1. (...) Obama me disse que não se arrependia da direção da sua presidência, mas que ele aprendeu o que chamou de "lições táticas". Acha que se deixou parecer com o mesmo “antigo liberal democrata apaixonado em aumentar os impostos e os gastos públicos". Talvez não deveria ter proposto os cortes de impostos como parte do pacote de estímulos, e sim "ter deixado os republicanos insistirem nisso" para que isso tivesse sido visto como um acordo entre os dois partidos.
2. Acima de tudo, Obama diz que aprendeu que, apesar de sua retórica anti-Washington, tinha que seguir as regras do jogo se quisesse vencer. Estar totalmente seguro de que está certo é inútil se ninguém concorda. "Com tanta coisa vindo até nós", disse Obama, "provavelmente gastamos mais tempo tentando fazer as políticas direito do que tentando fazer política direito. Provavelmente há um orgulho perverso em minha administração - e eu assumo a responsabilidade por isso. Isso vinha de cima - a ideia de que estávamos fazendo a coisa certa, mesmo que em curto prazo fosse impopular."
3. Obama disse: "Agora, o que eu tenho para dizer, algo já previsto e que pode ser muito difícil, é que em uma democracia tão grande e caótica como a nossa, demora-se muito para fazer as coisas. E não estamos acostumados com a paciência". Equipe de Obama não sabem se chegou a hora de ir. Os índices de aprovação de Obama nas pesquisas realizadas pelo The New York Times e CBS News caíram de 62%, que tinha quando tomou posse, para 45% em setembro, apenas um ponto à frente de Clinton antes de perder as eleições legislativas de 1994 e três pontos acima de Reagan quando os republicanos perderam duas dúzias de cadeiras na Câmara em 1982.
4. Ainda assim, é possível vencer o jogo interno e perder o jogo externo. Em seus momentos mais pessimistas, os assessores da Casa Branca se perguntam se um presidente moderno tem alguma chance de triunfar, sejam quais forem as leis que ele aprove. Tudo parece conspirar contra ele: uma oposição implacável com pouco ou nenhum interesse em colaborar, uma mídia saturada de trivialidades e conflitos, uma cultura que exige soluções para ontem, uma sociedade cínica que sente pouco apreço por suas lideranças. Neste ambiente, eles concluem cada vez mais que qualquer presidente moderno poderá ser, na melhor das hipóteses, mediano.



8. Rendell discorda. "Não se preocupe tanto com o bipartidarismo, se os republicanos seguem recusando-se a cooperar", recomendou. "Que se faça o que tem que ser feito. Que se contra-ataque". Ao mesmo tempo, prossegue, que pare de lamentar o que herdou: "Após as eleições, eu acho que você tem que parar de apontar o dedo, culpando a administração Bush. Está bem fazê-lo durante a campanha, mas depois acabou. Quando se abusa disso como temos feito, soa como um disco quebrado. E depois de dois anos, a responsabilidade é sua. "
9. Obama seguirá tendo essa responsabilidade por mais dois anos, ou seis, se ele conseguir sair dessa situação. Como escritor, Obama sabe valorizar o ritmo de uma história tumultuada. Mas quem é o protagonista na realidade? No fundo, este presidente continua sendo um mistério para muitos americanos.
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