sábado, novembro 15, 2008

2009: UM ANO DE TRANSIÇÃO? OU DE FRUSTRAÇÕES?

Ensina a prática política que os governos eleitos devem moderar as expectativas que criaram para vencer as eleições. De outra forma transformam-nas em frustrações em prazo curto. A imprensa, ansiosa por ter novidades, provoca os eleitos e estes, ingenuamente, vão vomitando projetos, obras e ações.
Esse ano de 2009 traz uma concentração muito mais que proporcional de expectativas políticas, a começar pela vitória de Obama. O simbolismo de sua cor e o contraponto com Bush exponenciam as expectativas em relação à política externa dos EUA e as compensações sociais internas.

Certamente as declarações e primeiras viagens de Obama extrapolarão essas expectativas. O discurso vai mudar, mas os soldados continuarão no Iraque e no Afeganistão e os falcões do pentágono continuarão comandando o jogo.

A crise financeira internacional - que já se transformou em econômica com a recessão generalizada no mundo desenvolvido - já está impactando o mundo pobre e em desenvolvimento. No Brasil, qualquer taxa de crescimento igual ou menor que 4% aportará desemprego na margem, criando um clima de insegurança entre os empregados.

No Brasil, os prefeitos eleitos extravasam seu otimismo. E os governadores torcem para que seu penúltimo ano não iniba a altura do vôo que esperavam com vistas a 2010. Lula terá que explicar porque seu otimismo não vingou.

Há tempo para a moderação. As receitas não repetirão 2008. Os protestos e greves crescerão. Afinal se podem dar tanto dinheiro para os banqueiros por que não para os trabalhadores, perguntarão estes?

É bom para todos - daqui e dalhures - recolherem a impulsão retórica dos vôos que pretendem, antes que os manetes fora de lugar não produzam desastres. Os que entenderem 2009 como um ano de transição, que pode entrar por dentro de 2010, terão vigor político e fiscal para avançar depois. Os que se entusiasmarem muito poderão ser empurrados para fora do tabuleiro do xadrez econômico e político.

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