terça-feira, junho 12, 2007

BOOM IMOBILIÁRIO

OMISSÃO DE GOVERNOS
Algumas, ou muitas, cidades brasileiras, lamentavelmente, não estão preparadas para aproveitar o boom imobiliário que já começa a acontecer em todo o país. Simplesmente, porque seus governos não querem ou não estão atentos aos pré-requisitos de suas responsabilidades.
DEMANDA REPRIMIDA
Tais requisitos de responsabilidade dos governos são aqueles que dizem respeito às questões de infra-estrutura (energia, saneamento, arruamentos) e demais planos que têm o poder de encantar os milhares compradores de imóveis, reprimidos ao longo de anos, que querem participar da festa do consumo habitacional.
INGREDIENTES
O volume de crédito imobiliário, combinado com o prazo concedido pelo agente financiador, mais o preço a ser pago pelo mesmo são ingredientes importantes para que as coisas aconteçam. É assim que acontece no mundo todo. Com ou sem boom imobiliário.
BLOCO NA RUA
Aqui no Brasil, além dos tais ingredientes econômicos, ainda convivemos com o temível risco jurídico, que aos poucos vêm sendo resolvido. Até porque é condição - sine qua non - para os agentes apostarem no negócio imobiliário. Como o custo do financiamento está ficando cada dia mais atraente para os compradores, o negócio agora é só botar o bloco na rua.
CADEIA PRODUTIVA
Junto com a construção dos imóveis toda uma cadeia de negócios e produtos vai atrás. E depois de prontos os imóveis entram para valer os setores do mobiliário, iluminação, cozinhas, artigos para decoração e assim por diante. É por isto que um dos índices mais importantes da economia americana é aquele que mede o desempenho da construção de imóveis. Ele mexe, como se vê, muito com vários setores da economia.
PARTICIPAÇÃO RIDÍCULA
O Brasil, como é pra lá de sabido, depois do fechamento do BNH a participação do crédito para a habitação no percentual do PIB, passou a ser ridículo em qualquer jargão. Menor do que 2%, gente. Isto significa que para comprar casa própria só com dinheiro disponível.
POSSIBILIDADE DE CRESCIMENTO
Observem o quanto o Brasil pode crescer neste fantástico mercado da construção de moradias, comparando o percentual do crédito para habitação em relação ao PIB de outros países selecionados.

Reino Unido = 80%
EUA = 75%
Espanha = 55%
França = 28%
Chile = 15%
México = 8%
Brasil = 2%

Se o país triplicar a relação ainda ficaremos abaixo do México. Que tal?

sexta-feira, junho 08, 2007

UM SÍMBOLO DO ATRASO

PRETENCIOSOS
Não tenho certeza, mas creio que são somente dois os estados brasileiros (PR e RJ)) que adotam o salário mínimo regional. Uma prova clara de que sempre há quem goste de se notabilizar e ficar marcado por certas atitudes pretensamente justas e humanas. Só que, neste caso, pelo atraso e pela estupidez.
OFERTA E PROCURA
Salário é igual a uma commodity. A qualidade também impera na formação do preço do possível contratado. O preço do salário varia, obviamente, de acordo com a oferta e a procura. E os benefícios adicionais concedidos pelos contratantes representam diferenciais importantes para inibir as trocas de empregos.
SERES CELESTIAIS?
Agora me respondam: como é possível que deputados saibam dizer qual o valor mínimo que as pessoas devem receber para trabalhar com carteira assinada? Que condições são essas que os fazem melhor do que o mercado? São, por acaso, seres celestiais que sabem quanto alguém deve receber pelo que faz, minimamente?
INIBIR A COMPETITIVIDADE
Pois foi exatamente isto que aconteceu no Paraná Depois de muita discussão o salário mínimo do PR foi fixado em R$ 457,00. E de nada adiantou as federações empresarias (que compõe os setores que realmente empregam na iniciativa privada) explicarem que isto não vai aumentar os empregos, mas inibir mais ainda a competitividade já pouco existente no PR.

Cometário de Max Gheringer na rádio CBN

"Existem muitos gurus que sabem dar respostas criativas às grandes questões sobre o mercado de trabalho. Aqui vai um pequeno resumo da entrevista com o famoso Reynold Remhn:

Pergunto: Ainda é possível ser feliz num mundo tão competitivo?

Resposta:
Quanto mais conhecimento conseguimos acumular, mais entendemos que ainda falta muito para aprendermos. É por isso que sofremos. Trabalhar em excesso é como perseguir o vento. A felicidade só existe para quem souber aproveitar agora os frutos do seu trabalho.

Segunda pergunta: O profissional do futuro será um individualista?

Resposta:
Pelo contrário. O azar será de quem ficar sozinho, porque se cair, não terá ninguém para ajudá lo a levantar-se.

Terceira pergunta: Que conselho o Sr dá aos jovens que estão entrando no mercado de trabalho

Resposta:
É melhor ser criticado pelos sábios do que ser elogiado pelos insensatos. Elogios vazios são como gravetos atirados em uma fogueira.

Quarta pergunta: E para os funcionários que tem Chefes centralizadores e perversos?

Reposta:
Muitas vezes os justos são tratados pela cartilha dos injustos, mas isso passa. Por mais poderoso que alguém pareça ser, essa pessoa ainda será incapaz de dominar a própria respiração.

Última pergunta: O que é exatamente sucesso?

Resposta:
É o sono gostoso. Se a fartura do rico não o deixa dormir, ele estará acumulando, ao mesmo tempo, sua riqueza e sua desgraça.


Belas e sábias respostas.

Eu só queria me desculpar pelo fato de que não existe nenhum Reynold Remhn. Eu o inventei. Todas as respostas, embora extremamente atuais foram retiradas de um livro escrito a 2.300 anos: o
ECLESIASTES , do Velho Testamento . Mas, se eu digo isso logo no começo, muita gente, talvez, nem tivesse interesse em continuar ouvindo.

Max Gheringer para a CBN".

quarta-feira, junho 06, 2007

MAR DE LAMA

Lendo o noticiário de hoje, me veio à memória um comentário de Franklin Martins, quando ainda atuava na TV Globo, dizendo alguma coisa mais ou menos assim: "Ora, todo mundo sabe que o governo Lula não é um mar de lama". Ele falava para desqualificar as suspeitas que surgiram, se não me engano, com a descoberta do esquema Waldomiro-Dirceu. Pois é... O tempo passou e Franklin, que já operava informalmente como assessor de imprensa do Planalto, assumiu finalmente sua real condição. E de lá para cá, não deu outra: foi só mar de lama.
Hoje poderíamos afirmar o oposto do que disse Franklin: "Ora, todo mundo sabe que o governo Lula é um mar de lama" (com exceção das oposições, é claro). Vejam o noticiário dos últimos dias, rememorem o que saiu na imprensa nos últimos três ou quatro anos e façam as contas:


1) Quantos amigos e parentes de Lula estão envolvidos em casos suspeitos?

2) Quantos colaboradores pessoais, da "cozinha" do presidente, foram acusados de crimes e outras ilicitudes?

3) Quantos ministros e outros altos cargos de confiança do governo federal foram afastados sob sérias acusações de irregularidades?

4) Quantos ministros atuais de sua Excelência estão tentando caminhar "no fio da navalha"?

5) Quantos aliados estratégicos de Lula estão neste momento sendo investigados pela polícia?


Sim, corrupção no Brasil sempre houve, mas nunca a ponto de transformar boa parte da cúpula do governo federal num caso de polícia. Não, não há precedentes para esse mar de lama em que estamos imersos desde 2003.

E não adianta muito a PF fazer uma operação espetacular atrás da outra. Cada nova operação apaga o impacto da anterior, já notaram? De sorte que os presos da operação imediatamente anterior são soltos e vão se acomodando no anonimato enquanto esfria a indignação do distinto público. Amanhã, ninguém vai lembrar mais de nada. E aí eles voltam.

Os escândalos sucessivos vão banalizando o escândalo e vão elevando o nível crítico da indignação. Se alguém desviou um recurso, isso passa a ser quase nada em relação a quem montou uma quadrilha para desviar recursos. Se alguém meteu a mão no dinheiro público, isso passa a ser um mero deslize em relação a quem deturpou a natureza de uma instituição colocando-a a serviço do crime. É como se a falta maior desculpasse a menor.

A espiral da impunidade vai, assim, rebaixando os critérios éticos e, inclusive, diminuindo a eficácia das sanções legais. Esse é o resultado objetivo da perversão da política e da degeneração das instituições promovidas pelo lulopetismo. Não é preciso grande esforço para concluir que isso não pode acabar bem.

Vai aqui um recado para os empresários (já que dezenove em cada vinte grandes e médios empresários acham que tudo bem, porque a economia vai bem, porque Lula não está fazendo besteiras nesse campo etc. e tal, devemos fechar os olhos para a esculhambação geral que o governo está promovendo em todos os demais campos da vida nacional). Atenção, meus caros: abaixo de certo nível de credibilidade das instituições políticas, a segurança jurídica despenca. E despenca de uma vez! Isso é praticamente inevitável, mesmo que a economia mundial e nacional vivam no sétimo céu.

O que estamos assistindo nos últimos dias são apenas os primeiros sinais da putrefação do governo. É razoável supor que haja mais, muito mais do que o está vindo a tona em virtude da impossibilidade de controle sobre todas as facções da Polícia Federal e sobre a imprensa e a mídia em geral.

Se existisse oposição no Brasil é óbvio que este governo já teria sido afastado. Mas mesmo sem oposição - ou com uma oposição jogando a favor do governo, pronta para salvá-lo na última hora - o governo Lula não tem como acomodar adequadamente a massa informe de interesses díspares que hoje compõem a sua base de apoio. Mais cedo ou mais tarde esse arranjo perverso - e perverso inclusive com os aliados, pois que são estes arrebanhados instrumentalmente, comprados com dinheiro, cargos ou outras prebendas para servir aos propósitos de um única organização - tende a ruir. Aí é que nós vamos ver, além do mar, a lama jorrando em múltiplas cascatas, as "Cataratas do Iguaçú" da imundice.

Antes, porém, eles tentarão "disciplinar" a Polícia Federal. Atuando seletivamente (sim, pois que até agora não sabemos a origem do dinheiro do falso-dossiê, nem o que faziam os homens de confiança de Lula na trama - assim como não temos notícia de nenhuma investigação que focalizasse as cabeças coroadas do PT envolvidas em irregularidades), a PF serviu aos propósitos do governo, sobretudo durante a campanha da reeleição, mas agora já começa a se transformar num problema.

Ah! sim, e eles também tentarão, de todas as formas, controlar os meios de comunicação. Mas depois da patacoada de Chávez, isso ficou um pouquinho mais difícil, não é mesmo?

De sorte que a "fórmula" lulopetista de poder, que parecia tão boa, pode não funcionar. Nisso tudo que está vindo à tona não há um dedo da oposição. O esperto Lula já se imaginava realizando o sonho dourado de qualquer governante autoritário: governar com uma 'oposição a favor'. No entanto... apesar de tudo, apesar dos bons ventos da economia mundial, apesar da grande popularidade do líder carismático, o arranjo vem fazendo água; ou melhor, lama.

PESQUISAS E DEMAGOGIA! Aqui... como... lá...!

Trechos da coluna dominical de Mariano Grondona em La Nacion: O Novo Nome da Demagogia!

1. O verbo adular provem do latim adulari, uma expressão próxima a acariciar e a adulterar. Este último verbo provem da raiz AL, ou seja, mais além de ou no latim - alter, outro. Seguindo esta pista etimológica poderia dizer-se que a adulação tem o efeito de alterar, de levar mais além de si mesmo, a quem o adulador adultera, primeiro sua própria imagem para manipular depois a vontade. Fascinado pelo adulador, o adulado - acredita -, e cai, a partir daí, baixo a influência de quem o manipula como um meio para seus próprios fins. As carícias do adulador corrompem a sua vítima, alteram a sua natureza.
2.
Quando Aristóteles tratou deste tema em A Política, distinguiu dois tipos de adulação, conforme o regime político. Nas monarquias os cortesãos inescrupulosos corrompiam o rei mediante as caricias da adulação. Nas democracias, cujo soberano é o povo, os políticos corrompiam o povo mediante as caricias da demagogia. Mas hoje os demagogos contam com um poderoso instrumento que os contemporâneos de Aristóteles não tinham: a capacidade de medir cientificamente os sentimentos e as preferências dos adulados. Hoje a terra fértil que nutre a demagogia é a proliferação de pesquisas.

3. Aristóteles elaborou dois tipos de discurso: o eXotérico - destinado ao publico em geral -, e o eSotérico, reservado a seus discípulos. Da mesma forma há que se distinguir dois tipos de pesquisas: a exotérica, que se exibe ao publico, e a esotérica, para uso reservado do cliente.
4. O objetivo das pesquisas exotéricas, é o marketing. Quando se pode apresentar com um mínimo de verossimilhança, uma pesquisa que favorece a um candidato este decide divulgá-la. Elas tratam de um exitismo, de um jogo de ganhador. O observador deve ter muito cuidado com elas.
5. As pesquisas esotéricas, são as que mais se aproximam da verdade. Mas só o cliente a conhece. Mas que efeito produzem sobre o político que a contrata?
6. O sociólogo Dick Morris, consultor a seu tempo de Clinton, distingue três tipos de políticos: o "idealista falido" que tem grandes ideais, mas não consegue comunicá-los ao publico; o "Idealista Astuto", que tendo grandes ideais consegue comunicá-los e que é o melhor dos políticos porque é o estadista capaz de guiar seu povo. E o pior político é o "Demagogo" que - ao contrário - não abriga nenhuma idéia própria, mas que para triunfar se limita a cultivar sem escrúpulos, o que o público deseja, usando as pesquisas esotéricas sem preocupação com a realidade ou o futuro. Quer governar em direção a seu próprio êxito apenas.
7.
Tanto o idealista astuto como o demagogo utilizam pesquisas esotéricas. Um para comunicar com eficácia seus ideais. O outro para manipular as massas segundo a arte perversa da adulação.

8. Idéias que hoje não atraem majoritariamente o público poderão atrair no futuro quando as fórmulas demagógicas mostrarem sua falácia. Mas no outro extremo da tipologia de Morris milita uma grande quantidade de políticos que se limitam a medir as pesquisas esotéricas para dizer à maioria, em cada momento, o que ela deseja escutar. Estes demagogos se dedicam exclusivamente ao curto prazo: prometem o que se deseja hoje. Quando o humor social muda eles mudam também.
9. Mas seu destino os espera, certamente, em longo prazo, que agora desdenham.

PESQUISAS!
Nenhum instituto de pesquisa na Argentina deu mais que 35% das intenções de voto para Macri, candidato a prefeito de Buenos Aires. Aliás, 35% só um e uma vez. Em geral Macri tinha um pouco menos de 30% das intenções de voto em todos os institutos. Abertas as urnas Macri obteve 45,6%. Com a palavra os institutos para explicar. Se é que dá para explicar.

Como sobreviver a um escândalo*

Meses atrás, Dick Morris - que se tornou conhecido por ter sido assessor de imagem de Clinton, ou marqueteiro, como se costuma chamar no Brasil - publicou seu quarto livro, "O Novo Príncipe" ("The New Prince"). Antes deste vieram "O Salão Oval", em 1997, "Vote.com", em 1999, e "Jogos de Poder", em 2002.
"O Novo Príncipe", ainda não publicado no Brasil, é leitura obrigatória para quem está no poder e sabe da complexidade que é a comunicação dos governos. Ela é muito mais difícil que o marketing eleitoral, mais delicada e mais sensível, por ocorrer dia a dia, todos os dias, e se inserir num universo extremamente diversificado de toda a mídia, de comunicação direta, de boatos, de opinião pública segmentada, de contracomunicação da oposição e dos insatisfeitos. Morris trata disso na parte 2 de seu livro, que chama "Governar".

A força de um escândalo é a sua importância política, ou seja, o quanto ele está vinculado às decisões de governo

Essa segunda parte se divide em 80 páginas e vários capítulos tratando de temas tão delicados como a necessidade de uma maioria cotidiana, exercício da liderança, agressividade ou conciliação, inércia burocrática, cuidar das costas/ controlar seu partido, cortejar a oposição, grupos de pressão, como arrecadar dinheiro e continuar sendo virtuoso, o mito da manipulação da mídia, como sobreviver a um escândalo etc. É este capítulo, "Como Sobreviver a um Escândalo", que me parece leitura obrigatória para todos os que acompanham com atenção a conjuntura das relações perigosas dos bingos e jogos eletrônicos na qual nos encontramos.
Morris inicia-o com uma assertiva: "Não há maneira de "ganhar" na cobertura de um escândalo. A única maneira de sair vivo é dizer a verdade, agüentar o tranco e avançar". E continua: "Depois, há que distrair a atenção do público sobre o escândalo, centrando-se em outros temas mais amplos de sua agenda". Se ele for ultrapassado.
O autor, a partir daí e com a vasta experiência junto à imprensa norte-americana no desencadeamento da divulgação de escândalos de todos os tipos, lembra que, quando se abre um escândalo, o repórter que o descreve tem munição guardada para os próximos dias e os editores fatiam a matéria, pedaço a pedaço, para produzir a cada dia uma nova revelação. Ou seja, de nada adianta querer suturar o escândalo com uma contra-informação no nascedouro da notícia, no veículo que a publicou, pois virão outras logo depois, desmoralizando a defesa. Sem esquecer que outros veículos entram para concorrer com fatos novos.
A chave, para Morris, é não mentir. Para ele, o dano de mentir é mortal. "Uma mentira leva à outra, e o que era uma incomodidade se aproxima da obstrução criminal da Justiça." Ele sublinha que a força de um escândalo é a sua importância política, ou seja, o quanto ele está vinculado às decisões de governo, pois as pessoas perdoam muito mais facilmente aqueles fatos que não têm relação com o ato de governar, como escândalos privados, de sexo, amantes, drogas... Morris diz que é sempre bom olhar e pesquisar bem a reação final do público em relação ao acusado. "Se os eleitores se mostram verdadeiramente escandalizados com o que dizem que você fez, é melhor que não tenha feito. Roubar dinheiro quase sempre não se perdoa."
Em outros tipos de escândalo, os eleitores se mostram menos intransigentes, mais suaves e compreensíveis. Ele divide a reação dos eleitores por faixa de idade. Os mais velhos são quase sempre os menos tolerantes com os escândalos de qualquer tipo. Os de idade intermediária, nascidos nos anos 50, tendem a ser mais flexíveis, especialmente com escândalos ligados a droga, sexo e outros tipos de comportamento privado. Os eleitores de 20 a 30 anos são conservadores, mas pragmáticos, e querem saber mesmo é da vida que suas próprias famílias levam, fixando-se mais no caráter da pessoa do próprio governante. Portanto, além da complexidade ao enfrentar um escândalo, a comunicação de governo sobre o que está ocorrendo deve ser, pelo menos, etariamente segmentada.
Da leitura de "O Novo Príncipe", especialmente da parte 2 e do capítulo sobre escândalos, uma conclusão pode se tirar para a nossa conjuntura: ou as autoridades de primeira linha do governo nada - absolutamente nada - têm a ver com as "waldomiralhas", ou o jogo está perdido. Se estiver perdido, e à medida que a pessoa presidencial nada tem a ver com isso, é bom que eventuais responsáveis sejam de fato -e não pró-forma- afastados de qualquer convivência governamental, por traição de confiança. Caso contrário, o próprio governo será contaminado e terá perdido precocemente a batalha de opinião pública e, conseqüentemente, a batalha política. Por exemplo: nenhum presidente sul-americano tem os deveres de casa econômicos tão bem feitos quanto o do Peru - reservas, inflação, crescimento - e, ainda assim, nenhum é tão mal avaliado quanto ele. O governo peruano se desfez numa ampla diversidade de escândalos, que passou por camas, drogas e outros quesitos. Eles foram sendo perdoados, até que chegaram aos cofres e foram empurrados como os escândalos anteriores. Nesse ponto o governo acabou: não podia, ou não queria, falar a verdade.
É recomendável aos governantes a leitura de "O Novo Príncipe". Custa menos e vale mais do que a maioria das assessorias e consultorias de publicidade, que ganham muito e produzem pouco para a imagem dos governos.

Cesar Maia, 58, economista, é prefeito, pelo DEM, do Rio de Janeiro.

*ARTIGO PUBLICADO NA IMPRENSA E REPRODUZIDA NO BLOG – ANTES DE SER EX - DOIS ANOS ATRÁS! COMO SOBREVIVER A UM ESCÂNDALO!

DA SÉRIE: AQUI... COMO LÁ...: A POLÍTICA É IMPIEDOSA COM A MORAL!

Trechos do artigo da psicanalista argentina SILVIA BLEICHMAR, autora de Dolor País, publicado em La Nacion.

1. Já se sabe: a política é impiedosa com a moral. Mas isso é assim, não porque todo mundo seja corrupto, mas porque, mais além da corrupção, que parece inerradicável, e na qual se envolve grande parte da corporação política de diversos signos e ideologias, as decisões de poder, em seu caráter pragmático, obrigam a escolha de ações regidas pelo que se considera necessário, contra aquilo que se concebe como correto.

2. A partir da diferença entre corrupção e imoralidade, se perfila um aspecto da política e da vida que deve ser levado em conta. Há atos que não são necessariamente corruptos, mas são imorais, porque quem os exerce sabe que não estão sob a opção que consideram válida e que os deixaria em paz com suas consciências.

3. Não há duvida de que os atos de corrupção seguem minando nossa confiança nas instituições e nas decisões que o poder tomará sobre eles. Mas a imoralidade com a qual se estabelecem algumas alianças políticas às vezes não deixa perceber a voracidade econômica dos que dela participam. Transparece como um afã de poder que, em seu movimento mesmo, deixa inertes a quem se vê por ele capturado.

4. De ai o pudor que sentimos, esse sentimento que surge após a exibição de um ato imoral. E vemos as idas e voltas com as quais alguns setores exercitam esse jogo, mediante o qual negociam lugares e postos em função da perspectiva eleitoral, como se o acesso à função pública fosse um premio de loteria ou bingo. E o fato de que se nos degrade - em muitos programas propostos - de nossa condição de cidadãos a aquela de "vizinhos", não se dando conta, das verdadeiras necessidades que nos atravessam, cortando as propostas dos nexos que as determinam, ou escamoteando as condições que levam a uma ou outra escolha daqueles programas de governo. Disfarçam de forma sistemática com as idas e vindas - sorrindo - que realizam pelos bairros.

5. E é também aqui onde a política deveria ser restituída em sua função de princípios, como exercício da cidadania e não como puro mercadeio. Porque o problema não está só em que a mentira esteja disfarçando a verdade, mas que venha a surgir exercícios que impossibilitem - não só o engano de outros, mas o auto-engano - que lhe dá sustentação.

terça-feira, junho 05, 2007

CENAS DO COTIDIANO DO NARCOVAREJO NA ZONA SUL DO RIO!

1. Na madrugada do dia 29 de maio de 2007, terça-feira, por volta de 01:00h, marginais utilizando um veículo Van invadiram o Morro Chapéu Mangueira, Leme, pela Ladeira Ary Barroso, com o objetivo de assumir o controle do tráfico de drogas local, até então sob o domínio do traficante "CARLÃO" da Facção Comando Vermelho, "CV".
2. O líder invasor é o traficante Ricardo, vulgo "CAGÃO". Nascido e criado no Chapéu Mangueira, onde ainda moram seus familiares. Foi expulso de lá pelo tráfico da localidade, refugiando-se no Morro do Vidigal, Leblon. Agora "CAGÃO" retornou ao Chapéu Mangueira apoiado por traficantes do Vidigal.
3. O apoio para a invasão foi dado pelos traficantes do Morro do Vidigal, da Facção Amigo dos Amigos, "ADA".
4. Até aqui a invasão está consolidada, ou seja, a facção "ADA" assumiu o Chapéu Mangueira.
5. Até a "famosa" invasão da Rocinha, todas as favelas Zona Sul estavam sob "o domínio" de traficantes do "CV". Após a tentativa de retorno do traficante "DUDU", que fora expulso da Rocinha e do racha no "CV", os traficantes locais aderiram ao "ADA". Desde então a Zona Sul passou a ter os mesmos problemas de conflitos de facções existentes em outras áreas do Estado do RJ. O "ADA" está se expandindo na Zona Sul. Da Rocinha estendeu seu domínio para Vidigal, Chácara do Céu e Parque da Cidade. Agora, aproveitando o conhecimento do traficante expulso assume o Chapéu Mangueira.
6. Estabeleceu-se nova área de conflito até que haja um domínio efetivo (estável) da região. Há, em curto prazo, a possibilidade de novos conflitos no Chapéu Mangueira. A tendência é que as favelas na periferia do Chapéu Mangueira, entre as quais Pavão-Pavãozinho, Cantagalo, Ladeira dos Tabajaras, todas sob a liderança do "CV", deverão se unir visando a retomada das "bocas de fumo" do Chapéu Mangueira.

ANTHONY GIDDENS FALA DAS TRÊS FONTES DE MAL-ESTAR PÚBLICO NO REINO UNIDO E QUE BROWN -O NOVO PRIMEIRO MINISTRO- TERÁ QUE ENFRENTAR!

1. São principalmente três estas fontes de mal-estar público. A primeira é o dano que fez ao partido (Labor) o "spin", ou seja, a manipulação informativa. Nos primeiros anos do governo Blair se criou uma nova imagem para o "Labor" como se fora um produto comercial. Foi uma tática que resultou contraproducente. Muita gente deixou de acreditar nos dados aos quais recorre o governo para demonstrar seus logros. Brown terá que se afastar do estilo de sofá empregado por Blair, no qual no qual vários assessores designados a dedo, como o seu conselheiro de imprensa, gozam de mais poder que a maioria dos ministros.

2. O segundo motivo deste desencanto da opinião pública, é que o Governo leva já muito tempo no poder. O que é muito conhecido aborrece. Muitos começam a pensar que "já é hora de dar uma oportunidade aos outros", como ocorreu e m 1997 com Blair. Brown tem que reagir com uma avalanche de idéias novas. Deve ter uma visão sobre o futuro do país que possa inspirar os eleitores. Novas políticas farão falta.

3. Em terceiro lugar está o problema do qual não se quer falar: o Iraque. O desastre do Iraque custou a Blair grande parte de sua popularidade.

AZNAR LÍDER DO PP-ESPANHA

Trecho da entrevista no Estado de São Paulo.

ESP- A centro-direita tem obtido seguidas vitórias eleitorais na Europa: França, Alemanha, agora Espanha. Isso é uma tendência importante?
AZNAR- Isso é resultado do debate das idéias, que é fundamental, no qual desejamos que prevaleçam as idéias de liberdade. A Europa, é evidente, está caminhando rumo à centro-direita. Os princípios do mercado, da responsabilidade, do mérito, da capacidade, das reformas, tudo isso está renascendo na Europa. Felizmente.

MAIO DE 1968!

Uma das afirmações feitas por Sarkozy na campanha eleitoral foi sobre a necessidade de se acabar com o ciclo de idéias de maio de 1968. Tenho recebido vários e-mails perguntando sobre o que significa isso. O que Sarkozy quer dizer com esta afirmação é a crise de hoje se dá em função dos valores de maio de 1968, e é provocada por quatro aspectos mais importantes:

a) valorizar a diferença em detrimento da tradição.
b) valorizar a autenticidade e não o mérito.
c) valorizar a diversão e não o trabalho.
d) valorizar a liberdade ilimitada no lugar da liberdade limitada pela lei.

Com maio de 1968 se entrou numa ideologia do espontâneo, na valorização da expressão de si mesmo, da autenticidade, da criatividade por si e a rejeição as heranças e as raízes do passado, da historia, da família.

PESQUISA DÁ AMPLA MAIORIA PARLAMENTAR A SARKOZY!

Le Nouvel Observateur
A UMP passaria de 350 + 9 (próximos) deputados de agora, para 410 a 450 (de um total de 555 na França metropolitana), segundo uma pesquisa IFOP publicada no Paris Match e realizada pelo telefone, dias 24 e 25 de maio, com 931 adultos. O partido teria 41 % (+4) dos votos. O PS ganharia de 90 a 130 (de 149 atuais), com 27,5 % (-0,5) de votos. O Modem de François Bayrou teria 12 % (-2), fazendo de 0 a 6 deputados. Os verdes fariam de 0 a 2 (3 atualmente), o PCF de 6 a 10 (21 agora) e o MPF se manteria com 2. 5 % não se pronunciaram.

O QUE DIFERENCIA HOMENS E MULHERES NA COMUNICAÇÃO POLÍTICA!

Artigo recente do professor Damián Fernández Pedemonte - professor e decano - de Análise do Discurso da Universidade Austral : O DISCURSO PÚBLICO E AS MULHERES! Trechos selecionados por este . Professor procura entender no artigo, as razões da ascensão política a chefe de governo, das mulheres em diferentes países.

1. Entre alguns cortes diferenciadores do modo de comunicação feminino, a especialista norte-americana Deborah Tannen assinala que as mulheres tendem a manifestar os problemas para compartilhar experiências. Quando dizem - eu sinto, ou concordo - na maioria das vezes, com estas expressões estão mantendo o vínculo, que, segundo "elas" , qualquer conversação estabelece. Tannen afirma, que estas e outras peculiaridades discursivas se entendem segundo a hipótese de que revelam a maneira, a diferença dos homens, que tem as mulheres de perceber a vida social.

2. No âmbito público, o homem se entende como um sujeito que se enfrenta a uma ordem social hierarquizada, e tem como ideal a independência e estabelece relações assimétricas guiadas pela concorrência e pelo conflito. A mulher - ao contrário - se entende como um sujeito em meio a uma rede de conexões: aspira o fortalecimento das relações que geralmente percebe como simétricas, entre semelhantes.

3. Levada ao âmbito público, a metáfora do coro vocal, permitiria uma compreensão do debate, muito diferente da mais freqüente metáfora (masculina) da contenda. No discurso (comunicação política) do homem, estão presentes as interrupções, caracterizadas pelo fato de que com elas se aceita uma hipótese ou se muda abruptamente de tema. Por outro lado há a superposição cooperativa das mulheres. Assim é: as mulheres não costumam interromper, mas justapor-se ao que o outro diz, de forma solidária, para apoiar seu ponto de vista ou para mostrar empatia. Ou seja: não para exercer um poder como os homens, mas para estabelecer uma relação, guiada pelo seu grande compromisso com a palavra de outrem.

4. Estar continuamente alerta a tudo o que se relaciona com o espaço de poder, é para os homens uma conseqüência lógica de entender a organização social desde um marco de interpretação agonístico, no qual a vida consiste em uma série de contendas nas quais se põe a prova a fortaleza de cada um contra os que querem impor-lhe a sua vontade. Os homens vivem num mundo em que o poder provém da ação individual de uns contra os outros. Para as mulheres, ao contrario, a comunidade é a fonte de poder. Uma comunidade que se constrói com a comunicação como o revela a raiz comum das palavras que usam.

ESQUERDA EUROPÉIA VIVE CRISE POLÍTICA, ELEITORAL E DE IDENTIDADE!

Partidos ditos de esquerda perderam as eleições na Alemanha e agora na França. Perderam a hegemonia política no Reino Unido. Blair caiu e os Tories devem vencer a próxima eleição. PP ganhou as eleições municipais de domingo na Espanha com seu melhor resultado em municipais de toda a história. Partido de Berlusconi ganhou as municipais de domingo na Itália, varrendo o partido de Prodi no Norte da Itália.

TENDÊNCIA ALARMANTE

Diz no artigo - A IMPRENSA NA AMÉRICA DO SUL NA MIRA - da colunista Inês Capdevila do La Nacion! Trechos!

1. Na América do Sul, nas últimas décadas, as relações entre governos e imprensa sempre foram sinuosas. Hoje, os governos adotam cada vez mais a confrontação como estratégia. As táticas têm diferentes facetas. Uma é o hermetismo do governo de Bachelet. Outra é a ironia do governo de Lula. E a guerra declarada de Hugo Chávez à imprensa, caminho seguido por Evo Morales e Rafael Correa. Os governo compartilham uma visão dos meios de comunicação: para todos a imprensa é um rival. Nos países da região mais acossados por crises institucionais ela é o adversário que substitui a oposição política, quase um inimigo.

2. A imprensa não é para Bachelet um inimigo a combater. Mas é, em todo caso um contrincante pouco confiável. Por sua mentalidade mais ideológica, por sua desconfiança do quadro político, a presidente tem uma obsessão com os vazamentos e infiltrações.

3. Não só com a matéria do NYT e seu correspondente Lula teve problemas. As relações do presidente brasileiro com a imprensa nunca foram intensas. Lula evita o contato com a imprensa. Em seu primeiro mandato - excluindo o ano eleitoral - só teve contato com a imprensa uma vez, em abril de 2005. Lula agregou a retórica do desprezo. Ataca a imprensa por "só publicar más notícias", como crime, corrupção e pobreza. Chegou a enviar ao Congresso um projeto de lei para criar o Conselho Federal de Jornalismo para "orientar e disciplinar" a mídia.

4. Também são habituais as ofensivas verbais do presidente Tabaré Vazquez contra a imprensa uruguaia. Acusa-a de "conspirações e complôs". Em 2006 ele chegou a divulgar uma lista negra de meios de comunicação que acusou de integrar a "oposição".

5. "Os partidos políticos se esvaziaram. Já não são representativos. Essa é nossa realidade. Então a sociedade se volta à imprensa, que absorve a crítica e assume funções dos atores políticos. E os governos querem castigar isso e calar a dissidência", diz desde Caracas, Marcelino Bisbal, especialista em comunicação.

6. Chávez abriu um caminho, hoje transitado por Rafael Correa e Evo Morales. Segundo Bisbal embora ainda longe de cancelar licenças como Chávez, o presidente boliviano ataca os donos dos meios de comunicação de "principais inimigos" de seu governo. Para enfrentá-los Morales quer criar uma ampla rede de rádios comunitárias por toda a Bolívia, financiada com 1,5 bilhão de dólares vindos da Venezuela.

7. Os donos dos meios de comunicação também são os maiores inimigos de Rafael Correa, segundo ele diz. Ele anunciou que revisará as concessões de rádio e TV. Apoiado por sua alta popularidade, ele lançou desde o inicio do mandato uma crescente ofensiva contra a imprensa, que inclui propostas para limitá-la constitucionalmente. Tem demandado judicialmente a imprensa. Em seu caso, a guerra contra a imprensa recém começa.

Renan galã?