sexta-feira, agosto 31, 2007

quarta-feira, agosto 29, 2007

CPMF E SIGILO BANCÁRIO! MAS COM PALOCCI?

Uma coisa todos concordam, mesmo acabando a CPMF se poderia manter uma alíquota mínima apenas para a fiscalização das operações financeiras e identificação de sinais de lavagem de dinheiro, etc... Mas vejam só quem escolhem para relator: Palocci. É, é aquele mesmo que invadiu a conta privada de um humilde caseiro e estuprou seu sigilo bancário. Isso quando era ministro da fazenda. Um lixo...bem... sem qualquer trocadilho.

COMISSÁRIOS DA UNIÃO EUROPÉIA TEM QUE ABRIR SEUS BLOGS!

O Expresso, de Portugal.
Comissários da União Européia passam a ter blogs. Bruxelas na blogsfera. Trecho inicial.

Os comissários europeus adoptaram os blogues para opiniar sobre os mais variados assuntos, desde as novas tarifas de roaming da UE à reforma do vinho. Margot Wallström (foto), comissária para a Comunicação, foi a primeira a tornar-se bloguista. Os comissários da União Europeia têm uma coisa em comum com milhares de internautas em todo o mundo: tornaram-se bloguistas. Adoptaram os blogues como instrumento para dar a conhecer as suas opiniões e pormenores das rotinas profissionais e, até, para revelar alguns aspectos das suas vidas pessoais.

EM ENTREVISTA DE DUAS PÁGINAS AO CADERNO ALIÁS DO ESTADO DE SP!

Larry Rother - ex-correspondente do New York Times- bate firme na imprensa brasileira! Trechos.

Como você vê as relações entre mídia e poder no Brasil?
Durante a ditadura eu admirava a imprensa brasileira. Ali existia um jornalismo que era vocação, não só carreira. O próprio Estado, ao publicar trechos de Os Lusíadas, para resistir à censura, foi algo tocante. Ali vi imprensa de qualidade. Jornalistas e empresas de comunicação até pagaram um preço alto por isso. Hoje em dia, as coisas são diferentes. Há jornalistas de gabarito, mas a imprensa brasileira navega num mar de mediocridade, com algumas ilhas de excelência.
Sua crítica aplica-se somente ao Brasil?
Não. Atravessamos uma época em que entretenimento e jornalismo se confundem, isso no Brasil, nos EUA, na Europa, no mundo inteiro. Uma época em que o jornalista quer ser celebridade, especialmente na TV. Porque os valores são outros, os interesses, também. Ah, talvez eu esteja ficando velho...
A imprensa brasileira é tolerante ou crítica demais com o poder?
A questão é outra. Governar é fazer coisas. E fazer jornalismo é criticar. A crítica é um elemento-chave na profissão. Não vou ao extremo do “si hay gobierno soy contra”, mas é papel da imprensa olhar os governos e dizer “aqui está errado”. .......Já quando escrevo sobre as mazelas brasileiras, como miséria e racismo, daí um setor ufanista se levanta e grita “não toque no País!” Amigos brasileiros já me disseram: “Nós podemos falar essas coisas, você não”. Sou admirador de Nelson Rodrigues, que cunhou aquela expressão imortal em relação ao brasileiro, o “complexo de vira-lata”. Isso entra nessa conversa.
Você teve problemas em outros países do continente?
Chávez reclama de modo geral da imprensa estrangeira. Minha relação com os chilenos é ótima. O governo Lagos foi, disparado, o melhor em termos de relacionamento com os correspondentes. Isso continua com Michelle Bachelet. Agora, a Argentina é difícil. Kirchner não gosta de imprensa - nem da nacional, nem da internacional. Tive outras experiências no passado, como ser correspondente em Cuba.

O ministro Sepúlveda Pertence pediu aposentadoria antecipada

"Divulgaram uma gravação para me constranger no momento em que fui sondado para chefiar o Ministério da Justiça, órgão ao qual a Polícia Federal está subordinada. Pode até ter sido coincidência, embora eu não acredite", afirma. "É intolerável essa atmosfera que vivemos, com a conduta abusiva de agentes ou órgãos entranhados no aparelho de estado. A interceptação telefônica generalizada é indício e ensaio de uma política autoritária." CELSO DE MELLO, ministro do STF

OLHO NO RISCO

SEM IDEOLOGIA
Já que o Brasil tomou decisões corretas no aspecto macroeconômico, os ventos fortes que varreram as bolsas do mundo todo não provocaram grandes estragos na economia brasileira até agora. Uma prova de que aplicando a técnica e a lógica, e evitando teses ideológicas, os bons resultados aparecem.
CÂMBIO FLUTUANTE
Um dos ingredientes importantes que este governo manteve, não o único, mas ainda assim essencial é o câmbio flutuante. Francamente, ainda não entendi a razão para tanta hesitação que FHC mostrou para adotar a necessária medida, quando, por falta dela o Brasil acabou sofrendo um rombo de mais de US$ 40 bilhões das reservas, em pouco mais de uma semana.
OLHO O RISCO-PAÍS
Entretanto, se a condução da nossa macroeconomia vai relativamente bem, isto não significa que os investidores vivem uma situação tranqüila. Na verdade, eles não tiram os olhos dos indicadores que medem o risco dos países em que investem. Quando o risco dispara, e ultrapassa um limite fixado pelos seus analistas, não é hora de fazer mais perguntas. Simplesmente é hora de cair fora.
500 PONTOS-BASE
Portanto, a ordem agora é dar atenção máxima ao indicador que mede o nosso risco-país. O governo do Uruguai, por exemplo, criou um Ministério para monitorar de perto o assunto. A atenção lá é intensa e constante para tentar impedir a disparada do índice. O Brasil precisa fazer o mesmo, pois a informação que se tem é que o limite dado pelos investidores ao Brasil é 500 pontos-base. Se o risco-Brasil subir muito aí a coisa fica preta mesmo.

TRECHOS DO IMPERDÍVEL ARTIGO DO HISTORIADOR E POLITÓLOGO ARGENTINO NATÁLIO BOTANA (LA NACION)!

O Jogo da Corrupção!

1. O que no momento prevalece entre nós são os desajustes e os efeitos perversos de uma definição hegemônica da democracia. A hegemonia, temos dito em repetidas oportunidades, está situada nas antípodas do controle republicano do poder. Quando há intenção hegemônica nos governantes, a centralização se impõe sobre a divisão de poderes e o governo se confunde com o Estado.
2. Há, portanto, uma dupla defecção dos controles institucionais: o Poder Executivo tende a tornar-se independente da vigilância do Legislativo e do Judiciário, e, pelo seu lado, a supremacia ocasional de um governo se libera dos controles internos da administração do Estado. Para isso se criam instituições ad hoc, ou se tentam passar por cima dos órgãos próprios da administração do Estado.
3. A corrupção pode ser dissipada, se há vontade de sair do pântano. A expressão dessa vontade é tributária de muitos agentes: a liberdade de imprensa, as denúncias feitas pelo Poder Judiciário e as reservas de autonomia, que, apesar da deformações institucionais, ainda persistem em determinados órgãos do Estado.
4. Apesar disso, estes contra-poderes representam o papel de uma frágil barreira na ausência de uma oposição política capaz de desviar essas denúncias para a arena política das decisões eleitorais. Este é o melhor caminho para lutar contra a corrupção.
5. Devemos reconhecer, não obstante, que estes combates não cessarão jamais por completo, porque a corrupção é parte indissolúvel do argumento histórico do poder. Numa frase, que de tão repetida é um lugar comum, lorde Acton declarou: "O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente". Sobretudo, acrescentou, “quando a autoridade se sobrepõe sobre a tendência ou a certeza da corrupção”. Essa superposição de uma autoridade que tapa ou destapa as corruptelas segundo sua conveniência, ou por razões da oportunidade, fez estragos em nossa democracia. Ao subtrair o exercício do poder dos controles republicanos, a corrupção cresce até chegar ao ponto da supuração em que os escândalos estalam.
6. Será que não há outra forma de mudança democrática senão aquela que funciona por golpes de indignação desferidos pelo poder das ruas? É uma perspectiva obscura que não abre espaço para um diálogo político capaz de prever dificuldades e superar obstáculos. Disso resulta a importância de as oposições terem inteligência de convencer com a razão e o exemplo, em lugar de permanecerem ao leu, à espera que o medo e a crise voltem a inclinar a balança.

NERVOS A FLOR DA PELE!

Aonde Lula vai há a expectativa de vaias. Isso o está deixando com os nervos a flor da pele. Em Campos (RJ), um pequeno grupo de 12 pessoas vaiou e foi o suficiente para que a cerimônia mudasse os discursos no palanque e Lula e o governador contra-atacasse, Lula tentasse ironizar (sempre falando bobagens sem sentido), dando à minúscula manifestação (segundo eles) espaço em toda a mídia. Hoje ninguém sabe o que eles estavam fazendo em Campos. Mas sabe-se das vaias e das reações.
Na noite seguinte no Rio - em visita ao apartamento da viúva de Apolônio Carvalho - vide coluna do Ancelmo no Globo - foi outra vez vaiado, espontaneamente vaiado.

No encontro do Jobim com parentes das vítimas de Congonhas, quando um deles descascou Lula, os demais se levantaram e aplaudiram (ver Painel da FSP).

Lula já sinaliza com um discurso chavista. O argumento que as elites são contra o bolsa-família e que os filhos da elite ganham bolsa no exterior é de uma demagogia que nem Chávez iria a tanto. Sinaliza desespero e confronto. Populismo + autoritarismo é a fórmula da contra-democracia. Cuidemos dela como primeiríssima prioridade. Enquanto é tempo!

A DISCIPLINA DA MENSAGEM!

Trechos do artigo de Adam Nagourney no NYT sobre Karl Rove!

1. Certamente, Rove mudou consideravelmente a forma como a política presidencial é realizada. Baseado em seu exemplo, as campanhas se tornaram mais disciplinadas no envio de mensagens simples, freqüentemente negativas. Elas começam tentando identificar as vulnerabilidades dos adversários potenciais e realizam extensa pesquisa negativa enquanto se preparam para explorar tais vulnerabilidades desde cedo e com freqüência.
2. Elas buscam trabalhar planos de ação mês a mês, de longo prazo, e se atem a eles, mesmo nos momentos difíceis. E empregam metodicamente dados de marketing e outros para identificar eleitores potenciais e para assegurar que votem com uma eficiência nunca vista antes, algo que Rove (foto) promoveu em conjunto com seu aliado próximo, Ken Mehlman, o ex-presidente do Comitê Nacional Republicano.
3. A proeza que Rove exibiu na condução de uma campanha não ficou evidente quando tentou supervisionar as difíceis relações da Casa Branca com o Congresso, produzindo dois anos de poucos ganhos legislativos. A estratégia de Rove de apelar primeiro para a base republicana, algo que ajudou Bush a vencer em Estados chaves como Ohio, nas eleições de 2000 e 2004, não funcionou em um Congresso que exigia cooperação e negociação com amigos e inimigos.
4. "A melhor coisa que ele fez em relação às campanhas é a disciplina da mensagem: se concentrar firmemente em uma coisa e fazer com que seja fixada pelo eleitor", disse Alex Castellanos, um alto conselheiro da campanha presidencial de Mitt Romney, o ex-governador de Massachusetts.

O QUE SERÁ, QUE SERÁ QUE ANDAM RESMUNGANDO PELAS ALCOVAS...?

Chávez anunciou a reforma da Constituição para ele ficar mais outro mandato. O Congresso do PT vai decidir por uma Assembléia Constituinte exclusiva para a Reforma Política. Ou seja, criar um mecanismo para o terceiro mandato de Lula.
Amigos enviaram, a este Blog, este anúncio do Banco do Brasil (acima). Afirmam que é uma mensagem subliminar com o número 3, com vistas a ir disseminando a idéia de um terceiro mandato. Decida pelo 3... mandato? Banco... da Sustentabilidade... do mandato? Será????

sábado, agosto 18, 2007

LEIA O TRECHO EM QUE FABBRINI TRATA DE PRODI E LEMBRE-SE DE LULA! QUANDO NÃO HÁ UM "PRÍNCIPE" QUE DECIDE, DECIDEM OS PODERES OCULTOS!

Trechos da entrevista com o politólogo italiano SERGIO FABBRINI!

Maquiavel já explicava que as democracias necessitam de resoluções e que a verdadeira tarefa não é anular quem as toma, mas sim ver como domesticá-lo. Isto é, como controlar sua autoridade.
1. Não conheço muito e sou muito prudente em relação a América Latina, mas vejo que vêm de um período de fortes instabilidades e incertezas, com crises econômicas e sociais que fizeram perigar o destino das democracias. Saíram desta fase, e isso é um mérito que é preciso reconhecer. Vê-se, também, que há insatisfações e muito a ser feito, a fim de equilibrar os dois termos da equação: governos fortes, que saibam governar e tomar decisões, e controles, no sentido de que estes governos não extrapolem os limites. Sabemos como é importante manter o governo sob controle. E, para mantê-lo sob controle, fazem falta Legislativos fortes e uma imprensa livre. É dificílimo manter o poder sob controle se não há liberdade de imprensa.
2. Atemoriza-nos o fato de que não houvesse alguém que tomasse decisões. Demos ao fascismo a resposta do “assembleísmo”. Antes, decidia um único indivíduo, agora 945 pessoas devem decidir: 630 da câmara baixa e 315 da câmara alta. Diante disto, tratei de compreender a figura do príncipe e aplicá-la às democracias européias e estadunidense. Obviamente, sendo italiano, tive que me alçar à altura do gigante, do maior de todos os estudiosos do príncipe, que é Maquiavel.
3.
Ele explicava, já há muitos séculos, que as democracias – as repúblicas - como as chamava na época – necessitam de decisões. A verdadeira questão não é evitar o surgimento do príncipe, mas sim como conseguir domesticá-lo. Isto porque, quando não há um príncipe que decide (falamos de “príncipe” em termos republicanos, é óbvio), quem decide são os poderes ocultos; os grandes poderes econômicos, os setores do Estado, os serviços secretos, as corporações transnacionais. Se tiramos a superfície do príncipe, sabemos quem toma as decisões. Mas é preciso criar equilíbrios.

4.
Sarkozy é um príncipe democrático. Blair e Merkel também o são. Prodi não é, porque precisa governar com nove partidos, que constantemente o condicionam. E o condicionamento do príncipe democrático não deve vir do interior de seu governo. É claro que é necessário haver um intercâmbio. Mas deve partir da oposição. Quando Prodi chega ao encontro com a oposição, já está cansado: teve de fazer nove negociações com quem o apóia. As democracias precisam, como já disse, de príncipes democráticos. Mas é importante não perder de vista o papel do Congresso como um mecanismo de controle em relação ao presidente, e o federalismo, a relação entre as províncias e o poder central.

OS JOVENS, AS RUAS, POLÍTICA, RELIGIÃO E INTERNET!

Pesquisas seguidas nestes últimos 10 anos (feitas com o GPP) mostram uma nova dinâmica de participação do jovem. A introdução do direito a voto aos 16 anos, criou uma expectativa, de que seria uma decisão que favoreceria os partidos ditos de esquerda e produziria uma maior mobilização social, uma presença maior nas ruas. Isso não ocorreu.
Quando se analisa a preferência religiosa da população do Rio - onde hoje os católicos representam uns 57% do eleitorado e os evangélicos uns 20% - vê-se que a % dos católicos é uma curva que ascende quanto maior a idade. Entre os mais jovens, os católicos têm uns 45%, que se supõe, tende a ser esta porcentagem a do total dos católicos em uns 30 anos mais. Os jovens evangélicos por seu turno, são hoje mais que 30%. Certamente o jovem que se declara evangélico, especialmente os neopentecostais que são maioria crescente, são de corte, basicamente, conservador e mobilizáveis por suas igrejas muito mais que pela política.

Numa outra faixa, também crescente, estão os jovens internautas. A participação deles é contundente, mas é virtual. Formam consciências e influenciam o voto, mas não ocupam as ruas. A mobilização - digamos - urbana deles, é decrescente, e inversamente proporcional à participação eletrônica.

São tendências que irão se acentuando no tempo, e que devem produzir nos partidos, atenção, reflexão e ação. As ruas já não têm mais a mesma temperatura política entre os jovens. E tendem, entre os jovens, a perder ainda mais temperatura e cada vez mais.

FIM DA GUERRA FISCAL

OUTRAS FORMAS
Caso venha a ser aprovada a estúpida e arrastada proposta, discutida mais uma vez nesta semana na reunião do Confaz com o Governo Federal, que tem por objetivo acabar com os mecanismos que promovem a fantástica e importante guerra fiscal entre os Estados, outras formas para atrair investimentos vão aparecer.
LOGÍSTICA
Uma delas, que já acontece e até tem levado muitos investimentos, principalmente para o nordeste onde o PIB cresce acima da média brasileira, vai ser ainda mais destacada: é a questão logística. Com a equalização do ICMS, esta poderosa arma acabará se revelando como a de maior e mais absoluta importância para definir as preferências dos investidores.

ESCÂNDALOS NA ARGENTINA E NO BRASIL: MESMAS CAUSAS!

Os dois escândalos seguidos no governo Kirchner na Argentina que afastaram a ministra da fazenda e um assessor especial e muito próximo ao presidente, fazem lembrar os seus similares no Brasil - que chegaram ao ministro da fazenda e assessores especiais e íntimos do presidente. No Brasil os casos foram mais longe porque foram precedidos por minuciosas denuncias de quem estava dentro do poder. Na Argentina, recém se entrou nesse processo.
As causas são as mesmas. Os governos mantêm relações hegemônicas com o Congresso, compram o apoio que tem, atropelam a oposição, relacionam-se diretamente com uma opinião publica difusa, inflacionam seus gestos populistas, e constroem uma rede autoritária de poder, aplicando o que Ruy Barbosa no fim da monarquia chamou de "legalidade elástica".

Kirchner governa num regime de lei delegada geral, ou seja, fechou de fato o Congresso. Lula governa através de medidas provisórias que cinicamente - e sem justificativas sequer - nada tem a ver com a urgência e relevância que determina a constituição.

Ambos minimizaram seus ministérios com gabinetes inexpressivos. Ambos referem-se aos meios de comunicação como problemas, e por declarações e por ações procuram inibir, pressionar e atropelar a liberdade de imprensa.

Uma conjuntura econômica internacional favorável, está sendo desperdiçada lá e aqui, e proliferam medidas assistencialistas, aqui com bolsas de todo tipo e lá com subsídios populistas ao transporte, gás de cozinha...

Os dois países enfrentam crises de energia elétrica. Na Argentina uma crise aberta - e antecipada por taxas altas médias de crescimento - na casa de 8% ao ano. Aqui postergada por um crescimento econômico acumulado, medíocre.

Ambos governam sem partido, com uma base parlamentar inorgânica e clientelística. O empreguismo - direto e indireto - é desenfreado.

São estilos - que de todos os lados - são permissivos e franqueiam a máquina pública para o saque despudorado, numa bernarda administrativa lastreada na incompetência e na improvisação, como método.

DA SÉRIE: LÁ... COMO... CÁ! CUIDADO PARA NÃO NOS HABITUARMOS COM A MEDIOCRIDADE FEDERAL REINANTE!

Trechos do artigo - As Delícias do Caos - de Silvia Zimmermann del Castillo - La Nacion

1. Falamos, por exemplo, da insegurança crescente, da criminalidade descontrolada, da corrupção instalada, da pobreza acentuada, da televisão sempre pervertida. Caos ou desordem? De acordo com a teoria do caos, pode-se dizer que as condições iniciais, que provocaram esta situação, bem poderiam identificar-se na apologia do individualismo, no império da liberdade, na cultura do consumo.
2. De acordo com as leis desta matemática do complicado, os sistemas caóticos crescem em complexidade e, como a maioria dos sistemas vitais é caótica por serem imprevisíveis, a desordem será sempre mais provável do que a ordem.
3. Por isso, não nos deve surpreender que o individualismo exacerbado cresça na desordem da corrupção por cobiça; que a liberdade de expressão se desordene na insolência; a cultura do consumo, num desejo incontido; o desejo, no crime. E tudo, em pobreza estrutural.
4. Mas há uma boa notícia: a energia disponível do caos pode produzir novidades capazes de retificar a desordem, organizando-se a sim mesmo numa nova ordem.
5. O perigo está em que este alarmante segundo princípio da termodinâmica, segundo o qual no universo a energia não tem outro destino senão o de sua diminuição, a entropia alcance seu ponto de equilíbrio e não haja mais oportunidade para o caos, para o novo. O hábito é uma espécie de rendição e um mau indício de entropia. Já nos habituamos que a corrupção é a moeda corrente nos âmbitos empresariais e políticos, que a televisão está em mãos de comerciantes ambiciosos e sem escrúpulos, que lutam pelo rating como arma barata da insolência em nome da liberdade e que há os que patrocinam a insolência em nome do consumo e que o crime espera na curva de qualquer esquina.
6. Corremos o risco de que a desordem desperdice os últimos recursos do sistema até alcançar o máximo de entropia, incontestável medida de desordem como fim. Corremos o risco de queimar a energia da liberdade na combustão tóxica da libertinagem, que afoguemos as surpresas do caos na imobilidade de uma desordem densa e medíocre. Existe o perigo de que, habituando-se ao pior, esta Argentina que se enamorava de Prigogine já não saiba dar lugar à inteligência, ou seja, à justiça, à beleza.

PESQUISAS DE OPINIÃO PÚBLICA E A IMPRENSA!

O uso das Pesquisas de Opinião pela Imprensa tem sido objeto de muitos estudos acadêmicos. Patrick Champagne (foto) - sociólogo francês - é um exemplo. Ele chama a atenção para o uso das pesquisas de opinião como se fossem elas mesmas a opinião pública, substituindo a opinião de políticos e acadêmicos, que passam a ser comentaristas das pesquisas publicadas. E muitas vezes retratam o passado de opinião e não o processo.
As pesquisas de opinião dependem muito de como são aplicadas, quando, com que método, etc... E são extremamente perigosas quando a opinião publica se encontra em processo de mudança. Neste momento interessa muito aos governos antecipá-las, de forma a que não possam - ainda - retratar uma dinâmica negativa. Depois, com a publicação, e a reprodução religiosa de seus resultados pela imprensa, os governos procuram reverter a dinâmica existente, tentando desconstrui-la.

Por isso mesmo a imprensa não deve se açodar em criar manchetes e furos, com pesquisas no início de um processo de mudança de opinião pública. Ingenuamente passam a servir aos governos. Terminam dizendo que nada mudou, quando pode estar mudando.

Lembre-se da piada do suicida arrependido que se jogando do vigésimo andar de um prédio, ao passar pelo décimo andar gritava: - "Até aqui tudo bem”.

Nesse momento, no Brasil não seria aconselhável analisar os patamares formais agregados que uma pesquisa informa. Mas analisar dentro da própria pesquisa, se há razões para se há elementos que permitam identificar esta ou aquela tendência. Eu que sou Tardiano (Gabriel Tarde - pai da micro-sociologia no final do século 19) analiso sempre o processo de formação de opinião por contaminação na base da sociedade. Para isso é importante conhecer os pontos de deflagração e como a opinião pública futura está sendo formada.

As pesquisas disponíveis - desde as “vaias” - vão mostrando isso. Por exemplo, a realizada na cidade de São Paulo sobre o acidente do avião que mostrava Lula caindo. Ou as pesquisas de outros institutos em Salvador, Rio e municípios da Baixada Fluminense que mostraram a mesma coisa.

A recente pesquisa Data-Folha mostrou não apenas que nos segmentos de maior escolaridade Lula havia caído uns cinco pontos (o que ajudava as análises que querem circunscrever os fatos à classe média, quando se trata apenas de ponto de deflagração), como mostrou que a diferença entre ótimo+bom e ruim+péssimo na Capitais caiu também cinco pontos. Curiosamente enquanto a mesma diferença para o Interior não teve qualquer mudança no caso dos municípios das regiões metropolitanas, teria havido uma melhora de seis pontos. Certamente essa melhora não ocorreu e ela deve ser incluída na margem de erro. Nas capitais se pode confirmar por outras pesquisas e outros institutos.

Caberia uma manchete diferente. Algo assim: Lula cai nas Capitais mais esse processo ainda não atingiu o Interior. E tratar os municípios metropolitanos como margem de erro. "Tardianamente" fiz umas notas dias atrás sobre os círculos concêntricos produto do lançamento de uma pedra num lago e que vão chegando progressivamente, e mais rápido se outras pedras forem jogadas nas áreas periféricas dos círculos.

A leitura do agregado pode não informar. Pode desinformar, na medida que não ajuda o leitor - não especialista - a formar sua opinião. Segundo Champagne isso é nada mais que o esperado no tratamento que a Imprensa dá as pesquisas e como as usa e para que.

A FIESP ABANDONADA

OMISSÃO
No exato momento em que mais se discute a grande necessidade de união, de aglutinação, para tentar conter as estúpidas decisões dos nossos governantes, muita gente prefere se omitir e não participar.
CPMF
E o pior de tudo é que esta lamentável desunião, impressionante desinteresse e muito pouco caso estão sendo mostrados naquilo que, segundo as mais diversas pesquisas, mais enfurece os cidadãos deste pobre país: a CPMF.
MEUS PARABÉNS
A FIESP - Federação das Industrias de São Paulo -, embora não tenha força suficiente para segurar o fantástico e incurável ímpeto tributário dos nossos parlamentares, já recebe os meus parabéns. Acreditem: a Fiesp ficou praticamente sozinha nesta jornada que só poderia surtir algum efeito se todas as entidades do país estivessem juntas com o mesmo objetivo.
VAIAR O QUE?
Pela significativa falta de interesse demonstrada, no exato momento em que muitos movimentos estão indo às ruas só para vaiar, é uma prova clara e transparente de que pouca gente está interessada na diminuição da carga tributária que assola o país.

TRECHOS DA ENTREVISTA DO POLITÓLOGO WERNECK VIANA DO IUPERJ AO ESTADO DE SÃO PAULO!

Esse jogo político, no qual cabem todos, vai desintegrar na proximidade da eleição de 2010!

O que dá para prever?
Esse equilíbrio só é possível a partir da atuação do Lula, para segurar essa colcha. Essa federação é boa para todos. Agora, cada um já procura jogar por fora do marco do Estado, sabendo que, trazendo força da sociedade, pode conseguir margem de manobra maior. Na medida em que todos começarem a fazer isso, esse equilíbrio vai ficar insuportável. Nem o carisma do Lula vai segurar.

Quando isso vai acontecer?
Na medida em que formos chegando perto das eleições.
Há quem diga no PT que o governo não tem projeto de mudança, mas de poder...`
É isso. Mas o Lula não é mais o PT.

A METÁSTASE POLÍTICA DE LULA CONTINUA -PASSO A PASSO- PEDRA A PEDRA!

Este Blog, já mostrou como se dá o processo de contaminação de opinião pública, fazendo uma metáfora de fatos novos com uma pedra jogada num lago e seus círculos concêntricos que vão se abrindo. Em 15 dias quem não tem nada com os fatos novos não tem porque mudar de opinião. Mas quem tem... Pesquisa Data-Folha com 2095 pessoas dias 2 e 3 de agosto. Em março foram 5.700 pessoas pesquisadas o que é mais recomendável em função do Data-Folha pesquisar em pontos de fluxo o que abre a margem de erro.

Folha de São Paulo. Trechos destacados.

1. Entre os 8% que costumam andar de avião, o percentual dos que consideram o presidente ótimo ou bom é de 29%, ou seja, 19 pontos inferior à media nacional. Os que definem o governo como ruim ou péssimo chegam a 30%, o dobro da média nacional (15%).
2. Entre os com renda familiar mensal acima de dez mínimos (R$ 3.500) a avaliação do presidente Lula despencou sete pontos entre março e agora.
3. A variação mais significativa na avaliação de Lula ocorreu entre os brasileiros com renda familiar mensal acima dos dez salários mínimos (R$ 3.500), segmento no qual 39% costumam viajar de avião, taxa cinco vezes maior do que a verificada entre o total dos entrevistados. Comportamento semelhante ocorreu entre os pesquisados quando se leva em conta o grau de escolaridade.
4. O índice de ruim/ péssimo atribuído ao presidente Lula subiu cinco pontos entre os que têm nível superior.
5. Entre os que têm nível superior, a variação mais expressiva foi registrada no percentual dos que acham o governo regular, que caiu de 42% para 34%. Já o índice de ruim e péssimo subiu de 24% para 29%.

PROMESSAS ATUALIZADAS DE CAMPANHA - PAC - !

Lula está inovando: campanha permanente. Viaja para anunciar nos Estados obras do PAC. Agora, acuado pelas vaias , não viaja, mas recebe governadores para anunciar obras do PAC. Isso é uma inovação na administração pública: anunciar promessas, apenas promessas. Até aqui os presidentes quando anunciavam obras nos Estados ao lado de governadores, assinavam o decreto disponibilizando crédito orçamentário direcionado àquelas obras.
Agora isso mudou. Distribui um papel bem diagramado com obras e valores. Mas nada de abrir crédito orçamentário. Isso configura - simplesmente - promessas de campanha pós-eleitoral e nada mais. Enquanto os crédito todos não forem abertos, os governadores e prefeitos sequer poderão licitar as obras, pois os tribunais de contas exigem para as licitações, os recursos EMPENHADOS (ou seja, uma etapa após o crédito orçamentário, quando este é reservado e vinculado a um tipo de gasto). Uma farsa, pelo menos até que o crédito orçamentário específico e direcionado seja aberto. São apenas Promessas Atualizadas de Campanha.

segunda-feira, agosto 13, 2007

DE ONDE VIRÁ O GRITO?

Num texto anterior introduzi o conceito de "Ressentimentos Passivos ". Para relembrar, lá vai um trecho:

"Você também é mais um (ou uma) dos que preenchem seu tempo com ressentimentos passivos? Conhece gente assim? Pois é...
O Brasil tem milhões de brasileiros que gastam sua energia distribuindo ressentimentos passivos.
Olham o escândalo na televisão e exclamam "que horror".
Sabem do roubo do político e falam "que vergonha".
Vêem a fila de aposentados ao sol e comentam "que absurdo".
Assistem a uma quase pornografia no programa dominical de televisão e dizem "que baixaria".
Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram "que medo".
E pronto! Cruzam os braços e nada mais fazem além de seguir a sua vidinha de eterno "coitadinho"...
Pois acho que precisamos de uma transição "neste país".
Do ressentimento passivo à participação ativa".
Pois recentemente estive em Porto Alegre , onde pude apreciar atitudes com as quais não estou acostumado, paulista/paulistano que sou. Um regionalismo que simplesmente não existe na São Paulo que, sendo de todos, não é de ninguém.
No Rio Grande do Sul, palestrando num evento do Sindirádio, uma surpresa.
Abriram com o Hino Nacional. Todos em pé, cantando. Em seguida, o apresentador anunciou o Hino do Estado do Rio Grande do Sul. Fiquei curioso. Como seria o hino? Começa a tocar e, para minha surpresa, todo mundo cantando a letra!
"Como a aurora precursora / do farol da divindade, / foi o vinte de setembro / o precursor da liberdade". Em seguida um casal, sentado do meu lado, prepara um chimarrão. Com garrafa de água quente e tudo. E oferece aos que estão em volta.
Durante o evento, a cuia passa de mão em mão, até para mim eles oferecem. E eu fico pasmo. Todos colocando a boca na bomba, mesmo pessoas que não se conhecem. Aquilo cria um espírito de comunidade ao qual eu, paulista, não estou acostumado. Desde que saí de Bauru, nos anos setenta, não sei mais o que é "comunidade". Fiquei imaginando quem é que sabe cantar o hino de São Paulo. Aliás, você sabia que São Paulo tem hino?
Pois é...
Foi então que me deu um estalo. Sabe como é que os "ressentimentos passivos" se transformarão em participação ativa? De onde virá o grito de "basta" contra os escândalos, a corrupção e o deboche que tomaram conta do Brasil? De São Paulo é que não será. Esse grito exige consciência coletiva, algo que há muito não existe em São Paulo. Os paulistas perderam a capacidade de mobilização. Não têm mais interesse por sair às ruas contra a corrupção. São Paulo é um grande campo de refugiados, sem personalidade, sem cultura própria, sem "liga".
Cada um por si e o todo que se dane. E isso é até compreensível numa cidade com 12 milhões de habitantes. Penso que o grito - se vier - só poderá partir das comunidades que ainda têm essa "liga". A mesma que eu vi em Porto Alegre.
Algo me diz que mais uma vez os gaúchos é que levantarão a bandeira. Que buscarão em suas raízes a indignação que não se encontra mais em São Paulo.
Que venham, pois. Com orgulho me juntarei a eles.
De minha parte, eu acrescentaria, ainda: "...Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra..."
Arnaldo Jabor

sábado, agosto 11, 2007

Nelson Rodrigues


Nelson Falcão Rodrigues
Dramaturgo - romacista - jornalista
Nascido em Recife em 1912
Falecido no Rio de Janeiro em 1980
Pioneiro da moderna dramaturgia brasileira, suas peças refletem com crueza a condição humana a partir de tipos extraídos da paisagem urbana, particularmente da sociedade carioca.

"O marido não deve ser o último a saber. O marido não deve saber nunca."


"Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro."

"Certas esposas precisam trair para não apodrecer."

"O brasileiro é um feriado ".

"O Brasil é um elefante geográfico. Falta-lhe,porém, um rajá,isto é, um líder que o monte".

"Sou a maior velhice da América Latina. Já me confessei uma múmia, com todos os achaques das múmias".

"Toda oração é linda. Duas mãos postas são sempre tocantes,ainda que rezem pelo vampiro de Dusseldorf".

"O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota"

"Na vida, o importante é fracassar"

"A Europa é uma burrice aparelhada de museus".

"Hoje, a reportagem de polícia está mais árida do que uma paisagem lunar. O repórter mente pouco, mente cada vez menos".

"Daqui a duzentos anos,os historiadores vão chamar este final de século de "a mais cínica das épocas". O cinismo escorre por toda parte,como a água das paredes infiltradas".

"Sexo é para operário".

"O socialismo ficará como um pesadelo humorístico da História".

"A pior forma de solidão é a companhia de um paulista".

"Subdesenvolvimento não se improvisa. É Obra de séculos".

"As grandes convivências estão a um milímetro do tédio".

"As mulheres são tão burras, tão burras, que sempre escolhem a hora errada".

"Todo tímido é candidato a um crime sexual".

"Todas as vaias são boas, inclusive as más".

"O presidente que deixa o poder passa a ser,automaticamente,um chato"

"Não gosto de minha voz. Eu a tenho sob protesto. Há, entre mim e minha voz, uma incompatibilidade irreversível".

"Sou um suburbano. Acho que a vida é mais profunda depois da praça Saenz Peña. O único lugar onde ainda há o suicídio por amor, onde ainda se morre e se mata por amor, é na Zona Norte".

"O adulto não existe.O homem é um menino perene".

"Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola. A mais sórdida pelada é de uma complexidade shakesperiana. Às vezes, num córner bem ou mal batido, há um toque evidentíssimo do sobrenatural".

"Nossa literatura ignora o futebol -e repito : nossos escritores não sabem cobrar um reles lateral".

"A coisa é a seguinte : escrever para mim, muito mais do que uma decisão profissional,é um destino.E screver é o meu destino ! Não é um caso de opção. Eu só tinha esta opção,uma vez que nasci assim".

"Nós, jornalistas, é que estamos mais obsoletos, mais fora de moda do que charleston, do que o tango".

"Eu não sou ninguém para dizer certas coisas, mas o bom no brasileiro é que ele, sem saber de nada, diz coisas horrendas".

"O brasileiro é um sujeito que gosta de fazer farra, é um desses que, em pleno velório, põe a mão na viúva".

"O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro".

"O carioca é esse sujeito fascinante só na base dos defeitos que tem".

"Diga-se de passagem que eu considero o brasileiro o maior sujeito do mundo. O europeu já está esgotado. O europeu tem na casa dele Pires de mil anos. Escadas de mil anos. Tudo é velho pra burro. Já com o brasileiro é inteiramente diferente".

"É trágica a falta de imaginação da paisagem no país desenvolvido. O desenvolvimento é burro, ao passo que o subdesenvolvimento pode tentar um livre, desesperado, exclusivo projeto de vida".

"A única grã-fina do mundo é a Maria Antonieta. De então para cá nunca mais vi uma grã-fina. E muito menos uma grã-fina paulista que é gorducha, porque tem dinheiro à beça para comer".

"As entrevistas das estagiárias têm uma virtude rara: nunca saem".

"Acho chato viajar de avião, não quero voar, a não ser caso de vida ou morte. Tenho horror às viagens. A partir do Méier, começo a ter saudades do Brasil".

- O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: — o da imaturidade.

- Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.

- Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas.

- A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem.

- O brasileiro não está preparado para ser "o maior do mundo" em coisa nenhuma. Ser "o maior do mundo" em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.

- Há na aeromoça a nostalgia de quem vai morrer cedo. Reparem como vê as coisas com a doçura de um último olhar.

- Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.

- O homem não nasceu para ser grande. Um mínimo de grandeza já o desumaniza. Por exemplo: — um ministro. Não é nada, dirão. Mas o fato de ser ministro já o empalha. É como se ele tivesse algodão por dentro, e não entranhas vivas.

- Assim como há uma rua Voluntários da Pátria, podia haver uma outra que se chamasse, inversamente, rua Traidores da Pátria.

- Está se deteriorando a bondade brasileira. De quinze em quinze minutos, aumenta o desgaste da nossa delicadeza.

- O boteco é ressoante como uma concha marinha. Todas as vozes brasileiras passam por ele.

- A mais tola das virtudes é a idade. Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos? Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades.

- Outro dia ouvi um pai dizer, radiante: — "Eu vi pílulas anticoncepcionais na bolsa da minha filha de doze anos!". Estava satisfeito, com o olho rútilo. Veja você que paspalhão!

- Em nosso século, o "grande homem" pode ser, ao mesmo tempo, uma boa besta.

- O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.

- Toda mulher bonita leva em si, como uma lesão da alma, o ressentimento. É uma ressentida contra si mesma.

- Acho a velocidade um prazer de cretinos. Ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca.

- Chegou às redações a notícia da minha morte. E os bons colegas trataram de fazer a notícia. Se é verdade o que de mim disseram os necrológios, com a generosa abundância de todos os necrológios, sou de fato um bom sujeito.

"Sem sorte, não se chupa nem um chica-bom. Você pode engasgar com o palito ou ser atropelado pela carrocinha".

"Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam".

O rico e o pobre são duas pessoas.
O soldado protege os dois.
O operário trabalha pelos três.
O cidadão paga pelos quatro.
O vagabundo come pelos cinco.
O advogado rouba os seis.
O juiz condena os sete.
O médico mata os oito.
O coveiro enterra os nove.
O diabo leva os dez.
E a mulher engana os onze.


Nelson Rodrigues

segunda-feira, agosto 06, 2007

Castro e Chávez: alcoólicos anônimos

“Os caudilhos Castro e Chávez viram de repente em Lula um competidor no mercado de crus dos Estados Unidos, e saíram como bons neoliberais a defender a dentadas o nicho que pensam ser de seu usufruto pessoal”.

Manuel Malaver

Castro: Eu era um adicto perdido no álcool porém, desde que te encontrei já não necessito dele.

Chávez: Bem, meu amor, então ajuda-me a elevar o preço de nosso produto familiar!

Deixei passar alguns meses antes de opinar sobre o assunto, não só porque minha família, meus amigos e meu tempo de recreio são as três coisas que mais atenção merecem em minha vida e neste momento, mas porque estavam saindo muito bons artigos que tocavam no tema e o faziam com muito boa pontaria. Entre eles, vale destacar os de Jorge Hernández Fonseca, Manuel Malaver e Ernesto Betancourt. Desse modo, vou referir-me aqui ao que eles não abordaram sem deixar, é claro, de reforçar alguns de seus válidos enfoques.

Para começar, devo dizer que um dos atributos que descreve melhor um bom ecologista é sua evidente contradição entre o discurso e sua atuação pessoal. Nisto, Fidel Castro, muito mais que o tonto vice-presidente Al Gore, é um verdadeiro “mestre” meio-ambiental. O consumo elétrico das três casas principais do ditador cubano já superava o milhão de kWh em 1984, porém, em 1989 este impunha ao povo uma penúria energética que ele não padecia graças às linhas de segurança e múltiplos geradores “Made in the Capitalism” que tinha para seu uso doméstico.

Outro exemplo dessa contradição ecologista de Castro é o genocídio cubano (já perto das 100.000 vítimas) e que teve lugar direta ou indiretamente graças à sua cruel ditadura. Tal e como o fez o grande ecologista africano Robert Mugabe, Castro não cumpriu o prometido em seus discursos. Porém, se Jacques Costeau pudesse afirmar que Castro atuou “ecologicamente bem” (lembrem-se que a meta do francês era eliminar 350.000 pessoas por dia para salvar o planeta) assassinando a milhares de pessoas na África, América do Sul e no sudeste asiático.

Bem, vamos ao que interessa: o etanol. Os primeiros passos interessados de Fidel Castro pelo álcool, que a indústria açucareira cubana produzia, datam de sua primeira visita à União Soviética. O plano para alcoolizar a população russa era vital para a KGB e Castro compreendeu, desde aquelas primeiras conversações em Moscou, que canalizar as frustrações de um povo ao consumo de álcool era uma magnífica solução para manter-se no poder, acusando depois de bêbados a todos aqueles oponentes que, de acordo com o caso, valesse a pena mencionar. Cuidado, Lula, que pode chegar a sua vez!

Em 1995, Fidel Castro e Dwayne Andreas (ADM) jantaram juntos na cidade de New York. Ali iniciaram planos para que o magnata do álcool investisse em Cuba e reciclasse a indústria cubana do açúcar. Andreas queria convertê-la em uma indústria puramente “energética”. Um ano mais tarde, já tinha “amarrado” o mecanismo para burlar o embargo de seu próprio país: uma subsidiária espanhola (Alfisca) construiria a primeira refinaria de álcool a partir do melaço de cana em Cuba. Por sua parte, Castro já havia militarizado a gerência da indústria açucareira. O álcool era agora um produto “estratégico”.

Não creio que tenha necessidade de dizer-lhes que Dwayne Andreas é também um amigo íntimo da família Bush, ou que na década que respiramos, o alto preço do petróleo e os ecologistas de Al Gore puseram o etanol produzido nos Estados Unidos em um altar sumamente atrativo para a ADM e colaboradores. O que certamente é necessário lembrar é que no ano de 2000 Humberto Cabezas, Chefe de Relações Internacionais do Ministério da Indústria Alimentícia de Cuba, dizia que a ADM não era um competidor de Cuba e Ramírez de Estenoz (Chefe da Seção de Interesses de Cuba nos Estados Unidos) já havia visitado seus quartéis generais em Decatur, Illinois.

É curioso que Maxine Waters e Barbara Lee (D-Califórnia), Sheila Jackson (D-Texas), Julie Carson (D-Indiana), Gregory Meeks (D-New York) e Earl Hilliardorff (D-Alabama) e os Pastores pela Paz, tenham estado presentes em uma feira de produtos norte-americanos em Havana que foi patrocinada pela ADM. E se digo curioso não é por ironia, senão porque ficou amplamente demonstrado que desde o mencionado jantar, Fidel Castro conta nos Estados Unidos, não só com um aliado energético “oposto” ao embargo, mas com um advogado de suas próprias políticas que, como ele, sabe comprar congressistas e senadores quando seja necessário.

Etanol e açúcares derivados do milho foram dois dos produtos mais subsidiados nos Estados Unidos dentro dos programas de ajuda alimentícia ao Terceiro Mundo. Daí vem a imensa riqueza de Andreas que agora, para maior prepotência, pergunta a seus lugares-tenentes na Europa se os políticos estão se atrevendo a fixar preços ao etanol. Curioso, repito, porque o interesse de Castro não é o de atacar o etanol como produto competidor, mas o de elevar os preços do petróleo (lembrem-se que Castro é co-proprietário do petróleo da Venezuela) como uma medida de força contra a soberania e o álcool que pudesse vender ao Brasil.

Tanto Castro quanto Andreas sabem que o capitalismo norte-americano é pura falácia. Só aqueles que não conhecem o poder dos granjeiros norte-americanos nas planícies centrais ignoram que mais da metade do território norte-americano orienta-se por regras socialistas (quase comunistas) de mercado centralizado. Nada de livre mercado, a não ser que os congressistas em Washington queiram prescindir de 35% dos produtos alimentícios que consomem a preços baixos. Se você prestar atenção, os sub-produtos da ADM estão presentes em mais de 30.000 artigos de consumo no mundo inteiro.

Praticamente não existe um biocombustível que não envie uma atrativa fração de seus lucros para a ADM. Começando pelo etanol na época de Jimmy Carter e seus subsídios via o “Energy Tax Act” (1978), e terminando com Bill Clinton e seus empurrõezinhos de última hora em 1996 (ver mais abaixo). Se você é um bom observador, verá como todos, inclusive esse sábio ecologista anti-etanol de última hora chamado Castro, pagam seus tributos à Decatur. A ADM não só produz o álcool que possibilita um Martini, uma vodka, um licor jamaicano ou o sabor doce da Coca Cola. As essências da ADM estão presentes inclusive, no oficialista Havana Club.

Castro sabe que com a ajuda do petróleo venezuelano seu governo pode tirar um pouco mais e Andreas sabe que a ADM pode sobreviver sem a colaboração do governo de Castro, porém eles estão convencidos de que uma simbiose como a de ambos é sumamente beneficiosa para enfrentar o Brasil. Ao fim e ao cabo, o verdadeiro capitalismo selvagem é unicamente possível lá onde uma bandeira vermelha e um sistema comunista se permitam o abuso de dirigir os destinos de um povo inteiro. A ADM sabe que o açúcar se vende como em uma mini-OPEC e Castro é expert na destruição de indústrias nacionalizadas e na imposição de preços.

Experts a meu alcance afirmam que a deterioração acelerada da indústria açucareira cubana nos últimos 10 anos parece um acordo entre a ADM e Castro, ante as ameaças de Clinton de levantar o embargo. O fim do embargo ameaçava deixar o ditador sem a comissão desses milhões de dólares que lhe reporta a cana de açúcar produzida no sul da Flórida. Pode parecer uma ironia própria de Machiavel, porém a ausência de Cuba no mercado norte-americano garante o mercado do álcool de milho que a Decatur produz. Os elevados preços impostos ao açúcar que se vende nos Estados Unidos, além de afetar o Brasil, protegem a ADM da competição regional e engordam as arcas do ditador.

Em 1996 (já mencionado acima) o presidente Bill Clinton ordenou que 30% dos postos de gasolina das cidades mais “contaminadas” vendessem produtos com etanol. Imediatamente (dizem que no dia seguinte), Bill recebia um cheque de 100.000 dólares da ADM. Andreas insistiu publicamente que o envio de dinheiro e a ação presidencial foram simultâneas por pura casualidade! Porém, todos sabem como Bob Dole propôs um subsídio de 54 centavos pela compra do galão de etanol e impulsionou a legislação do “Clean Air Act” de 1992, no momento em que seus vínculos com Andreas eram, além de comerciais (aquisição de hotéis), muito familiares.

A ADM, portanto, é uma multinacional vinculada ao etanol e aliada de Fidel Castro. Castro esteve muito interessado, no princípio, pelo etanol que a cana de açúcar pudesse produzir, porém Andreas o convenceu a investir na indústria biotecnológica. Em vez de reparar uma indústria açucareira que se encontrava em ruínas, a ADM preferia pagar aos cientistas cubanos para que lhe produzissem quimicamente um equivalente protéico ao que produz a soja.

Dwayne Andreas certamente ajudou Castro (no plano econômico e no político) em várias oportunidades, porém sei que o velho ditador pagou um alto preço por esses serviços. Bush foi “negociar” com Lula, porém manteve as quatro pernas do sofá onde repousa a ADM intocáveis: (1) a produção do álcool de milho continua subsidiada; (2) o etanol do Brasil, com acordos ou sem eles, continuará pagando altos impostos de importação; (3) o açúcar a importar (venha de onde vier) tem uma quota estabelecida e (4), a política energética já tem sua ata desde 2005. Isto quer dizer que, até 2015, sete milhões de galões de etanos da ADM deverão ser utilizados como “energia renovável” dentro dos Estados Unidos.

Em nível mundial os governos subsidiam a produção de etanol com somas que vão dos 6.3 a 8.7 bilhões por ano. A ADM controla 33% dessa produção. Tomando uma média de 7.5 bilhões, Andreas ganhará cerca de 2,2 bilhões, graças a essa ajuda governamental. Graças aos subsidiados esforços do ecologista Al Gore, o mundo se move para a produção de um de álcool que custa 2.8 dólares ao cidadão, enquanto que reporta um lucro líquido de um dólar a uma só multinacional: a ADM. Não esqueçamos que a ADM é o principal fornecedor dos biocombustíveis na Europa e que ninguém, nem mesmo os mais astutos economistas de Bruxelas puderam opor-se à sua invasão.

A ADM sabe que uma caduquice de Castro contra o etanol não passa de uma encenação. É apenas uma forma de consolo para o “beicinho” do tonto Hugo Chávez. Além disso, o etanol a partir da celulose de certas gramíneas já é um produto conhecido e os laboratórios de Havana, pagos pela ADM (?) trabalham por empreitada. Quando o produto se tornar comerciável, ou seja, dentro de muito pouco tempo, já não fará falta aos herdeiros de Castro contar com a depauperada Venezuela de Hugo Chávez. Então, veremos os venezuelanos com centenas de milhares de hectares de terras desmontadas e improdutivas, sem o açucar prometido por Castro, nem o etanol boicotado do Brasil.

E ainda há os que falam de ecologia e de fome... Por favor, agora permitam-me uma cervejinha de milho e um sorriso!