terça-feira, fevereiro 06, 2007

Social-Democracia ...Alguém sabe o que é isto?


A idéia de uma sociedade social democrata é bem antiga. Nasceu de homens que acreditavam na existência de um estado justo, e que pudesse ser atingido pelo caminho da democracia. Como toda idéia, precisava de um nome - foi assim que o termo "social-democracia" acabou servindo de rótulo para um conjunto de conceitos que foram ao longo da história, conformando um ideal. Esse nome nasceu da expressão cunhada por Aléxis de Tocqueville, um grande estudioso francês, que, em 1835, em seu livro A Democracia na América, chamara a experiência da democracia americana de "democracia social".
Para Tocqueville, a novidade na experiência americana merecia um novo nome, era
mais que o simples ideal democrático, conforme o conceito de democracia criado pelos gregos já na antiguidade. Tocqueville via na América do inicio do século XIX uma experiência que brotava da participação efetiva dos cidadãos a partir de suas bases locais.
Hoje, o conceito de social-democracia expressa em linhas gerais a vontade de realizar a democratização da sociedade a partir da crença no valor da igualdade de oportunidades para todos. Mais que isso, na crença da necessidade de haver instituições políticas que concretizem esse projeto. Como se pode notar, é uma idéia bem diferente dos ideais socialistas, que viam na presença forte do Estado, a garantia de efetivação de políticas sociais em favor das classes populares, e bem distante também dos ideais do liberalismo, que vê na liberdade das ações do mercado o mecanismo para atingir uma sociedade mais justa.
Quando comecei a me interessar pela social-democracia, vi que o modelo sueco do século passado parece ser o mais bem sucedido. Mas alguns problemas existiam, sendo o maior deles a altíssima carga tributária, para sustentar seu Welfare state. Hoje, existe uma corrente (que me parece ter saído da social-democracia, ao menos são bem parecidas) chamada social-liberal, que acha que o Estado não deve ser tão inchado, com cargas tributárias tão pesadas, limitando-se talvez a pontos fundamentais para o desenvolvimento do cidadão (educação básica, saúde e segurança, por exemplo). Dessa maneira, achei o social-liberalismo um pouco paternalista pra ser neoliberal, e menos dependente do Estado do que a social-democracia. Ao mesmo tempo se parece demais com os dois.
Com o passar do tempo, esse negócio de social-democracia se tornou um exemplo típico de conceito vazio criado por intelectuais europeus. É impossível que alguém discorde de qualquer um dos pontos do que foi descrito aí. O que eu gostaria de saber é como seria possível ter uma democracia não social.
O mundo está dividido entre liberais e marxistas.. o resto é slogan e conversa fiada.
O que eu quis dizer acima, é que quando começam a falar em social isso ou social aquilo eu sinto cheiro de demagogia no ar. É impossível ter uma democracia não social. Porque quem tem a palavra final é sempre o povo. Então ou você tem uma ditadura ou democracia, mas falar em democracia social ou social democracia é meio redundante.
O que ocorre é a demagogia. Setores da esquerda se apropriam do termo "social" e passam a descrever os programas deles como sociais enquanto que os programas dos outros são a favor da elite ou sei lá o que.
Então, a desapropriação de terras produtivas para entregá-la a meia dúzia de pelegos que viverão ali abaixo da linha de pobreza é um programa social. Mas o incentivo ao agronegócio que cria milhares de empregos e ajuda nas exportações não é programa social mas é para as elites, etc..
No fim, é tudo mistificação.

Déficit comercial dos EUA: mitos e verdades

A revista Veja trouxe recentemente uma entrevista muito interessante com o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Vale a pena ser lida, já que se trata de um dos mais brilhantes e lúcidos economistas brasileiros. No entanto, respondendo sobre a perspectiva de manutenção do crescimento mundial nos próximos anos, ele deixou-se levar pelo lugar-comum: "não vejo sérios riscos em um cenário mais amplo. Mas existem algumas nuvens no horizonte, sobretudo nos Estados Unidos, por causa do enorme déficit na balança comercial e da bolha de preços no mercado imobiliário".

Este diagnóstico sobre a saúde da economia americana, provavelmente inspirado na velha retórica "anti-consumista" da esquerda, acabou virando clichê. Tal qual a "verdade inconteste" do aquecimento global provocado pelo efeito estufa, a cantilena sobre os riscos do déficit comercial norte-americano é repetida, quase todo dia, por formadores de opinião de todas as tendências ideológicas e tomado como verdade absoluta sem que ninguém ouse contestá-lo, malgrado o verdadeiro problema seja outro, como veremos adiante.

Acredito que a origem desse equívoco esteja nas ultrapassadas convenções contábeis internacionais, que ainda registram os investimentos separadamente das exportações e importações de produtos e serviços. Essas convenções criam a falsa impressão de que o déficit comercial é um desequilíbrio econômico, quando, na verdade, ele esconde o fato de que a economia (americana) é forte e atrativa, pois a sua contrapartida são maciços e incessantes investimentos estrangeiros naquele país. Ao contrário da balança comercial, o balanço da conta de investimentos é altamente superavitário nos Estados Unidos. Em outras palavras, os alienígenas costumam alocar mais dinheiro naquele país do que os ianques remetem para o exterior.

Quando chineses, japoneses, coreanos, alemãs, brasileiros e outros povos vendem seus produtos aos norte-americanos, recebem dólares em pagamento. Se todos gastassem os seus dólares comprando produtos ou serviços nos EUA, não haveria déficit ou superávit na conta comercial. No entanto, não é isto o que acontece normalmente. Boa parte dessa receita, convertida pelos estrangeiros em poupança, acaba investida dentro do próprio território americano, na forma de fábricas, imóveis, ações de empresas, ou títulos de renda - públicos e privados. Resumindo, a contrapartida do déficit comercial é uma infinidade de (pequenos e grandes) investimentos, quase sempre na mesma proporção - já que no mundo globalizado de hoje, ninguém deixa dinheiro parado sob o colchão. Como bem disse o economista Robert Murphy, "isto não é teoria econômica, mas mera evidência contábil".

Embora os investimentos dos estrangeiros não sejam contabilizados como bens ou serviços convencionalmente classificados na conta de comércio, eles são aplicados na compra de outros ativos, dentro dos Estados Unidos, o que valoriza o patrimônio (ações de empresas, imóveis, etc.) dos diversos agentes econômicos e, principalmente, ajuda a aumentar os índices de produtividade dos trabalhadores americanos. Como um moto-perpétuo, esse aumento do patrimônio e da produtividade renova a capacidade dos cidadãos daquele país para comprar mais produtos e serviços, talvez os mesmos produtos e serviços que os estrangeiros deixaram de comprar para investir a sua poupança nos EUA.

Alguém poderia argumentar que seria melhor que a poupança e o investimento partissem de cidadãos americanos e não de estrangeiros. Isso é pura xenofobia, sem qualquer amparo na teoria econômica. O que é importante é o volume de investimentos realizados, que aumentam a produtividade, o nível de emprego, enfim, o padrão de vida da sociedade, e não a nacionalidade de quem os realiza. Qual a diferença, em termos econômicos, afinal, se uma família de imigrantes chineses abre uma pastelaria num subúrbio da Pensilvânia ou se a mesma pastelaria é uma empresa pertencente a americanos? Que diferença faz se o capital da nova siderúrgica da Gerdau pertence a brasileiros ou se um novo poço de petróleo no Golfo do México é propriedade da Petrobrás?

Em termos econômicos, o que realmente importa ao processo de geração de riqueza é a disponibilidade de poupança e, conseqüentemente, de novos investimentos. Os números da balança comercial não disponibilizam esta informação, já que não revelam os detalhes de milhões de transações ali embutidas mas apenas a síntese, em termos monetários, das trocas mercantis realizadas com o exterior. Em outras palavras, eles descrevem quanto de dinheiro um país gastou comprando mercadorias de outros países e quanto ele recebeu pelas vendas que realizou para o exterior. Quanto mais complexa é a economia do país, menos informações úteis podem ser derivadas da análise do seu balanço de pagamentos.

Vejamos um exemplo prático: uma determinada empresa americana vendeu produtos de consumo final ao Japão, no valor de US$ 1 bilhão. Dentro do mesmo exercício, o Conselho de Administração daquela mesma Cia resolveu construir uma nova fábrica e, para tanto, adquiriu máquinas, ferramentas e equipamentos japoneses, no valor de US$ 2 bilhões. A análise do balanço de pagamentos mostrará que as duas operações geraram um déficit comercial da ordem de US$ 1 bilhão para os EUA. Mas, o que ocorreu exatamente? Na verdade, os dois bilhões de dólares pagos aos japoneses nada mais são do que poupança de cidadãos americanos transformada em bens de capital (investimento), através de uma aquisição comercial. Os números frios da conta de comércio não mostram esta realidade, mas apenas que houve um "déficit".

Como se pode ver, no confuso debate econômico de hoje – extremamente influenciado por vieses ideológicos - prevalece um grande paradoxo: déficits comerciais são considerados nocivos, enquanto investimentos estrangeiros são vistos como benéficos, ainda que esses dois fatos contábeis estejam intimamente correlacionados. Pelo mesmo raciocínio, superávits comerciais são idolatrados por economistas, jornalistas, donas-de-casa, empresários, ministros, profissionais liberais, camelôs e outros opinantes menos cotados, ainda que eles representem a "exportação" de poupança nacional.

Eu concordo com Von Mises e Roberto Campos, dentre outros, que estatística pode ser algo extremamente enganador. No entanto, não posso deixar de especular que, comparativamente aos demais países desenvolvidos, os países que mantêm déficits comerciais em suas contas, especialmente os anglo-saxões, têm levado enorme vantagem em termos de crescimento econômico nos últimos anos e décadas.

A propósito, o professor Walter Willians divulgou recentemente alguns dados bem interessantes sobre o tema, especialmente no sentido de desmentir a velha falácia de que os famigerados superávits comerciais são saudáveis para o crescimento econômico e, conseqüentemente, para a geração de empregos. Segundo ele, a economia norte-americana criou, desde 2001, nada menos que 9.3 milhões de postos de trabalho enquanto, no mesmo período, o Japão criou 360 mil e os países da Zona do Euro (exceto Espanha e Reino Unido) criaram 1.1 milhão. A coisa fica ainda mais interessante quando somos informados de que Espanha e Reino Unido criaram 3.6 e 1.3 milhões de empregos respectivamente (individualmente mais, portanto, do que todos os outros europeus juntos), sendo que esses dois países são os únicos da U.E que mantêm, sistematicamente, déficits comerciais em suas contas.

Resta ainda analisar um último argumento muito utilizado quando o assunto são déficits comerciais. Trata-se da possibilidade de que uma parcela deles possa transformar-se em dívida externa. Como vimos antes, o fato contábil do déficit em si não resulta necessariamente em aumento do estoque da dívida, desde que a sua contrapartida sejam investimentos diretos em bens de capital, ações, imóveis ou simplesmente o entesouramento das diferenças. Entretanto, nada impede que parte da moeda local em mãos alienígenas retorne ao país através de operações de crédito. Numa economia aberta, se forem transações entre agentes econômicos privados, elas serão equivalentes a qualquer outra operação financeira entre residentes, onde os riscos, lucros e perdas dizem respeito, exclusivamente, às partes envolvidas. O grande inconveniente está no fato de que a oferta abundante de crédito acaba abrindo o apetite do mais pródigo e voraz tomador de recursos: o Estado. Um ente que, ao contrário dos demais agentes econômicos, não produz riqueza, mas apenas consome uma parte de tudo o que a sociedade produz e, não satisfeito, ainda a torna fiadora de suas dívidas, cuja liquidação exigirá, mais cedo ou mais tarde, pesados sacrifícios de todos.

Ora, dirão os mais afoitos, então o déficit comercial é um problema! Não, meus caros, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, as dívidas não surgem simplesmente porque há oferta de crédito - assim como os acidentes automobilísticos não são causados pela produção e venda de carros. A dívida pública, lá como aqui, só existe porque os governos (sempre eles!) são normalmente perdulários, ineficientes e gastam mais do que arrecadam, seja com programas sociais, seja com a guerra contra o terrorismo, seja com a previdência social, seja com que diabo for. E isto não tem qualquer relação com o comércio exterior.

Charles Manson, a Celebridade!

Manson, assassino de celebridades, ele mesmo uma celebridade. Manson sempre foi o campeão de cartas na cadeia. Manson tem uma legião de fãs!
Tenho pensado muito na correlação entre o culto das celebridades e a violência.
O confronto constante com uma realidade tão diferente e que acaba por servir de modelo não favorece uma cultura de inveja e despeito? Já pensava há muito na questão de como as novelas, com aquele padrão bizarro de riqueza e beleza, deveria ser algo de acintoso para um povo tão pobre.
O culto das celebridades, não obstante, é algo mundial.
Interessante a sociedade, acaba por se auto-destruir onde menos se espera. Ao cultuar seus padrões impossíveis acaba por gerar uma massa de desesperados e desesperançados cuja frustração é imensa e perigosa.
Lembram-se? Antigamente as celebridades eram protegidas até pelos criminosos. Eram intocáveis.
Atualmente o ressentimento é tão forte que nos assaltos à celebridades já percebemos um prenúncio de um ódio quase cruel. A beleza e a fama despertam a inveja que acaba por se transformar em crueldade.
Trata-se de um sinal: padrões de uma minoria alardeados para uma maioria muito frustrada. Desses milhões que lêem tabloides, quantos não sentem inveja? Quantos não são perigosos?
Marc Chapmam, Charlie Manson, invejosos e psicopatas famosos. A celebridade favorece este tipo de coisa.
Uma amiga historiadora da arte fala de um outro historiador que nossa sociedade atual escolhe muito mal suas celebridades. Se no Renascimento a celebridade era Michelangelo, em nosso tempo é Luciana Gimenez (tá certo, peguei pesado até para o padrão "celebridades"). Essas imagens de algo impossível são, além de tudo, em geral vazias e pouco inspiradoras.

Foto histórica da pizzaria Congresso

Opinião da imprensa e cientistas acompanha variações da temperatura

"Na ciência, o consenso é irrelevante. O que importa são os resultados. Os grandes cientistas da história são justamente aqueles que quebraram com o consenso". (Michael Crichton)

Nestes primeiros dias de 2007 o público no Brasil e ao redor do mundo foi literalmente bombardeado por notícias e previsões alarmantes a respeito do aquecimento global e sua possíveis consequências regionais e globais. Já eu, louco pelo debate, achei nesta frase do sujeito ao lado, que além de grande escritor, é médico e cientista dos bons, um motivo para entrar nessa história. Logo no primeiro dia de 2007, a partir de uma matéria do jornal inglês The Independent, eclodia a previsão de que este ano seria o mais quente da história. A notícia ganhou espaço na imprensa de todo o planeta:

"O efeito estufa e o fenômeno climático conhecido como El Niño farão de 2007 o ano mais quente já registrado, com conseqüências para todo o planeta. A afirmação é do professor Phil Jones, diretor da Unidade de Pesquisa sobre Clima da Universidade de East Anglia, na Inglaterra. Segundo previsões de Jones, publicadas hoje no jornal britânico The Independent, o ano será marcado por condições climáticas extremas em todo o mundo, que podem causar secas na Indonésia e inundações na Califórnia. O professor afirma que o aquecimento global - que causou degelos no Ártico - piorará com a chegada do El Niño, fenômeno causado pelo aumento das temperaturas médias das águas do oceano Pacífico".

O que a imprensa mundial não contou a você é o que afirmava na década de setenta a mesma Unidade de Pesquisa sobre Clima da Universidade de East Anglia que hoje anuncia o ano mais quente de todos os tempos e faz previsões sombrias em relação ao futuro como consequência da emissão de gases do efeito estufa. Em publicação traduzida para o Português da Organização das Nações Unidas, o Professor Hubert H. Lamb, Diretor do Centro de Pesquisas Climáticas da Universidade de East Anglia, assinou um trabalho intitulado "Há 30 anos a Terra se esfria", apresentando uma série de dados correntes e históricos que levaram à conclusão sobre um resfriamento global.

O texto do Diretor do Centro de Pesquisas Climáticas da Universidade de East Anglia não se limitou a concluir por um resfriamento global, mas salientou que este veio na sequência de um período de aquecimento do planeta que teve início antes mesmo da Revolução Industrial, marco utilizado pelos defensores das teorias catastrofistas de influência humana para delimitar o começo do atual período de aquecimento global.

O texto questiona como poderia então a Terra se resfriado entre os anos cinquenta e setenta, como de fato ocorreu, se os níveis de emissão de gás carbônico na atmosfera aumentavam em decorrência da "industralização galopante".

O trabalho de Hubert H. Lamb, Diretor do Centro de Pesquisas Climáticas da Universidade de East Anglia, faz uma descrição ainda do quadro testemunhado no planeta e nas calotas polares com o forte aquecimento global observado no final do século XIX e no começo do século XX, quando os níveis de poluição na atmosfera eram ínfimos na comparação com os dias atuais e a industrialização sequer havia chegado à maioria dos países.

O texto do Professor Lamb da década de 1970 é esclarecedor porque ajuda a derrubar alguns mitos que se criaram com o noticiário dos últimos anos em torno do aquecimento global. O degelo das calotas polares teve início antes mesmo da Revolução Industrial e decorreu de um processo natural associado ao fim da Pequena Idade do Gelo dos séculos XVII, XVIII e XIX. A primeira metade do século registrou um intenso aquecimento no planeta que foi seguido por um período de forte resfriamento entre os anos de 1950 e 1977. Criou-se um consenso estúpido e desinformado que há um século o planeta Terra enfrenta um processo de aquecimento desenfreado, quando, recentemente, o planeta viveu três décadas de temperatura muito baixa. O século XX foi marcado por períodos muito bem delimitados de calor e frio no mundo e que estiveram fortemente associados ao comportamento da temperatura da água do Oceano Pacífico, logo um ciclo natural. Justamente estas variações de calor (anos 20 a 40 e novamente entre 1977 e 2006) e frio (décadas de 10 e 20 e período de 1950 a 1976) fizeram com que o noticiário apresentasse diferentes versões ao longo do tempo. A revista Nesweek, uma das mais importantes dos Estados Unidos, publicava em 28 de abril de 1975 uma reportagem de página inteira sob o título "O mundo que esfria".

A Newsweek, em sua reportagem, comentava do período quente enfrentado pela Terra até os anos quarenta e que fora seguido por três décadas de muito frio, particularmente entre 1945 e 1975. A publicação chegou a estampar um gráfico com a variação da temperatura no século XX até então e que fora elaborado a partir do Centro Nacional de Dados Climatológicos do NOAA.

A variabilidade natural do clima ao longo dos últimos cem anos pode ser muito bem compreendida pelo noticiário, por exemplo, da revista norte-americana Time, a mais importante do jornalismo nos Estados Unidos. Em sessenta anos, a revista publicou três matérias de capa sobre o comportamento do clima do planeta. Na sua edição de 10 de setembro de 1945, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, a capa da Time mostrava um desenho do planeta suando e esbaforido com a manchete logo abaixo: "O mundo está fervendo". O planeta havia enfrentando nos dez anos anteriores intensos episódios de El Niño como, por exemplo, o de 1941 que resultou na grande enchente de Porto Alegre. Três décadas mais tarde, na sua edição de 31 de janeiro de 1977, a mesma Time noticiava o frio intenso que catigava o mundo e os Estados Unidos com a manchete "O Grande Congelamento". Novamente três décadas mais tarde, em 3 de abril de 2006, a revista dizia aos seus leitores "Fiquem preocupados, muito preocupados" com o aquecimento global que era o tema especial da edição.

Observem o intervalo entre as reportagens de 1945, 1977 e 2006. São, em média, trinta anos. Justamente os ciclos da Oscilação Decadal do Pacífico (aqui) costumam durar de vinte a trinta anos. Em fases quentes da PDO no século XX o planeta passou por um processo de aquecimento enquanto na fases frias resfriou-se. Nos últimos trinta anos, quando começou a surgir o temor em torno do aquecimento global, a fase da PDO esteve positiva e ainda com dois eventos de Super El Niño em 1982/1983 e 1997/1998. A frequência e intensidade de eventos de La Niña, que tendem a resfriar o planeta, foram muito menores nas últimas três décadas em razão do período quente da PDO que tem como característica favorecer justamente mais ocorrências de El Niño e manifestações mais intensas do fenômeno. Observem o comportamento da PDO ao longo do século XX e no começo deste século XXI.

Agora vejam a relação direta entre as datas de publicação das reportagens e a evolução da PDO com suas fases quentes e frias.

Por que o resfriamento observado durante três décadas na segunda metade do século XX é sonegado do público ? O aquecimento global é um fato, mas está se criando uma histeria coletiva e midiática - também com o apoio de cientistas interessados em conseguir recursos para suas pesquisas - que não encontra sustentação a partir de análises de dados correntes e históricos.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

A cara de pau do Luis Nassif!

Amigos, o Nassif escreveu um post criticando a relação da mídia com os "grandes grupos" internacionais.
Escrevi um comentário lembrando que o IG, responsável pelo blog dele, também faz parte de um "grande grupo" internacional, mas acho que ele censurou -- mandei três vezes e nada dele aparecer.
Dessa forma, gostaria de colocar o tal comentário aqui, uma vez que aparentemente ele incomodou o Nassif.

Segue:
Nassif, sem esquecer que o IG também tem o seu "grande grupo econômico" por trás, não?
O iG está seguindo a estratégia de marketing da Fox norte-americana, que começou alegando que a grande mídia "tradicional" (CNN, New York Times, Washington Post) não apresentava "todos os lados" das notícias, e que ela (Fox) era a verdadeira "mídia independente".
Como a Fox, relativamente desconhecida, enfrentou os "grandes grupos" dos EUA? Fácil - com o apoio do governo. Como qualquer um que assista ao canal pode ver, ele é praticamente um "porta-voz" do governo Bush e do Partido Republicano. Publicam matérias duvidando do aquecimento global, defendendo a invasão do Iraque e tantas outras. Afinal de contas, eles são "independentes"!
Então, é isso que querem criar aqui no Brasil: um novo grande grupo de mídia. Para conseguir isso, estão repetindo o "business plan" da Fox: começam criando o mito de que a mídia está irremediavelmente aliada a grupos de interesse "contrários ao bem do país".
Em seguida, monta um time com figuras polêmicas e jornalistas alinhados às posições do governo: lá são Bill O'Reilly, Sean Hannity, Ann Coulter e tantos outros. Aqui são Paulo Henrique Amorim, José Dirceu, Luis Nassif e etc.
E qual a linha desse novo grupo? Ora, se todos os outros estão atacando o governo, ele vai defender. Afinal de contas, os outros grupos já são "donos" dos grandes anunciantes, e o governo - como qualquer governo - está sempre disposto a gastar dinheiro para ter uma publicidade positiva.
Pouco importa que seja um governo corrupto, que invade um país causando a distruição de milhões de vidas inocentes - ou compra parlamentares e movimenta milhões de reais clandestinamente pelo país. O importante é seguir o "business plan", que deu certo na matriz...

sábado, fevereiro 03, 2007

Um arrastão moral no Planalto Central

E a bancada petista abriu o balcão de negociatas no Congresso Nacional para a eleição do rima rica à presidência da Câmara. Com a boca rica do Planalto cheia de dentes sorrindo para todos os partidos e deputados, o lindo Chinaglia (foto) puxou o arrastão de votos presos nas redes da imoralidade, patrocinando, uma vez mais, a derrocada moral do apêndice institucional alugado pelo presidente Lula.

O arrastão de verbas, cargos e promessas foi tão grande, que levou em seu engodo até os partidos da oposição. No primeiro turno, o boneco de Olinda, enquanto rebolava debaixo de um sol escaldante, sem sombra e sem sombrinha, obteve 175 votos. O fruta boa no meio de tantas podres, Gustavo Fruet, obteve 98 votos, enquanto que o ungido por Lula, mensaleiros, aloprados e alienados, chegou aos 236. No segundo turno, Aldo Rebelo, o antigo servo petista, conquistou apenas 243 votos, enquanto que Arlindo Chinaglia somou 261.

Do outro lado da linha do tempo e da história, contabilizando a fatura e somando os juros da abstinência, José Dirceu deu dois tiros de festins ao céu, rogando à complacência e subserviência de seus pares para votar, com o engajamento de Chinaglia, a sua anistia e seu retorno ao cenário político nacional. Meu Deus, no Brasil é sempre assim, o dia seguinte consegue ser mais assustador que o anterior.

O que marca e consolida uma verdadeira democracia é a sua independência entre os poderes, entre as suas instituições. A sua capacidade de repensar, de questionar, de redimensionar e avaliar as várias demandas em um país continental. Agora, tal postura, não podemos mais esperar da Câmara dos Deputados, já que rendida, se viu vendida por uma maioria que queria apenas o seu, esquecendo os milhares de votos que o povo os deu.

Enquanto isso, o Congresso Nacional apresenta os seus novos velhos atores, estampados nas capas dos jornais, onde encontramos Antônio Carlos Magalhães abraçando Fernando Collor, Paulo Maluf beijando a mão de Arlindo Chinaglia, Roberto Jefferson saudando Antônio Palocci, José Genoíno assistindo à tv ao lado de João Paulo Cunha, Waldemar da Costa Netto abençoando José Mentor, e o povo engolindo as rãs e os sapos que coaxam todos as noites, com o nosso dinheiro, bem no meio do coração do Brasil...

PRAGMATISMO MEXICANO

Com 10 indicações ao Oscar, o cinema mexicano entra em era de ouro, noticia o jornal espanhol El País. O êxito mexicano neste setor é somente uma das evidências claras do que ocorre no México atual. Nesses mesmos dias, Madri recebeu a visita de Felipe Calderón (foto acima), presidente daquele país. O novo mandatário mexicano deixou muito claro o objetivo de seu giro europeu: incentivar empresários estrangeiros que desejam investir no México. Não tenho dúvida de que Calderón terá sucesso. Em seu país existem os requisitos principais de um país moderno e próspero, que conjuga respeito as regras e economia de mercado eficiente, que aos poucos se torna um local mais rico e diminui a pobreza. México, o único grande país da América Latina que não sucumbiu a tentação populista, se prepara para tornar-se, em pouco tempo, o mais importante e pujante país latino das Américas.
Os movimentos em direção da consolidação de um sistema de livre mercado realizados pelo México estão, aos poucos, mudando a face do país. Aos investidores estrangeiros e aos mexicanos que desejam empreender é oferecido um ambiente onde existe respeito ao direito de propriedade, cumprimento dos contratos, instituições fortes, diminuição da pobreza, uma próspera economia de mercado e acordos de livre comércio como o Nafta. Problemas existem, porém, estão sendo combatidos. O período é ímpar para o governo que acaba de chegar ao poder. Com uma baixa taxa de desemprego de 3,9%, inflação controlada em 4,7% e um crescimento econômico de 4,2% ao ano, o país é uma ótima opção de investimento, ainda mais com a privatização do setor de energia que Calderón deseja realizar. A prosperidade tende a manter cada vez mais mexicanos em seu território, evitando o êxodo de seus talentos e sua força de trabalho para os Estados Unidos.

As políticas mexicanas seguem em direção oposta ao resto da América Latina. Assim, na mesma proporção em que o México alcança êxitos sucessivos, parte da continente mergulha em governos populistas irresponsáveis como na Venezuela, Argentina, Brasil, Bolívia, Equador e Nicarágua. Enquanto o livre mercado mexicano cresce e logra retirar sua população do estado de pobreza, integrando-as ao mercado de trabalho, a esquerda populista continua a manter sua população em estado de miséria e pobreza com programas assistencialistas e clientelistas que visam somente manter esses mandatários no poder.

Muitos dirão que esses governantes populistas chegaram ao poder por via democrática. Vale a pena perguntar se nestes casos estamos falando realmente de democracias ou de simples regimes com eleições formais que justificam a manutenção de regimes autoritários no poder. Democracias não são caracterizadas simplesmente pela existência de eleições. Acredito que não existe democracia real se a economia não é livre. Se o governo exerce demasiada influência na economia, está claro que pode direcioná-la para realizar sua manutenção no poder. Um povo que entrega praticamente metade de sua economia nas mãos do governo via impostos, como o brasileiro, certamente não é livre. As eleições passam a ser meros instrumentos formais. O México é a honrosa exceção em uma América Latina que está praticamente condenada a pobreza com seus governos populistas.

Além de todas as importantes reformas pelas quais passou o México nas últimas décadas, como a entrada na área de livre comércio com Estados Unidos e Canadá, existe uma preocupação constante com a formação de novas lideranças. Na mesma medida em que a população avança, deixando aos poucos a situação de pobreza, está sendo formada uma nova elite mexicana de alta qualidade, ciente de sua responsabilidade e posição internacional. Felizmente tenho tido contato com esses futuros líderes, que me fornecem a certeza de que o futuro do México está em ótimas mãos. Assim, o pragmatismo mexicano não está circunscrito a esta geração. O jovem presidente Calderón, de 42 anos, é o maior exemplo desta política.

O México se prepara para liderar. Os liderados seremos nós, naturalmente. Liderar é estabelecer a agenda da região, influenciar em suas políticas. Brasil e Argentina, outros países com considerável dimensão territorial, assistirão pasmos e passivamente o surgimento de um grande, forte e consistente líder na América Latina. De qualquer forma, não tenho dúvida de que se não temos capacidade de liderança (afinal reelegemos Lula), é muito melhor sermos influenciados por um país democrático, livre e próspero, do que por um autoritário, socialista e pobre como a Venezuela de Chávez. O segredo do México é o bom senso que nos falta.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

A LIBERDADE É UM FLUIDO

A liberdade guiando o povo (óleo sobre tela), por Eugene Delacroix 1798-1863

A liberdade funciona como um único fluido em vários vasos comunicantes. Quando um dos vasos está entupido, o fluido não prossegue para os demais, derrama e se perde. A liberdade política se conecta à liberdade econômica, que está ligada à de consumir, que está associada à de adquirir e ter como seu (permitindo a propriedade privada), à de ir e vir, à de imprensa e opinião, e assim por diante. Os dois principais fatores capazes de entupir a comunicação entre esses vasos são a equivocada interferência do Estado e o mau uso da liberdade pelos indivíduos e suas organizações.
No primeiro caso, estados autoritários ou totalitários tendem a restringir uma, depois outra, e logo todas essas liberdades para ampliar sua própria esfera de poder recusando a livre decisão e o livre discernimento dos indivíduos. No segundo caso, tem-se, por exemplo, a ação predatória de agentes econômicos que utilizam instrumentos indecentes para eliminar a concorrência. Delfim Netto, que está longe de ser um comunista (mas que certa vez se auto-denominou "socialista-fabiano"), afirmou certa vez em conferência que escutei: a irrestrita liberdade de mercado tende a acabar com a liberdade de mercado porque o sonho de todo ator da cena econômica é ficar sozinho no mercado.

Como em tudo mais, portanto, é preciso encontrar a justa medida, ou seja, manter abertos os canais por onde passa o fluido da liberdade, evitando quaisquer abusos que possam inibir sua livre circulação, sejam eles estatais (mediante ação política dos cidadãos), sejam privados (mediante ação política do Estado).

As fanfarronadas socialistas de Chávez, Morales e seus parceiros sul-americanos (veja quantas liberdades já foram agredidas por eles) não são do século XXI, como anunciam, mas do século XIX mesmo, época de sua formulação. Nada há no que dizem que não tenha sido dito então, e ao longo do século passado, por todos os comunistas que chegaram ao poder para implantar seus tenebrosos regimes. A única coisa nova é a denúncia do tal “neoliberalismo" como palavra capaz de acelerar a produção de adrenalina nas massas de manobra que arregimentam.

Os relatórios sobre liberdade econômica divulgados anualmente pela Heritage Foundation deveriam pôr sete palmos de terra sobre essas tolices. Acaba de sair o documento de 2007, no qual o Brasil ocupa a 70ª posição entre 157 países analisados. Os 10 primeiros são Hong Kong, Singapura, Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia, Reino Unido, Irlanda, Luxemburgo, Suíça e Canadá. Puxa vida, nenhum socialista! Ao mesmo tempo, os simpatizantes das fanfarronadas esquerdistas, para ficar apenas entre nossos vizinhos, são tão ricos e prósperos quanto Cuba (156º lugar), Venezuela (144º lugar), Bolívia (112º lugar), Equador (108º lugar).

Tenha certeza, porém, leitor, que nenhuma universidade brasileira examinará esses dados, nem avaliará a relação entre as liberdades econômicas, os sistemas de governo, os Índices de Desenvolvimento Humano, os PIB per capita e os indicadores de liberdade de imprensa nos vários países. Bastaria isso para desmascarar suas perfídias ao saber e à verdade, em nome de uma ideologia que sepulta o futuro das gerações que deveriam estar educando.

Distribuição das cadeiras na Câmara a partir de hoje

Da Agência Câmara:
A 53ª Legislatura da Câmara dos Deputados começa amanhã com 20 partidos representados na Casa. São quatro a mais em relação à posse da legislatura anterior (2003 a 2007), mas há uma sigla a menos em relação à eleição de outubro do ano passado. Isso se deve à fusão entre o PL e o Prona, que originou o PR. Houve também troca-troca de partidos antes da posse. Comparando as bancadas na eleição e na posse, ocorreram 15 mudanças entre siglas. O maior beneficiado foi o PR, que teria 25 deputados com a soma entre PL e Prona, mas ganhou outros nove nomes e começa a legislatura com uma bancada de 34 parlamentares na Câmara, colocando o partido como o sexto maior na Casa. Quem mais perdeu deputados foi o PPS: eram 22 na eleição, mas apenas 17 na posse. A maior bancada pertence ao PMDB, com 90 deputados (um a mais do que o número de eleitos), seguida pela do PT, com 83 (número inalterado). PSDB, com 64 deputados (dois a menos do que na eleição); PFL, com 62 (três a menos); e PP, com 41 (número inalterado), completam a relação das cinco maiores bancadas na Câmara. PL, Prona e PSL, que tinham deputados no início da legislatura de 2003 a 2007, não estão mais representados na Câmara. Já PR, Psol, PTC, PHS, PAN, PRB e PTdoB são siglas novas em relação à posse de 2003. Nesse início de legislatura, três grandes blocos parlamentares vão atuar na Câmara. Eles foram formados ontem. O maior deles tem 279 deputados e reúne PMDB, PT, PP, PR, PTB, PSC, PTC e PTdoB. O segundo maior bloco, com 143 deputados, inclui PSDB, PFL e PPS. O outro bloco tem 72 deputados e é formado por PSB, PDT, PCdoB, PMN e PAN. Não se juntaram em blocos o PV (13 deputados), o Psol (3), o PHS (2) e o PRB (1).

URUGUAI CAMINHA PARA SER O SEGUNDO CHILE DA AMÉRICA LATINA!

Investimento em celulose + TLC = Uruguai como espaço preferencial para investimentos. Gerdau-Uruguai, nestes últimos 12 meses aumentou as vendas em 40%.

Estado de São Paulo
Acordo entre EUA e Uruguai é pedra para o Mercosul
O Acordo Marco de Comércio e Investimentos (TIFA, pela sigla em inglês) assinado por Uruguai e Estados Unidos, cria uma interrogação sobre o futuro do Mercosul. A principal delas é se o TIFA é o primeiro passo rumo ao Tratado de Livre Comércio (TLC) e, como conseqüência, a saída do Uruguai do bloco regional. A primeira resposta dos analistas internacionais é de que, segundo o acordo assinado por ambos os governos, o TIFA é um prelúdio do TLC. Existem, porém, muitas pedras no caminho do presidente Tabaré Vázquez para conseguir chegar a um acordo mais amplo com os americanos.

A EVOLUÇÃO POLÍTICA DAS FAVELAS DO RIO DE JANEIRO!

Bryan McCan - Georgetown University.

Trechos extraídos do artigo publicado na Latin American Research Review - october 2006. University of Texas Press.

"O problema das gangues nas favelas do Rio é basicamente de controle territorial e só secundariamente de tráfico de drogas, propriamente".

1. Quantas pessoas existem em média num iglu típico de esquimó? -Cinco: o pai e mãe esquimós, seus dois filhos e um antropólogo. A mesma piada poderia ser feita sobre as favelas do Rio de Janeiro, com antropólogos, sociólogos, cientistas políticos, ONGs... Nos últimos quarenta anos as favelas do Rio têm estado entre os bairros de baixa renda mais estudados do mundo.

2. Muitas favelas menores nas partes remotas da cidade ainda não viram seus antropólogos. Resulta daí que a produção universitária permaneça desequilibrada. Temos hoje conhecimento abundante sobre as favelas da Zona Sul, a área da cidade que concentra também bairros residenciais de classe média e hotéis para turistas, e muito pouco sobre as favelas da Zona Oeste - que crescem rapidamente.

3. Os moradores que resistiam ao tráfico de drogas corriam o risco de serem assassinados, enquanto os que colaboravam corriam o risco de retaliação com a invasão de um grupo rival. Estudo da assembléia estadual diz que 100 líderes comunitários foram assassinados e outros 100 expulsos pelas gangues de drogas no Rio, entre 1992 e 2001.

4. A associação de Rio das Pedras faz parte de um número dolorosamente pequeno de exceções a esse respeito. Lá agiram prematura e violentamente para manter o tráfico de drogas fora e mantiveram essa defesa forte nos últimos 20 anos. Ao suprimir a dissidência pela intimidação, a associação de Rio das Pedras assume algumas das características autoritárias das gangues de drogas contra as quais milita, mas pelo menos é menos tirânica, menos violenta e não é inerentemente instável em seu mando.

5. Hoje em relação a 1976 (quando Janice Perlman derrubou o mito da marginalização), na maior parte dos aspectos, as favelas estão mais fortemente ligadas à cidade formal. Elas têm diversidade econômica cada vez maior e geraram sua própria classe média de empresários, proprietários, funcionários públicos e agentes de ONGs. Suas infra-estruturas melhoraram dramaticamente. A presença dos governos municipal e estadual já é tangível no dia a dia das favelas através de projetos de obras públicas em larga escala e esforços contínuos de agentes de campo que oferecem uma série de diversos serviços públicos.

6. Duas verdades. A primeira é que além de assassinas e predatórias, as gangues de drogas também constituem um dreno imenso do comércio local, aplicando altas taxas sobre os negócios formais e informais, e até mesmo cobrando pedágio de entrada. As diversas iniciativas para fornecer microcrédito aos empreendedores da favela podem ou não aumentar a atividade comercial e criar emprego nas favelas, mas certamente ajudam os bolsos dos lideres destas gangues. A próspera vida comercial em Rio das Pedras onde os empresários têm custos de segurança comparativamente mais baixos permanece como um contra-exemplo curioso.

7. A segunda verdade é que o problema das gangues nas favelas do Rio é basicamente de controle territorial e só secundariamente de tráfico de drogas propriamente.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

MUITO MAIS DO QUE CIRCULAÇÃO, ESTE É O PROBLEMA DOS JORNAIS: OS JOVENS!

E se isso se transforma em hábito, estaremos falando da audiência de amanhã!

REUTERS
"Os jornais perderam espaço como fonte de informação nas escolas americanas, junto aos professores e alunos. É o que diz uma pesquisa realizada pela Carnegie-Knight Task Force. O estudo ouviu 1.262 professores e indica que 57% deles recorrem com freqüência nas salas de aula a fontes de informação na web, sites de noticias nacionais e internacionais. 31% usam as redes de TV e 28% os jornais diários. Quando perguntados sobre o papel dos jornais como fonte de informação para os alunos, 75% dos professores colocaram os diários impressos em ultimo lugar. "Os alunos não se relacionam mais com os jornais, não mais do que se relacionariam com discos de vinil" - comparou um dos professores entrevistados.

PASSADO, PRESENTE!

Dois pontos do artigo de Felipe Gonzalez (foto) no El Pais, lembrando os 15 anos da conferencia de paz Madrid sobre o conflito árabe-israelense.

(...) A experiência permite constatar que desde a segunda guerra mundial nenhuma potência consolidou uma ocupação territorial. Como se essas aventuras pertencessem ao século 19 e início do século 20. Com a política dos blocos e com ela para o Vietnam ou para o Afeganistão, para o Iraque na invasão do Kuait ou do Iran, nenhuma se manteve. O mesmo ocorrerá com a ocupação do Iraque, ou com a da Palestina. Todos sabem disso, mas não se tiram conclusões. (...)

(...) A situação afegã está longe, talvez mais longe que três anos atrás, de alcançar os objetivos propostos, e as implicações regionais são cada vez mais evidentes. Faltaram meios e concentração de esforços. A fronteira do Paquistão parece menos segura que a do Irã. Paradoxos da historia de aliados e inimigos! (...)

Gênio?

Um dos primeiros propósitos do cinema pós-edição, foi o da propaganda. Uma das primeiras e mais famosas propagandas massivas eficazes realizada, foi feita às ordens de Hitler, contra O Judeu, o ‘üntermentch’, ‘subumano’ responsável quase exclusivo dos males da Alemanha. Muitos de meus amigos próximos, testemunharam posteriormente que a propaganda funcionaria, caso não conhecessem a realidade. O cinema, portanto, há décadas, já provou-se método não só eficaz, mas provavelmente a principal ferramenta do marketing de idéias, se não também de produtos e, eventualmente, da história.
Gibson procurou fazer exatamente isto quando lançou ‘A Paixão de Cristo’ em 2004, causando uma polêmica que, para ele e seus associados, serviu de sólida base a sólidos lucros. Independente da trama e da veracidade bíblica de sua narrativa, a direção e intenção do diretor espelham-se justamente na violência que, mesmo tendo ocorrido conforme a narrativa do filme, expressa-se com o intuito de causar desgosto, asco e repúdio aos olhos do espectador. Isso é eminente nas salas de cinema locais, onde o público ‘conversa’ com a gigantesca tela e a imagem do refletor, aplaudindo e vaiando conforme a causada impressão. O sangue do público lateja, verdeja insanamente, e a ‘torcida’ inicia um aquecimento que pode, muito bem, tornar-se concreto. Mel Gibson poderia perfeitamente inspirar o amor a Jesus com seu filme, amor religioso por seu sacrifício carnal em nome da raça humana, não apenas dos gregos ou dos troianos, mas de toda ela como uma só. Preferiu, no entanto, mostrar a tortura de sua pele, e um inimigo em comum, o traidor, o demoníaco Judas. A mensagem, é claro, torna-se mesclada à brilhante cinematografia, escolha de imagens, fala do ‘original’ Aramaico (hollywoodiano), e uma delineada trama profissionalmente selecionada para impressionar o público. Em outras palavras, a polêmica levou o público ao cinema, que com seu desgosto, mas inegável (e inexplicável, alguns clamam) prazer pelo bom filme, apenas atraiu mais público, e a mensagem, seja ela qual fosse, qual interpretasse o espectador, foi amplamente distribuída.