
2. Nos valores cristãos, a vida/rejeição ao aborto é um dos pontos mais visíveis do discurso conservador. Aqui e alhures. Vide a temperatura dos debates a respeito, no mundo todo. Mas quando este ponto de forte impacto aflora, na verdade é indicação que os valores conservadores ganham destaque na conjuntura e mobilizam grande parte da população e, portanto, do eleitorado. E não só os valores cristãos.
3. Valores conservadores - em geral - são aqueles que minimizam - ou eliminam - a insegurança das pessoas, as incertezas, e sinalizam para um futuro previsível. As reformas liberais, atingindo a previdência, as funções do estado, a desmontagem dos ofícios (profissões que iam de pai para filho desde a idade média), os riscos de desemprego, o sistema de saúde, a insegurança pública..., potencializaram a sensação de um futuro de imprevisibilidades.

5. As equipes dos candidatos deveriam analisar a fundo o conjunto das preocupações dos eleitores, que se traduzem em valores conservadores. A França de hoje é um exemplo. Sarkozy é um líder conservador e com esses valores ascendeu e se afirma, especialmente em relação à lei e a ordem. Mas enfrenta uma greve geral de grandes proporções porque tocou em um dos pilares da segurança quanto ao futuro do trabalhador: seu sistema previdenciário. No caso, os valores conservadores estão representados pelos grevistas e não por Sarkozy.
6. Que questões são essas no Brasil que podem ser englobadas em valores conservadores com impacto eleitoral? O sistema previdenciário é claramente uma delas. Mas aí se pisa em ovos, em função da questão fiscal. Quem quebra os ovos? A violência, as drogas, a segurança pública, que esperam um discurso contundente dos candidatos. E nada se ouve. O sistema de emprego e não como seguro, mas como expansão garantida mesmo que por obras públicas. O sistema de bolsas criado e que agora surge como incerteza/certeza. A questão das funções do estado e das privatizações/terceirizações/organizações e os riscos que incorporam. A saúde pública como oferta de serviços de rotina e não agregações sofisticadas a nível pontual ou gerencial. E por aí vai.
7. Cabe às assessorias dos candidatos - listar e checar em pesquisa - e hierarquizar de forma a que a comunicação nesses dias finais possa dar destaque aos temas, incluir agendas e mobilizar o eleitor, dando ao mesmo, confiança, garantias e certezas de forma a que o discurso de valores conservadores ganhe abrangência e profundidade. Não tenham dúvida. Essa é a agenda vencedora. Que o governo tenta resgatar com o risco de mudanças em seus programas, mas que vai muito além disso. E - por isso mesmo - quem governa e não fez..., perdeu a vez. Se não há tempo para pesquisa, vale a intuição de políticos experimentados.
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