É injustiça candente generalizar as críticas e imputar à oposição a pecha de adesista no episódio ainda inconcluso da criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito - CPMI - para investigar os desmandos nas compras com cartão corporativo. Posso reafirmar que é infundada a conclusão de que houve conluio entre a oposição e o Poder Executivo para varrer a sujeira para debaixo dos tapetes que pavimentam os amplos espaços oficiais da capital federal. Existem muitos parlamentares que se mantém rigorosamente afastados de qualquer pretensa "aliança" cujo mote seja o da reciprocidade na blindagem. A ‘incolumidade dos presidentes' foi propalada como o pano de fundo de uma negociação que jamais prosperaria entre os parlamentares que possuem a consciência viva de que é necessário manter o Parlamento de pé.
A minha reação foi pronta e justa. Jamais compactuaria com os termos de um acordo espúrio, que conduziria a instituição a patamares soturnos, agravando o crescente distanciamento das Casas - Câmara e Senado - frente aos anseios da sociedade brasileira.
Não poupei esforços e fiz questão de vocalizar em diversos momentos a nossa postura intransigente diante da possibilidade ou mera hipótese de ‘compor para abafar'. Registrei da tribuna do Senado, repliquei idêntico posicionamento em reunião do bloco de oposição e até me atritei com um colega a quem devoto respeito, na busca de desqualificar o divulgado acordo. Portanto, a generalização nesse caso é irrefletida e não traduz um dado de realidade.
Não capitulo e irei à exaustão (se assim for preciso) repetindo: uma CPMI que nasce sob a égide de um acordo espúrio desmoraliza-se na sua instalação. Investigação que não alcança o centro do poder é desonesta. Ou se investiga sem limites, ou se estabelece a ação de cumplicidade no ato de acobertar a corrupção e proteger os desonestos.
Ratifico a necessidade de a oposição marchar coesa e imprimir uma tônica aguda em nome da dignidade. É inconcebível que paire qualquer questionamento sobre o comportamento de um bloco que pretenda ser enxergado e denominado de oposição democrática.
Em meio a marchas e contramarchas, seja qual for a deliberação que venha prevalecer, uma CPI deve ser instrumento a serviço da transparência que a população tanto almeja, expondo à luz do dia, em praça pública, eventuais irregularidades descobertas no uso generalizado dos cartões corporativos e na seqüência encaminhando ao Ministério Público, para a devida apreciação e, se for o caso, apresentação da denúncia formal.
Todos devem se recordar que, no decorrer das oitivas da CPMI dos Correios, antes mesmo da apresentação do relatório final, graças ao competente trabalho da imprensa brasileira, o Procurador Geral da República oferecia denúncia contra 40 entre os indiciados pela CPMI. Ninguém duvida que, em razão da qualidade da cobertura jornalística reservada à Comissão, foi possível instar o Ministério Público a uma ação criteriosa e célere. Houve determinação e ousadia em prol do restabelecimento da moralidade pública. Em boa hora, afinal a honradez também faz parte do acervo nacional.
A propósito, um emblemático personagem de nossa história, Mariano José Pereira da Fonseca, o inefável Marquês de Marica, nos brindou com a máxima de que a "insignificância é tão penosa para os homens que muitos procuram surgir dela de qualquer modo possível, ainda mesmo pelos crimes". Num País no qual um pedreiro é condenado pelo furto de uma carriola e de uma trena é preciso mais que do depressa dimensionar a licitude, notadamente na esfera pública.
Senador Alvaro Dias - 2º Vice Presidente do Senado, vice-líder do PSDB
O Tenente Coronel Yngling - subcomandante do 3. regimento de cavalaria blindada do exército dos EUA, escreveu semanas atrás, um artigo - Generais sem Estrelas - na prestigiosa revista The New Yorker, criticando a cúpula do exército. O artigo teve grande repercussão, pois tem como cenografia a Guerra no Iraque.
Basicamente aponta para o preparo insuficiente na formação dos generais do exército dos EUA, vis a vis o papel que cumprem internacionalmente. Fala da acomodação em relação aos erros dos governos, fala de um sistema de promoções por proximidade, etc...
Inicia o artigo citando o teórico militar prussiano - Clausewitz (gravura acima). Mesmo sem citar sua assertiva famosa - a guerra é a política por outros meios, é esta a sua referencia. Este Blog acredita que a recíproca é verdadeira, ou seja, a política é a guerra por outros meios. Por isso usa, abaixo, alguns trechos do artigo, para ao reproduzi-los, insinuar analogia com a política especialmente com eleições.
1. Clausewitz assinalou os papéis da paixão, da probabilidade e da política num conflito (numa eleição dir-se-ia aqui).
2. O erro mais trágico que um general (líder) pode cometer é supor, sem muita reflexão, que as guerras (eleições), do futuro, serão parecidas com as do passado.
3. Os dirigentes políticos, sobretudo os eleitos, têm poderosos incentivos para se concentrar em questões mais próximas das preocupações imediatas do público.
4. Se para dizer o que pensa, o general (o líder), for esperar que a opinião pública e seus representantes eleitos, manifestem preocupação com as ameaças, terá esperado demais.
5. A coragem moral é muitas vezes inversamente proporcional à popularidade e em nenhum oficio essa observação é mais verdadeira do que na profissão das armas. A coragem física dos generais americanos não está em duvida, mas existe menos certeza no que se refere a sua coragem moral.
6. Na verdade, parte do problema está na tendência do Executivo a buscar colaboradores cordatos, bem adaptados a seu trabalho em equipe, para operar nos centros de comando.
7. Se o numero de inimigos que nossas operações militares (políticas) produzem, é maior do que o numero de inimigos que elas derrotam, não há quantidade de força capaz de nos fazer prevalecer.
Trechos de matéria no Le Monde de 1/02/08
1. Nos EUA assim como na GB, surgiu uma nova direita, populista, captando a ira dos mais carentes contra as elites. Esse fenômeno diz também respeito à França.
2. Thomas Frank (foto) procura explicar isso em seu livro ("Porque os pobres votam na direita") e escolheu o caminho da reportagem política. A ira popular não visa as elites econômicas, mas sim a esquerda, obrigatoriamente cosmopolita e arrogante. Ela odeia a verdadeira América.
3. Frank vai ouvir o jovem pregador Phill Kline, que eletriza as salas. Ele vai encontrar-se com o ex-soldado Mark Geitzen, líder de um grupo de celibatários cristãos, que vai de porta em porta, pedindo votos para a direita.
4. Frank insiste no brilhante lance dos conservadores que se reapropriaram de um tema amplamente abandonado pela esquerda, substituindo a luta de classes pela guerra cultural e dando prioridade aos valores. O que divide os americanos seria a autenticidade e não algo tão complexo e repugnante como a economia. Daí a marginalização dos temas próprios da esquerda como salários, proteção social...).
DICK MORRIS - diretor de marketing - DE DUAS CAPANHAS DO PRESIDENTE CLINTON - A GOVERNADOR E A ÚLTIMA A PRESIDENTE autor de livros sobre campanhas eleitorais, escreveu um longo artigo sobre a campanha presidencial nos EUA e o chamou de "2008 PASSO A PASSO"!
Obama está à frente de Hillary por 3 delegados, E a diferença entre eles vai ampliar-se. Hillary tem mostrado uma incapacidade de ganhar em estados sem grandes populações de imigrantes e de latinos. Já que 75% de todos os hispânicos encontram-se em cinco estados, que têm, apenas, um terço da população do país (Califórnia, Nova York Illinois, Flórida e Texas), o restante está levemente distribuído pelos outros 45 estados, raramente constituindo mais do que um décimo de sua população. Não é o suficiente para dar uma vantagem a Hillary.
Este processo dá a Obama uma vantagem entre os delegados de 236. A atual liderança de Hillary entre os “superdelegados” a coloca num ritmo para vencer por cerca de 160, o que não é suficiente para contrabalançar a vantagem de Obama. Também tenho sérias dúvidas, conhecendo a natureza da classe política, de que os “superdelegados”, em sua maior parte Deputados, Senadores e Governadores, votem de forma muito diferente dos seus respectivos distritos eleitorais que os elegeram. Dívidas em política não exigem que se cometa suicídio. Obama, como sugerem as previsões, vai acrescentar delegados e mais delegados até que, lenta, mas inexoravelmente, vença a indicação para candidato.
1. Entrem nos sites dos jornais - daqui e de alhures - de uns 9 meses atrás, e leiam o que diziam as pesquisas nos Estados Unidos. Hilary Clinton franca favorita entre os democratas. Romney, franco favorito entre os republicanos seguido de Giuliani. E leiam as mesmas pesquisas hoje nestes mesmos jornais.
2. Moral da historia: pesquisa muito antes da eleição é um sinal político importante. Ajuda a se entender melhor o ambiente político. Mas - garantidamente - não é pesquisa eleitoral. Eleição depende da PERFORMANCE das candidaturas. A pesquisa de meses antes informa de onde se parte. Mas nada garante sobre onde se chega. Nem sempre estar na primeira linha no grid de largada ajuda. Às vezes atrapalha.
3. Ghelen - diretor do BND - agência de informações - de Adenauer na Alemanha do final dos anos 50 e inicio dos 60 - dizia - coisas interessantes:
a) não se pode ganhar uma guerra só com slogans;
b) nunca beba na taça envenenada da contra-informação, pois é veneno letal;
c) não desista nunca;
d) uma infinidade de minúsculos detalhes podem - bem analisados - produzir inestimáveis informações;
e) toda organização sólida deve ter uma corrente inquebrantável de... elos invisíveis;
f) em vez de querer punir os derrotados, olhe para frente;
g) uma vez traidor, sempre traidor;
h) a discrição desconcerta o adversário;
i) lembre o lema do serviço secreto britânico: - toda noticia é má noticia, mesmo que seja sobre nós;
i) vai mal o líder que só quer ouvir boas noticias;
j) nem sempre se atinge o adversário diretamente; procure saber o que faz a cabeça dele, e faça a cabeça de quem faz a cabeça dele: é muito mais eficiente. (Assim foi com o uso do Der Spiegel contra Strauss - ministro da defesa). (Editora Bibliex).
Trechos do artigo - em El País - de Tomás Delclós - A internet Vota - onde fala das eleições na Espanha que se realizam em 9 de março e como a internet vem sendo usada e como deveria ser.
1. De todos os que encabeçam as listas para as próximas eleições, apenas cerca de 15%, tinham, em janeiro, algum tipo de espaço pessoal na Internet, de acordo o blog e-xaps. Agora, certamente o número é maior, mas isso só demonstra um interesse tão súbito quanto pouco confiável por esse meio de comunicação. Não são habitantes da Internet, usam-na somente em campanha. Nas épocas eleitorais, cabe aos políticos visitar um ou outro mercado, e, agora, é inevitável, a Internet. Para eles, fica claro que têm de estar nesse meio, mas, se na sua vida política não tem intimidade com o planeta digital, se trata de uma visita protocolar.
2. Enquanto se veja a Internet como um espaço para exibir as mensagens eleitorais, e não um território de ação política cotidiana, a presença dos líderes neste continente tão povoado terá algo de simulacro. É uma presença vicária, das equipes de campanha, fugaz, com mais vídeos do que conversas. Os políticos têm uma relação conflituosa com a Internet, porque, além disso, uma parte desta platéia mantém uma atitude claramente hostil em relação ao aparato político. Contudo, os partidos espanhóis estão abrindo áreas de diálogo digital.
3. A Internet é uma peça importante da campanha, mas também fica claro, como lembra José Frèche, responsável pelo site sarkozy.fr e que teve que vencer a luminosa blogosfera de Ségolène Royal, que ...” quem, afinal, ganha as eleições é o candidato”. A tarefa principal de um candidato é colocar as suas idéias. As réplicas são um estorvo, e, na Internet, há muitas, incontroláveis, e, muitas vezes, antipáticas. O esforço da equipe que gerencia a página para argumentar a favor da posição é enorme.
4. O presidente da Google, Eric Schmidt, é um dos que crêem que a Internet ainda não modifica o voto, mas que isto não tardará. Se a televisão criou a atual geração de políticos, pergunta-se Schmidt, o que fará a Internet com a próxima geração? E anuncia ferramentas maliciosas, como um previsor da verdade, que, diante de qualquer declaração de um candidato permitirá ao internauta clicar um ícone para saber se o que está dizendo é verdade ou mentira.
5. Trippi, em seu livro, reduz o papel da televisão: “É ótima para ver Law and Order mas não é boa para fazer leis e manter a ordem.” Mas a convergência das telas pode corrigir esta profecia. Em julho e novembro do ano passado, tanto a cadeia CNN quanto o YouTube organizaram debates com os candidatos democratas e republicanos às primárias. As perguntas eram enviadas por vídeo para o YouTube e respondidas ao vivo em uma sessão televisionada. Depois, no YouTube, os internautas analisavam as respostas...
6. É lógico, portanto, que os partidos pensem na Internet como terreno cativo deste voto difícil, mas se equivocarão se apenas transladarem os truques da mercadotecnia política existente. Nos Estados Unidos há uma literatura muito ampla que aplica o conceito de open source (código aberto) à dinâmica política. Com diferente grau de euforia e de realismo ao seu alcance, transladam a filosofia deste movimento do software para a política. O open source consiste em programas de código aberto, acessível, que qualquer voluntário pode modificar, corrigir os erros, aproveitar e reverter a comunidade.
7. A política pressuporia um modelo participativo que combatesse, nas palavras de Micah Sifry, as organizações egocêntricas a favor de uma prática política na rede, mais participativa. Veremos.
DUAS DECLARAÇÕES
Ainda soam bem claro nos meus ouvidos duas estúpidas declarações, gritadas repetidamente aos quatro ventos por milhares de ignorantes brasileiros, exigindo o Calote da nossa Dívida Externa! e o Fora FMI!
FESTEJO
Lembro também que, no governo Sarney, quando o Brasil decretou o calote, os mesmos ignorantes festejaram a decisão. E o resultado, como é sabido, foi triste demais para o país. Os investidores caíram fora e os financiamentos sumiram. E os poucos empréstimos que conseguimos obter chegaram com custos muito elevados. Tudo conforme o risco que o Brasil representava.
JUÍZO
Independente de qualquer simpatia por este ou aquele governante, o fato é que a partir do governo de FHC é que o Brasil tomou juízo e acertou melhor o rumo. Os acordos com o FMI e o Clube de Paris foram assinados com comprometimento. Faltou, na ocasião, a adoção da flutuação cambial, que apontei desde o primeiro momento.
FLUTUAÇÃO CAMBIAL
Hoje já temos a comprovação de que os acertos aconteceram. A partir da flutuação cambial, quando o governo transferiu para o investidor o risco da flutuação do dólar, as remessas financeiras para o Brasil passaram a ser melhor avaliadas. Entre tantas providências, esta foi muito importante.
CREDIBILIDADE
Para felicidade geral da Nação, e das Nações que estão apostando no Brasil, na área econômica o presidente Lula preferiu se manter afastado. Merece aplausos por ter colocado Henrique Meireles no BC. Com forte blindagem Meireles fez exatamente aquilo que o país precisava: ganhar credibilidade econômica.
RESERVAS INTERNACIONAIS
O resultado aí está: no âmbito externo o nosso saldo é credor. O governo deve pouco lá fora, e os empréstimos internacionais feitos pela iniciativa privada constituem reservas. Para cada centavo internado, o governo emite moeda nacional e a moeda estrangeira fica depositada em forma de reserva.
INVESTIMENT GRADE
Pergunto: é melhor fazer uma correta administração e ganhar credibilidade, ou o máximo é ficar bradando pelo calote da dívida? Com a palavra os inteligentes, pois os ignorantes não entendem da arte de administrar. Da minha parte informo que estou estufando os pulmões, para gritar aos quatro ventos, da minha satisfação quando o Brasil receber o INVESTMENT GRADE.
RECESSÃO AMERICANA
O surpreendentemente fraco índice de atividade regional divulgado ontem, pelo Fed da Filadélfia, indica que os EUA poderão sofrer uma recessão tão profunda quanto a de 1990 e muito pior do que a 2001. A opinião é dos economistas Sheryl King e David A. Rosenberg, do Merrill Lynch. Eles afirmam que o debate não é mais se a economia está em recessão, mas sobre quão duro o pouso será.
Fonte: PONTOCRÍTICO.COM
Miami Herald e La Nacion
Os conselheiros para os americanos latinos mais influentes, do provável candidato presidencial, John McCain tem algo em comum: quase todos são cubano-americanos da Flórida. Eles aconselharam McCain durante os últimos meses em tópicos regionais eles mencionam ao senador cubano-americano da Flórida, Mel Martínez, e para os congressistas da mesma origem Lincoln Díaz Balart, Mario Díaz Balart e Ileana Ross Lehtinen. O pequeno anúncio antes do primário de 29 de janeiro na Flórida, também contribuiu para vitória esmagandora alcançada pelo pré-candidato republicano entre os hispânicos, e que viajou "dúzias de vezes" para a América Latina, muito mais que os candidatos democráticas. McCain me falou que é contra os subsídios agrícolas americanos, especialmente esses dos produtores de açúcar americanos em detrimento dos consumidores americanos e dos exportadores americanos latinos. Minha opinião: McCain seria, entre os candidatos republicanos, o melhor - ou o menos ruim - para a América Latina e para os hispânicos dos Estados Unidos.
Sou contador e trabalho em um ministério, que não vou citar para não sofrer perseguição. Um dado que não tem sido divulgado, é que as informações sobre o uso de cartões se referem às faturas no Banco do Brasil. Os cartões são entregues a seus titulares, quase sempre, sem que a despesa relativa tenha sido empenhada. O Banco do Brasil naturalmente debita nas contas do Tesouro, que dão cobertura automática. Mas os titulares não estão preocupados se há empenho prévio para estas despesas. Em geral a cobertura orçamentária é dada depois da despesa realizada. Realizar despesa sem empenho é grave irregularidade no setor publico. A forma de corrigir é o reconhecimento a posteriori da despesa e a justificativa de urgência, em cada caso. Nada disso é feito. Uma auditoria no uso desses cartões vai demonstrar isso: não há empenho prévio. Aqui no ministério é assim. Perguntei a colegas em outros ministérios, que confirmaram a mesma coisa. Se o TCU abrir auditoria vai ter muita gente tendo que responder a processo.
O cientista político americano Francis Fukuyama (foto) surpreendeu o mundo, em 1989, ao anunciar que o capitalismo e a democracia burguesa representariam o ápice da História da Humanidade. No célebre ensaio "O Fim da História", Fukuyama sustentava que o século XX seria o apogeu da civilização, com a desintegração da União Soviética simbolizando o triunfo da democracia liberal ocidental sobre todos os outros sistemas. A derrocada do fascismo e do socialismo como alternativas globais teria deixado, segundo ele, apenas um nacionalismo residual, incapaz de aglutinar um projeto para a Humanidade e o fundamentalismo islâmico. Este, na visão de Fukuyama, confinado ao Oriente e aos países periféricos.
A pretensão do ensaio, hoje, o guarda como uma peça de museu. O mundo liberal que se visualizava soa até naif diante das contradições que ampliaram as diferenças em vez de democratizar as vantagens. O propalado triunfo liberal não resiste às discussões sobre protecionismo e isolacionismo. E estes são justamente os dois temas de um artigo de Fukuyama para o jornal britânico The Guardian.
Na análise, não há espaço para classificar o atual cenário dos Estados Unidos em relação ao resto do mundo da mesma forma como fora idealizado naquela época de grandes rupturas históricas. Sumiram do discurso os sinais da vitória do liberalismo, tendo sido substituídos pela preocupação no caso de uma debácle (já não tão impossível assim) da intervenção americana no Iraque.
O triunfal deu lugar ao pessimista. Fukuyama adverte, por um lado, que a consolidação do país árabe mostrará, aos olhos do mundo, que a guerra em nome da Pax Americana foi bem sucedida. O sucesso poderia ser visto como uma etiqueta a ser pregada em toda a bagagem que a administração Bush carregou no projeto, "incluindo seu unilateralismo, o uso da força e a incompetência na execução do pós-conflito".
Para os que torcem contra, segundo ele, a derrota serviria para desencorajar novas intervenções no futuro. Mas essa é uma visão tão naif quanto o artigo original. Traria, na verdade, consequências políticas mais graves na forma como a maior potência do planeta passaria a lidar com os problemas internacionais. Francis Fukuyama cita como exemplo o comportamento indiferente da imprensa americana no caso das charges de Maomé para mostrar de que maneira o rift entre EUA e Europa se ampliou com o episódio. Haverá reflexos políticos disso, sempre no sentido de afastar, não do de reunir, de aproximar.
Outro exemplo gritante afeta diretamente a economia globalizada, corroendo os princípios defendidos no "Fim da História". O recuo no contrato que cedia portos americanos a uma empresa árabe, por alegadas razões de segurança e medo do terrorismo, sinaliza uma propensão gigantesca ao isolacionismo econômico, impressionante sobretudo pelo fato de ter sido objeto de uma pressão conjunta de democratas e republicanos. A aliança nesse caso se deu nas bases nacionalistas, não no pragmatismo liberal. A decisão, além de gerar enorme ressentimento no mundo muçulmano, corrói os pilares da globalização econômica sobre os quais, segundo Fukuyamna, brilhou a glória do triunfo liberal de 1989.
TRABALHO CIENTÍFICO
O Latinobarómetro, instituto de pesquisas com sede em Santiago, Chile, desde 1995 vem monitorando 18 países da América Latina, sistematicamente, o apoio popular à democracia, as expectativas econômicas da população e a satisfação com seus governantes.
ENTREVISTAA propósito, a diretora do Latinobarómetro, Marta Lagos (foto), muito recentemente concedeu uma ótima e esclarecedora entrevista à revista Veja, sobre a qual todos os brasileiros deveriam tomar conhecimento.
MUDANÇAS
Uma das coisas que mais me chamou a atenção em tudo que Marta Lagos disse, se refere às maneiras de produzir mudanças num país. Uma delas é a guerra, onde a Europa mudou através delas. Outra é por reformas paulatinas, o que a maioria dos países latinos vem fazendo, inclusive o Brasil.
REVOLUÇÕES PÍFIAS
Na realidade os paises latinos, à exceção do Chile, só fizeram revoluções pífias. Nenhuma delas resultou na solução adequada dos problemas principais. O caso de Cuba, no entanto, ainda foi muito pior: carregou todos os cubanos para a miséria completa. E muita gente, inexplicavelmente, ainda adora Che Guevara e Fidel Castro como que reverenciando seus feitos.
MERCANTILISMO
Enquanto os latinos resolveram demonizar por completo o capitalismo, e rotular os pequenos avanços como atitudes neoliberais, o Latinobarómetro identifica que nenhum país da América do Sul possui um mercado realmente livre, competitivo, aberto e transparente. Ainda há muitos cartéis e atividades típicas de um sistema mercantilista.
MENTALIDADE COMPETITIVA
Falta, enfim, para a América Latina, uma mentalidade econômica competitiva, como já acontece na Europa (incluindo os países que ingressaram recentemente na União Européia), nos EUA (desde sempre) e já está acontecendo na Ásia.
EXPECTATIVA
Ao invés de produzirmos mudanças que possam melhorar definitivamente a vida das pessoas, ainda preferimos viver na expectativa de que as novas gerações vão se encarregar disto. Empurramos sempre para frente a possibilidade de uma melhor identificação com os países do primeiro mundo.
Fonte: PONTOCRÍTICO.COM
1. O cartão corporativo é um membro de uma grande família de adiantamentos, fundos rotativos, etc... etc... Seria uma versão eletrônica de suplementação de fundos, automatica. Por isso mesmo, deveria exigir um cuidado ainda maior.
2. No caso da implementação do Cartão Corporativo pelo Governo Lula, há erros graves. Por exemplo, os que o movimentam não terem sido treinados para isso ou não haver uma norma escrita de uso que cada um deveria receber e assinar.
3. Desta forma, ao não haver regra nem documento, a responsabilidade total recai sobre a autoridade que autorizou o servidor ou comissionado, usá-lo, entregando-o sem regras.
4. Os governos que usam adequadamente o sistema de suprimento de fundos, de fundo rotativo... ou similar, atribuem o fundo rotativo ao órgão e não a pessoa, e credenciam pessoa ou pessoas, a movimentarem pelo órgão.
5. Sendo feito assim, um fundo rotativo - mesmo que na modalidade de cartão - alocado a uma escola, ou hospital, ou... e movimentado por uma pessoa, nunca permitiria a compra de aparelhos de ginástica, o conserto de mesa de sinuca, almoços em churrascaria, compras em free-shop e absurdos de estilo, como foram feitos.
6. A responsabilidade delituosa é objetiva, e independente de intenções. Nesse caso as responsabilidades recaem sobre a autoridade maior que autorizou o uso de cartões corporativos, sem critérios e sem alocá-los aos órgãos, atribuindo às pessoas, a mera movimentação.
7. Mais grave quando há previsibilidade do uso, e esta não veio acompanhada por uma licitação, como no caso do combustível do avião do presidente, que poderia ser contratado internacionalmente por licitação, com prazo definido de pagamento. Imaginem os pilotos de companhias aéreas pagando o combustível com cartão?
David Axelrod: "Meu trabalho é apresentar o candidato tal qual é. Obama é um líder carismático capaz de encarnar a mudança. Se ele não acreditasse nisso não seria capaz de encarnar esse papel. Eu ajudo a fazer-se entender, mas nunca a conferir a ele qualidades que já não tenha. Nunca pensei em ser um especialista, nem me investir de uma missão especial para vencer as barreiras raciais. Eu não vejo o candidato como uma estrela. A qualidade de uma campanha repousa sobretudo no valor do candidato. Eu penso que os americanos estão cansados da guerrilha política de Washington."
David Axerold tem 52 anos, nasceu em NY, e vem de uma família de esquerda. Seu pai era psicólogo, fugiu do holocausto e se suicidou quando David tinha 9 anos. Sua mãe é jornalista e transmitiu a ele, a vocação. É diplomado em Ciência Política e Jornalismo. Estudou na Universidade de Chicago, onde tem seu escritório de trabalho. Tornou-se um cronista conhecido, no Chicago Tribune. Em 1984 iniciou trabalho de assessoria e foi chefe de campanha de P. Simon candidato democrata ao parlamento. Sua empresa é a AKP & D Message & Media onde trabalha com onze pessoas. Em 42 campanhas eleitorais venceu 33 ou 78%.
Clique aqui para ver e ouvir famosos cantando o tema de campanha de Barak Obama.
Uma empresa qualquer emite bônus para financiar-se, os bancos investem nestes bônus e garantem este risco por meio das monolines. Rebaixar a qualificação de uma das monolines mais importantes indica aos investidores e aos mercados que existe a possibilidade de que a mesma não possa atender aos riscos contraídos.
Se a crise financeira se transladasse dos grandes bancos norte-americanos (Citigroup, Merrill Lynch, JP Morgan, Bank of America) para outro setor tão considerável quanto o das seguradoras de bônus, isto significaria que a metástase avançou. A partir deste momento, seria legítimo perguntar, por exemplo, quanto tempo demorará para que apareça um hedge fund (fundos de alto risco) contaminado, também, pelo mesmo problema.
A inovação financeira destes últimos tempos tem consistido, entre outros aspectos, em parcelar, repartir e transformar o risco de modo sistemático; há produtos financeiros que são empacotados até sete ou oito vezes, e, a seguir, se titularizam. Que há dentro deles? Qual a sua composição, as suas entranhas? Ainda uma vez, ninguém sabe quem tem o que.
Na crise das hipotecas loucas, ocorrem três singularidades, que a distingue da maioria das convulsões anteriores: a primeira, que a contaminação emerge do âmago do sistema – Estados Unidos e a aristocracia financeira de Wall Street - não dos países emergentes, como em muitos dos episódios anteriores. A segunda, que os contaminados são os Estados do Primeiro Mundo, basicamente os europeus.
A terceira singularidade é a mais original: os salvadores dos bancos em crise com necessidades urgentes da capitalização são os países emergentes, através dos fundos soberanos de riqueza (sovereign-wealth funds), são empresas de capital público daqueles países (China, Arábia Saudita, Abu Dhabi, etc...), que têm gigantescas reservas de divisas pelo fato de possuírem matérias primas com os preços em alta, fundamentalmente petróleo, e que investem parte das primeiras em bancos e empresas privadas do Primeiro Mundo, sem participar da gestão das mesmas. O paradoxo é evidente: a periferia corre para salvar o centro do sistema.
Quando se conhecerá a profundidade e a extensão da crise das hipotecas subprime? Ao aparecerem os primeiros casos de entidades financeiras contaminadas, no final do mês de julho passado, foi dito que a data oportuna seria no momento de tornar públicas as contas parciais dos bancos, no último trimestre de 2007. Nestas semanas, estão sendo publicadas as contas bancárias correspondentes a todo o ano de 2007 e há muitas entidades internacionais que anunciam resultados muito inferiores aos previstos, atribuíveis à crise em questão. Mas os mercados não acreditam nisso e opinam, com sua tremenda desconfiança, que certamente surgirão novos números vermelhos.
Até que os auditores emitam seus informes normativos, não mudará o ambiente. E isto será a partir do mês de abril. Fevereiro e março serão meses muito difíceis em relação à percepção do problema, que, definitivamente, são os excessos da inovação. A partir do quarto mês do ano, deveria ser conhecida a dimensão dos rombos, o verdadeiro valor das titulações (os colaterais) e as repercussões da possível quebra destes veículos financeiros nos balanços dos bancos.
FALTA DE ESCLARECIMENTO
Até agora a imprensa cada vez mais ideológica e menos informativa, não fez questão de explicar que o rombo de bilhões de euros do Societé Generale, que teve como responsável o operador de índices futuros Jerôme Kerviel (foto), não significou um roubo pessoal. O dinheiro saído do caixa da instituição não foi parar no bolso dele.
COMO CONVÉM
Aqueles que detestam o capitalismo acima de tudo demonstraram, mais uma vez, a vasta ignorância típica dos socialistas através das mensagens de cumprimentos enviadas a Jerôme. Provaram, embora sem o registro da mídia, que não sabem coisa alguma de operações com índices futuros. E muito menos quem foi Robin Hood. Confundiram tudo, como sempre lhes convém.
COMPENSAÇÕES
Nos mercados futuros, o prejuízo de um investidor/especulador é sempre exatamente igual ao ganho de (um ou mais) quem está na ponta contrária. Tudo porque, diariamente, são feitos os encontros de conta, através das câmaras de compensações das Bolsas que operam com mercados futuros.
AJUSTES FINANCEIROS
A partir daí os ajustes financeiros, decorrentes da compensação, são desembolsados pelos perdedores e enviados aos ganhadores. Os valores pagos e recebidos têm por base sempre a diferença de preço (cotação) do fechamento do dia em relação ao dia anterior.
ALÇADA
Portanto, operações com ações e qualquer ativo ou mercadoria, nos mercados a vista ou futuro, só são possíveis onde há capitalismo de mercado. Se o Societé Generale perdeu é porque não limitou a alçada conferida ao seu operador, que foi grande demais. E ainda permitiu que ele apostasse contra a tendência.
PERDA DOS ACIONISTAS
O capitalismo, gente, não perdeu coisa alguma. Assim como o Estado com seus contribuintes. As perdas foram só dos acionistas do Societé Generale, como acontece de resto na iniciativa privada. Nas empresas públicas é diferente, pois os acionistas são os contribuintes de impostos.
ROBIN HOOD
Para finalizar é bom que se esclareça que Robin Hood não era socialista. Não roubava dos ricos para entregar o produto aos pobres. Indignado com tantos impostos, Robin Hood roubava do reino para distribuir aos contribuintes. Os historiadores é que fazem questão de dizer que tudo ia para os pobres. O que é bem admissível, diante de tanta ganância tributária.
Fonte: PONTOCRÍTICO.COM
Le Monde 30 de janeiro de 2007! Trechos da matéria.
O uso da expressão - porta giratória - parece muito apropriado para nossas grandes cidades e - alhures...
1. Atualmente, todos estão de acordo quanto à necessidade de rever as políticas a favor dos desabrigados. “Os princípios são irrepreensíveis, mas o sistema não funciona”, assim escreveu o júri da conferência de consenso, organizada pela Federação Nacional das Associações de Reinclusão Social (Fnars). Apesar de uma alta anual quase constante das verbas, o número de desabrigados não diminui. Na verdade, todo o sistema de ajuda está obstruído, já que a demanda de abrigo ultrapassa a oferta.
2. “Neste jogo, a grande maioria perde, e os atores sociais ficam esbaforidos e se desesperam”, escreve o júri da conferência de consenso. “Em lugar de um caminho rumo à inserção definitiva, ao ser oferecida uma moradia, o retorno à independência (o sistema) propõe (...) um dispositivo de “portas giratórias”, pelo qual a pessoa desabrigada, socorrida por um tempo, abrigada, tratada, parte novamente rumo à rua, mais duramente ainda do que antes, já que, no ínterim, a maior parte da esperança e de desejo acabou, prossegue ele. Se sair da rua é sair por cima, então aquela saída é claramente minoritária atualmente, ao contrário do que certo número de países conseguiu realizar”.
Em pronunciamento no plenário, nesta sexta-feira (08/02), o senador Alvaro Dias (PSDB/PR) cobrou do Senado a adoção de providências judiciais contra o governo, que se recusa a enviar ao Senado dados sobre os gastos com cartões corporativos. O primeiro requerimento do senador solicitando as informações foi aprovado em 2005, mas a Casa Civil da presidência da República alegou que os dados eram sigilosos: "Estamos sendo impedidos de fiscalizar o governo, e cabe ao presidente desta Casa adotar as providências que a lei impõe. É crime de responsabilidade previsto na Constituição. Há necessidade de responsabilização, e é o que estamos solicitando, diante da gravidade da situação".
Mesa analisa requerimento na próxima semana
A Mesa Diretora do Senado deve analisar, na próxima semana, o requerimento de Alvaro Dias dando um prazo de 10 dias para que a presidência encaminhe os dados. No discurso, o senador lembrou as várias tentativas de conseguir as informações, desde que a assessoria dele descobriu notas frias na comprovação dos gastos com cartões: "Eram notas fiscais frias que justificavam o saque de dinheiro vivo no caixa eletrônico com a utilização dos cartões corporativos da presidência da República. Descobrimos que a empresa que fornecia as notas fiscais era de fachada". A partir dessa descoberta, a Casa Civil alegou vários obstáculos para que o Senado tivesse acesso aos dados. "O que estamos solicitando agora não é aprovação para um novo pedido de informações à presidência da República, mas que a Mesa do Senado Federal faça cumprir o dispositivo constitucional em defesa de uma prerrogativa que não nos pertence e, sim, à sociedade brasileira. Cabe ao Senado Federal, como uma das suas atividades precípuas essenciais, a fiscalização do Poder Executivo".
Crime de responsabilidade
Alvaro Dias solicitou que seja encaminhado um ofício da presidência do Senado à ministra Chefe da Casa Civil e ao presidente da República, advertindo-os para as implicações de sua postura e, em caso da manutenção da negativa de acesso, que seja feita uma representação ao Ministério Publico para responsabilizar as autoridades: "Não me importa a auditoria já realizada pelo Tribunal de Contas da União. Ela não é suficiente. Ela é incompleta. Não é este o foco do requerimento que fiz, avalizado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. O foco é outro: é o desrespeito a uma prerrogativa constitucional do Senado Federal. O presidente da República, quem sabe, a Ministra Chefe da Casa Civil, com certeza, e o Secretário da presidência da República cometeram crime de responsabilidade e nós estamos solicitando à Presidência do Senado Federal que adote as providências judiciais cabíveis neste caso. Ou o Senado defende essas prerrogativas ou se agacha ainda mais".
CPI quer impedir investigações
O senador também disse que a iniciativa do governo de propor uma CPI ampla é uma manobra para, na verdade, impedir as investigações: "O que deseja o líder do governo é obstruir as investigações que se pretende realizar através de uma CPI mista, com fato determinado e específico, para investigar o uso desonesto dos cartões corporativos durante o mandato do Presidente Lula. O PT alega que houve desvios no passado. Por que não os investigou a tempo? Se desvios aconteceram, cabia ao PT, na oposição, investigar e denunciar. Nunca se ouviu denúncia qualquer a respeito da malversação na utilização de cartões corporativos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Querem investigar o passado? Que investiguem, mas instalem uma CPI própria para tal. Não vamos mistificar para que não se abra essa caixa-preta, onde se escondem os mistérios da presidência da República na utilização dos cartões corporativos - e lá são 150 cartões utilizados! Que não se estabeleça a confusão também ao afirmar, como se afirmou aqui ontem, que o Governo de São Paulo se utiliza de cartões corporativos. Lá não há cartão".
Trechos do artigo, publicado dia 27/01/08 em La Nacion, o politólogo e historiador argentino Natalio Botana, comentando a crise e a reunião de Davos, fala de quatro poderes, incluindo a área monetária (excluindo a imprensa)!
1. De alguma maneira, esta montagem quadripartilhada de poder (Executivo, Legislativo, Judiciário e Monetário) envolve as incertezas de hoje. Por onde se os vejam, os países parecem cada dia mais regidos por este novo esquema. Na Europa, Sarkozy projeta sua teatral liderança na direção dos quatro pontos cardeais, ou Romano Prodi abandona o governo protagonizando um de tantas pantomimas parlamentares a que, há seis décadas, nos acostumou à política italiana.
2. Mas tanto o presidente francês, quanto o ex primeiro ministro italiano não tem jurisdição sobre a política monetária que, como sabemos, está em mãos do Banco Central Europeu. Este desenho nos convida a refletir acerca do destino desta combinação de elementos aristocráticos (os especialistas de mercado financeiro) e democráticos (os governantes eleitos).
3. Por enquanto, esta fórmula mista apresenta alguns sinais de fadiga quanto ao modo interno de gerenciar uma crise ou uma recessão. Mais graves são os sintomas referentes à configuração planetária de esta simbiose entre o poder político e o poder monetário. Esta perspectiva histórica é vital para pelo menos entrever com cautela o que poderá ocorrer.
MOMO
Encerrado o período carnavalesco, o povo, os especialistas e a imprensa, como de costume, trataram de eleger os Blocos e Escolas de Samba que mais se destacaram. Tudo de acordo com a importância que as festas de Momo produzem junto a sociedade brasileira.
LIMITES
Aliás, não há a menor dúvida de que o carnaval e o futebol são as coisas que a maioria dos brasileiros leva realmente a sério. Se para tudo a tolerância até pode ser infinita, quando o assunto é carnaval e futebol aí há limites que precisam ser muito bem respeitados.
TRÊS GRANDES BLOCOS
Mas, independente de clubes de futebol e de blocos e escolas carnavalescas, o fato é que todos aqueles que vivem no Brasil já participam de um dos três grandes blocos que saem às ruas todos os dias, em todas as cidades do país.
CONHECIDOS
Os três grandes grupos, ou blocos, já são bem conhecidos e se definem como: 1- o Bloco dos Conformados; 2- o Bloco dos Inconformados; e, 3- o Bloco dos Bandalhos (com suas várias alas repletas de privilegiados).
OS CONFORMADOS
Os Conformados são aqueles que nunca se manifestam. Mesmo quando devidamente informados de que estão sendo explorados sempre crêem que tudo acontece exclusivamente por obra do destino. Os mais religiosos vão mais além: acreditam que tudo acontece por vontade divina. Que Deus Nosso Senhor é quem reserva o destino de todos nós.
OS INCONFORMADOS
Já os Inconformados são aqueles que só diferem dos Conformados porque gritam, esbravejam. Fazem isto, porém, sempre na forma individual, quando se vêem como bobos e pagadores das conta dos privilegiados e bandalhos. Como não se organizam para tentar algum sucesso, nunca passam de meros inconformados. Ou seja, nunca tomam qualquer atitude.
OS BANDALHOS
Os Bandalhos, com suas múltiplas alas, são os espertos que já perceberam a passividade dos Conformados e a incapacidade de reação dos Inconformados. Diante de tanta idiotice deitam e rolam à vontade. Gastam desmesuradamente, roubam escancaradamente e fazem tudo aquilo que bem entendem às custas dos Conformados e dos Inconformados.
CARTÕES CORPORATIVOS - Depois de vários escândalos que já serviram para testar e explicar a infinita paciência e a falta de reação dos componentes dos Blocos dos Conformados e dos Inconformados, o mais recente é o que trata do uso dos Cartões Corporativos por parte de alguns dos Bandalhos. Pois, depois de divulgada a enorme folia (pela imprensa) promovida com o dinheiro público, nada aconteceu, gente. Nenhum deles sequer levou uma surra.
Com poucas esperanças ainda espero que alguém fale mais alto do que esta coluna vem dizendo: que Deus Nosso Senhor não escolhe destino para quem quer que seja. Esta é uma tarefa que só cabe aos cidadãos. Espero, enfim, que o povo ainda se organize para dar um basta na bandalheira. Do jeito que as coisas estão, só com radicalismo para acabar com a raça de tanta gente safada e malvada. Gente que confunde o agir dentro da lei mesmo sabendo que muitas leis foram feitas sem qualquer princípio de honestidade.
O filme O Gângster que estreou dias atrás, deve ser visto, especialmente por policiais, autoridades na área de segurança pública e políticos. É uma historia real de um capo negro do crime organizado em base ao trafico de drogas (heroína), em NY, que - em seu período - 1968 e 1974 - supera a máfia italiana do mesmo negócio. Este Blog não vai estragar a festa de quem não viu, mas gostaria de sublinhar dois aspectos: o crime organizado só funciona como para-estado, quando, tanto na recepção da droga, quanto em sua distribuição, conta com a cumplicidade das altas esferas policiais e/ou militares. Finalmente, vale registrar que o inicio da mudança da polícia de NY está aí, com a denuncia/identificação/prisão de dezenas e dezenas de policiais. E para não esquecer: externalidades de riqueza são sempre um indicio acusatório.
1. Pediram minha opinião sobre a crise atual. nunca fui economista profissional. Mas quando o assunto é economia minha referência era um conhecido economista polonês: M. Kalecki. Se valem as idéias de Kalecki, a redução da taxa de juros nos EUA tem um objetivo externo - evitar a revoada de capitais dos países em desenvolvimento - o que daria à crise um caráter dramático. 2. Kalecki dizia que a tomada de decisões de investimento (motor da dinâmica econômica) é dada a cada momento. E nesse sentido, está dada. Em que reduzir a taxa de juros pelo FED não afetará esta dinâmica econômica. Pode reduzir os danos, especialmente fora dos EUA. Talvez por isso o BCE - banco central europeu - não tenha tocado na taxa de juros. 3. Kalecki (foto) lembrava que o que parece crise estritamente financeira, em geral é crise econômica projetada e antecipada pelo capital financeiro, muito mais ágil. Sendo assim o que se deve discutir é o tamanho desta recessão e seu impacto geral.
4. No Brasil, o cambio flutuante não garante mais do que sinais sobre sua própria tendência. Na medida em que fique claro que a recessão nos EUA, ficará abaixo dos 2% antes projetados de crescimento, a tendência do real será desvalorizar, e o governo terá que acelerar esta tendência. Portanto, a contrapartida do governo brasileiro à queda da taxa de juros-base nos EUA, será aumentar a taxa Selic. Se tivesse coragem teria feito isso. Perdeu tempo.
5. Um real mais desvalorizado (proteger a receita dos exportadores num quadro de comercio mundial declinante, reduzindo o impacto da recessão nos EUA), e uma taxa de juros maior, inevitavelmente terão o efeito de uma inflação maior. Como esta já vinha aumentando, o efeito será mais forte e mais rápido, o que exigirá mais ortodoxia com a taxa de juros.
6. Conseqüência: na margem, a economia brasileira vai desacelerar. Ou seja, o provável é que a taxa de crescimento do segundo semestre de 2008, já esteja, e se tudo der certo, na casa dos 3%. Os juros maiores pesarão nas contas fiscais. O que exigirá mais rigor fiscal do governo.
7. E tudo isso num ano eleitoral básico como o de 2008 onde a vontade de gastar, aumenta.
1. A política brasileira, desde o Império, tem seu eixo central de disputa do poder, entre conservadores e liberais, sejam mais a direita ou mais a esquerda. Curiosamente a expressão liberal, na historia política do Brasil, nunca teve nada a ver com mercado, como matriz. No Império se dizia que nada mais parecido com um conservador no governo, que um liberal. Essa era uma conclusão equivocada que tinha como referencia a disjuntiva política européia, desde o século 19, passando pelo século 20.
2. No Brasil os Liberais sempre se caracterizaram por duas questões centrais: a Federação e o balanço equilibrado entre Legislativo e Executivo. Por seu turno, os conservadores apoiavam-se num Estado Centralizador e num Executivo Forte passando por cima do legislativo. O Império caiu pela insistência dos Conservadores em garantir seus paradigmas básicos.
3. É essa disjuntiva que continua permeando a política brasileira independente das nomenclaturas partidárias. Todas as outras questões são derivadas. O Brasil vive há alguns anos um processo de desintegração da Federação e do Legislativo. O Senado não cumpre suas funções constitucionais de representação e coordenação da Federação. Transformou-se numa poderosa Câmara de Deputados de 81 parlamentares. Suas funções constitucionais são invadidas pelo Ministério da Fazenda que incorporando - manu militari - as atribuições do Senado, tornou-se o árbitro da Federação, assumindo papel regulamentador e até legislador ao se atribuir decisões, e um poder, que a constituição não lha faculta.
4. O Executivo em sua forma de constituir uma base parlamentar majoritária avilta e humilha o Legislativo, com mensalões, emendas, cargos e trocas de favores. O Legislativo chegou a um ponto que nem suas funções constitucionais fundamentais - legislar e fiscalizar -, cumpre.
5. Uma lei aprovada só tem seu ciclo completo quando eventuais vetos são votados pelo Congresso. Há uns oito anos que o Congresso não vota os vetos do Executivo. São milhares de dispositivos incompletos que enchem uma sala. As leis ficam incompletas porque não tem os vetos votados pelo Congresso. Por outro lado as Contas do Governo também não são votadas há uns oito anos. A votação das Contas do governo é que completa a função constitucional de fiscalização do Congresso.
6. Os Liberais - na forma que assumiram na historia política do Brasil nos últimos 200 anos - afirmam sua condição defendendo o resgate da Federação e do Legislativo enquanto poder efetivo. É nesses pontos que a luta política no Brasil vai se tornando mais clara, em torno dos quais a oposição parlamentar hoje passa a se organizar, e que estarão condicionando a política na direção de 2010.
DOENÇA
O mercado de capitais está doente? Não! Quem está apresentando um estado doentio neste momento é o consumidor americano. Portanto, tudo o que estamos assistindo, e que está perfeitamente identificado e materializado através dos índices de todas as bolsas de valores, se resume da seguinte forma: enquanto o doente não for curado da sua capacidade, vontade e possibilidade de consumir, o mundo todo vai continuar penando.
PARTICIPAÇÃO RIDÍCULA
O tamanho do consumo americano é de tal ordem que absorve boa parte da produção do mundo todo. O desempenho do PIB de muitos países só é melhor quanto maior for o apetite dos americanos. O Brasil, no entanto, de forma direta, não vai ser muito atingido. Simplesmente porque a nossa participação relativa no comércio mundial é ridícula. Em torno de 1,2%.
SOFRIMENTO PSICOLÓGICO
Mesmo assim, diante da nossa realidade, o fato de vendermos matérias primas para vários paises, que por sua vez exportam produtos acabados para os americanos, é óbvio que alguma coisa deve sobrar para o Brasil. Pouco, repito. Será muito mais um sofrimento psicológico, dependendo do tempo e da evolução da doença de consumo dos gringos.
INTERVENÇÃO
O que precisa ficar bem claro neste momento é que doenças de consumo ou incapacidade de pagamento de bens adquiridos não se curam com intervenções de governo. Dependendo das medidas, as dores até amenizam, mas a doença permanece. E até pode aumentar de tamanho quando o efeito do remédio intervencionista passar.
PUNE E APLAUDE
O melhor mesmo é sempre deixar com o mercado aquilo que só o mercado sabe resolver. A melhor saída para todas as coisas é a liberdade, nunca a intervenção. O mercado tem enorme capacidade de mostrar o caminho para as correções. Ele pune e aplaude, dependendo do comportamento dos agentes. E encontra a própria cura.
MERCADO INTERNO
Diante de um aumento considerável do crédito para consumo interno no Brasil, a maioria das empresas daqui vai continuar crescendo. Isto, logo logo vai ser melhor percebido. E por isto o Brasil ainda vai continuar atraindo dinheiro de fora, embora em menor quantidade.
LEITO DO RIO
Enquanto os americanos estiverem mergulhados no regime de baixo consumo e de inadimplência, o mundo vai precisar se adaptar aos novos volumes de produção e vendas. Não adianta querer a volta do consumo anterior se as condições não permitem. Este é o novo curso, o novo leito do rio da economia que todos precisamos entender. O resto, gente, é conversa mole.