É injustiça candente generalizar as críticas e imputar à oposição a pecha de adesista no episódio ainda inconcluso da criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito - CPMI - para investigar os desmandos nas compras com cartão corporativo. Posso reafirmar que é infundada a conclusão de que houve conluio entre a oposição e o Poder Executivo para varrer a sujeira para debaixo dos tapetes que pavimentam os amplos espaços oficiais da capital federal. Existem muitos parlamentares que se mantém rigorosamente afastados de qualquer pretensa "aliança" cujo mote seja o da reciprocidade na blindagem. A ‘incolumidade dos presidentes' foi propalada como o pano de fundo de uma negociação que jamais prosperaria entre os parlamentares que possuem a consciência viva de que é necessário manter o Parlamento de pé.
A minha reação foi pronta e justa. Jamais compactuaria com os termos de um acordo espúrio, que conduziria a instituição a patamares soturnos, agravando o crescente distanciamento das Casas - Câmara e Senado - frente aos anseios da sociedade brasileira.
Não poupei esforços e fiz questão de vocalizar em diversos momentos a nossa postura intransigente diante da possibilidade ou mera hipótese de ‘compor para abafar'. Registrei da tribuna do Senado, repliquei idêntico posicionamento em reunião do bloco de oposição e até me atritei com um colega a quem devoto respeito, na busca de desqualificar o divulgado acordo. Portanto, a generalização nesse caso é irrefletida e não traduz um dado de realidade.
Não capitulo e irei à exaustão (se assim for preciso) repetindo: uma CPMI que nasce sob a égide de um acordo espúrio desmoraliza-se na sua instalação. Investigação que não alcança o centro do poder é desonesta. Ou se investiga sem limites, ou se estabelece a ação de cumplicidade no ato de acobertar a corrupção e proteger os desonestos.
Ratifico a necessidade de a oposição marchar coesa e imprimir uma tônica aguda em nome da dignidade. É inconcebível que paire qualquer questionamento sobre o comportamento de um bloco que pretenda ser enxergado e denominado de oposição democrática.
Em meio a marchas e contramarchas, seja qual for a deliberação que venha prevalecer, uma CPI deve ser instrumento a serviço da transparência que a população tanto almeja, expondo à luz do dia, em praça pública, eventuais irregularidades descobertas no uso generalizado dos cartões corporativos e na seqüência encaminhando ao Ministério Público, para a devida apreciação e, se for o caso, apresentação da denúncia formal.
Todos devem se recordar que, no decorrer das oitivas da CPMI dos Correios, antes mesmo da apresentação do relatório final, graças ao competente trabalho da imprensa brasileira, o Procurador Geral da República oferecia denúncia contra 40 entre os indiciados pela CPMI. Ninguém duvida que, em razão da qualidade da cobertura jornalística reservada à Comissão, foi possível instar o Ministério Público a uma ação criteriosa e célere. Houve determinação e ousadia em prol do restabelecimento da moralidade pública. Em boa hora, afinal a honradez também faz parte do acervo nacional.
A propósito, um emblemático personagem de nossa história, Mariano José Pereira da Fonseca, o inefável Marquês de Marica, nos brindou com a máxima de que a "insignificância é tão penosa para os homens que muitos procuram surgir dela de qualquer modo possível, ainda mesmo pelos crimes". Num País no qual um pedreiro é condenado pelo furto de uma carriola e de uma trena é preciso mais que do depressa dimensionar a licitude, notadamente na esfera pública.
Senador Alvaro Dias - 2º Vice Presidente do Senado, vice-líder do PSDB
A minha reação foi pronta e justa. Jamais compactuaria com os termos de um acordo espúrio, que conduziria a instituição a patamares soturnos, agravando o crescente distanciamento das Casas - Câmara e Senado - frente aos anseios da sociedade brasileira.
Não poupei esforços e fiz questão de vocalizar em diversos momentos a nossa postura intransigente diante da possibilidade ou mera hipótese de ‘compor para abafar'. Registrei da tribuna do Senado, repliquei idêntico posicionamento em reunião do bloco de oposição e até me atritei com um colega a quem devoto respeito, na busca de desqualificar o divulgado acordo. Portanto, a generalização nesse caso é irrefletida e não traduz um dado de realidade.
Não capitulo e irei à exaustão (se assim for preciso) repetindo: uma CPMI que nasce sob a égide de um acordo espúrio desmoraliza-se na sua instalação. Investigação que não alcança o centro do poder é desonesta. Ou se investiga sem limites, ou se estabelece a ação de cumplicidade no ato de acobertar a corrupção e proteger os desonestos.
Ratifico a necessidade de a oposição marchar coesa e imprimir uma tônica aguda em nome da dignidade. É inconcebível que paire qualquer questionamento sobre o comportamento de um bloco que pretenda ser enxergado e denominado de oposição democrática.
Em meio a marchas e contramarchas, seja qual for a deliberação que venha prevalecer, uma CPI deve ser instrumento a serviço da transparência que a população tanto almeja, expondo à luz do dia, em praça pública, eventuais irregularidades descobertas no uso generalizado dos cartões corporativos e na seqüência encaminhando ao Ministério Público, para a devida apreciação e, se for o caso, apresentação da denúncia formal.
Todos devem se recordar que, no decorrer das oitivas da CPMI dos Correios, antes mesmo da apresentação do relatório final, graças ao competente trabalho da imprensa brasileira, o Procurador Geral da República oferecia denúncia contra 40 entre os indiciados pela CPMI. Ninguém duvida que, em razão da qualidade da cobertura jornalística reservada à Comissão, foi possível instar o Ministério Público a uma ação criteriosa e célere. Houve determinação e ousadia em prol do restabelecimento da moralidade pública. Em boa hora, afinal a honradez também faz parte do acervo nacional.
A propósito, um emblemático personagem de nossa história, Mariano José Pereira da Fonseca, o inefável Marquês de Marica, nos brindou com a máxima de que a "insignificância é tão penosa para os homens que muitos procuram surgir dela de qualquer modo possível, ainda mesmo pelos crimes". Num País no qual um pedreiro é condenado pelo furto de uma carriola e de uma trena é preciso mais que do depressa dimensionar a licitude, notadamente na esfera pública.
Senador Alvaro Dias - 2º Vice Presidente do Senado, vice-líder do PSDB
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