporadas à cartilha local para superar os óbices que estão postos a todas as nações.
Senador Alvaro Dias - 2º Vice Presidente do Senado, vice-líder do PSDB
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